"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung
que mutilá-lo."Carl Jung
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Mais aula não resolve
Está todo o mundo tonto. Esse negócio de educação deficiente deu pano para todas as mangas. No redemoinho dos perdidos, o simplismo é "afundante".
O Pisa e testes que tais -que não parecem com o Enem, em vários sentidos, superior a eles- passaram a ser o padrão-ouro para se medir a escola. Aqui e mundo afora.
Li uma entrevista com o ministro da Educação da Dinamarca, no ano passado, e fiquei perplexo ao descobrir que a sua meta era subir no ranking do Pisa. Não bastava ter obtido um dos melhores resultados do mundo -ele era cobrado pela sociedade dinamarquesa para melhorar a posição na listagem.
O Brasil, há poucos anos, passou a se medir assim também. Como consequência, todos perguntam como fazer para subir no ranking (estamos na 53ª posição). Ora, descobrindo o que fazem as melhores escolas do mundo serem um sucesso.
Viramos súditos das respostas simplórias. Todos fazem estudos que demonstram que professores melhores e mais tempo em sala de aula dão resultado melhor. Como a questão de professores melhores é subjetiva, de uma "ululância" vexante, e que leva tempo (uma ou duas décadas) para se consertar, parte-se para o segundo item.
Assim, começa a grita pela escola integral e por mais tempo na sala de aula. Como se torturar a meninada com mais horas monótonas e mal pensadas fosse resultar em aprendizado duradouro. Que bobagem!
Isso não passa de um clichê, que serve para dar aos pais e aos políticos a sensação, idealizada, de que algo está sendo feito. O custo é altíssimo, e esse percentual a mais de PIB que iria custear um aumento de jornada deveria ser usado na reforma curricular.
Gilberto Dimenstein falou de uma escola na Califórnia, a Summit, que concede aos alunos dois meses, além das férias, para que escapem do tal do currículo. Com isso, essa escola pública é muito superior - em notas - àquelas que aumentaram suas jornadas. Claro.
No mundo que está por vir, com currículos baseados na web e abolição gradual do sistema conteudista, acrescentar horas de aula é quase um ato criminoso.
Essa dinheirama precisa ser redirecionada a fim de preparar as escolas para a revolução digital. Que, aliás, permitirá aos alunos surfarem questões em casa, em vez de acorrentá-los às carteiras.
Todo esforço tem de ser no sentido de alforriar a meninada, em lugar de achar maneiras de aumentar o "Febem-ismo". Com que mais tempo em sala, mais decoreba e mais tortura, nosso pequenos "guantanamistas" aparentarão melhorar?
Mas terão apenas se rendido, catatonicamente - como fazem os coreanos que se suicidam depois - à pobre conclusão dos que "pensam" o ramo: "se está ruim assim, vamos dobrar o mal e ver se melhora". Quanta preguiça macunaímica!
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