"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Insistem no erro - Insisto no alerta

A tática do governo, quando cai um integrante crivado pela corrupção, é considerar “café requentado” o que se comenta dele pós-tombo. Se alguém insiste em criticar um programa oficial, logo recebe o epíteto de “monotemático”. Como se a queda do cargo implicasse decadência do crime, não do delinquente; e pretender mudança de rumos numa política pública danosa fosse simplesmente “chatice dos cricris”. Pois o Palácio do Planalto pode aguentar que vou permanecer combatendo o dirigismo cultural, a doutrinação, enfim, o sistema que quer na cabeça dos jovens não conhecimento, mas uma boina com estrelinha. Os exames nacionais (Enem, Enade, Prova Brasil) recrutam militantes, como tantas vezes já denunciado, e há problemas também nos vestibulares das federais. Os mais recentes da Universidade de Brasília, como o 2011/2, mostram que a reitoria não está ali para brincar, mas para filiar. Seu serviço é legitimar o que o senhorio apregoa. Integrantes do governo distribuíram obras escolares ensinando a destruir a inculta e última Flor do Lácio, e confirmaram que o certo é se expressar errado. Restava à UnB completar o ciclo. Ou seja, quem conviveu com o equívoco no ensino médio se reencontra com ele na entrada da faculdade. Além de seis questões averiguando se o candidato concorda que o Português foi implantado no Brasil a marretadas, desrespeitando a fala de índios e o idioma dos imigrantes, vem a redação. Para se encaixar no tema, é preciso explicar que “a língua de um povo não se faz com preconceito nem com prescrição”. Tirou nota máxima quem reverberou os sons do Programa Nacional do Livro Didático. Afinal, é preconceito corrigir quem afirma “nóis vorta cum pêche”, conforme prescreve o politicamente correto. Falha igualmente ao fingir que avalia. O aluno estuda dia e noite sonhando com a UnB e encontra dez assertivas sobre instrumentos musicais egípcios e o pandeiro como membranofone e idiofone. Coitado de quem ignora a expressão facial no teatro “nô” e do trabalho corporal da arte cênica “kabuki”. O que essa vastidão de sabedoria tem a ver com a atuação dos acadêmicos de saúde e engenharia, nada foi dito nem perguntado. O restante dos textos imitou Enem e Enade: fazendeiros estão detonando (e não alimentando) o mundo e “índio em área demarcada assegura a biodiversidade dos ecossistemas” (vende a madeira e mata os bichos, mas tudo bem). Os próximos vestibular e Programa de Avaliação Seriada da UnB serão no início de dezembro. Está feito mais um alerta, apesar de o governo querer que esqueçamos. É outro estratagema que está falhando: mesmo submetidas à doutrina, as vítimas acabam de derrubar no voto os vassalos do esquema, mostrando que a instituição quer ser um lugar de aprendizado e pesquisa, não de cartilha e comício.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Displicência e Imprudência do Brasil na questão da Amazônia

Agora que o governo resolveu oficializar o desmembramento da Amazônia, oferecendo a terra sagrada a quem “pagar mais”, temos que voltar ao assunto, e com URGÊNCIA. Para isso nada melhor do que lembrar, repetir e republicar o que alguns bravos militares que conhecem a Amazônia a fundo falaram, escreveram, protestaram revoltados. Peço que se leia com atenção o que o coronel Figueiredo lembrou na ABI, mostrando como o mundo inteiro está esperando ganhar o Prêmio Nobel da Cobiça com o nosso território. E nós, ouvindo calados, com exceção de algumas vozes. 1981 – “A Amazônia é um patrimônio da humanidade. A posse desse imenso território pelo Brasil, Venezuela, Peru, Colômbia e Equador é meramente circunstancial”. Conselho Mundial de Igrejas Cristãs. 1983 – “Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios, suas fábricas”. Margareth Thatcher, ex-primeira-ministra da Grã-Bretanha. 1989 – “Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles mas de todos nós”. Albert (Al) Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos. “O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia”.François Mitterrand, ex-presidente da França. 1992 – “As nações desenvolvidas devem estender o domínio da lei ao que é comum de todos no mundo. As campanhas ecológicas internacionais sobre a região amazônica estão deixando a fase propagandística para dar início a uma fase operativa que pode definitivamente ensejar intervenções militares diretas sobre a região”. John Major, ex-primeiro-ministro da Grã-Bretanha. “O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes”. Mikhail Gorbachev, ex-presidente da Uniâo Soviética. 1994 – “Os países industrializados não poderão viver da maneira como existiram até hoje se não tiverem à sua disposição os recursos naturais não renováveis do planeta. Terão que montar um sistema de pressões e constrangimentos garantidores da consecução de seus intentos”. Henry Kissinger, Ex-Secretário de Estado dos EUA. 1996 – “Atualmente avançamos em uma ampla gama de políticas, negociações e tratados de colaboração com programas das Nações Unidas, diplomacia bilateral e regional de distribuição de ajuda humanitária aos países necessitados e crescente participação da CIA em atividades de inteligência ambiental”. Madeleine Albright, secretária de Estado dos Estados Unidos 1998 – “Caso o Brasil resolva fazer um uso da Amazônia que ponha em risco o meio ambiente dos Estados Unidos, temos de estar prontos para interromper este processo imediatamente”. General Patrick Hugles, chefe do Órgão Central de Informações das Forças Armadas dos EUA 2005 – “A Amazônia e as outras florestas tropicais do planeta deveriam ser consideradas bens públicos mundiais e submetidas à gestão coletiva, ou seja, gestão de comunidades internacionais”. Pascal Lamy, comissário da União Européia na Organização das Nações Unidas PS – Tudo que está publicado aí foi dito com bravura e competência pelo coronel Figueiredo na ABI. Não pedi autorização a ele, ao jornalista Mauricio Azedo, nem a ninguém, porque a luta não é individual e sim coletiva. Só com esforço redobrado, triplicado e atento podemos sair vitoriosos. PS 2 – Não custa repetir Charles Dickens em 1911: “Sou antiimperialista e apaixonado pela paz. Mas irei à guerra se invadirem o meu país”.

domingo, 27 de novembro de 2011

Da civilização helenística, os gregos conservaram viva uma tradição, a da tragédia

Acabou-se de concluir um acordo europeu muito favorável aos gregos, inesperado mesmo: o governo socialista de George Papandréou fez uma mudança de curso intrigante ao anunciar um referendo inesperado. Referendo que não vai acontecer, mas a questão permanece. Estavam preparados para que os gregos celebrassem a renúncia de metade de sua dívida, com poquíssimas condições incômodas. Que pessoas não se alegrariam com um tratamento tão benéfico? Não os gregos. Tentamos compreender. Existe uma primeira explicação quase racional sobre a tentação do referendo: o governo precisaria de um mandato democrático incontestável para impor ao povo grego as medidas austeras que exigem o acordo europeu e o reembolso das dívidas restantes no prazo. Outra explicação quase racional: o referendo poderia ser uma manobra de chantagem para obter da Europa não 50%, mas 60% de redução da dívida. Mas esses argumentos racionais não são muito persuasivos porque jamais os europeus, e sobretudo os parlamentares alemães, aceitariam uma redução de 60% que poderia colocar em perigo a existência dos bancos franceses. Ceder à chantagem grega encorajaria também os outros elos fracos da Europa, como a Itália e a Espanha, a não reduzir seu déficit público. Isso conduziria juntamente a Europa rumo à falência e a uma longa recessão. O referendo é necessário para que os gregos aceitem as medidas austeras, argumenta o governo de Atenas? Não acreditamos muito, porque o governo de Papandréou não aplicou, até agora, nenhuma das resoluções anunciadas em sua maioria socialista; em particular o programa de privatização, que não causaria nenhum impacto sério na vida cotidiana dos gregos. Deve-se, portanto, procurar uma explicação a esta tentação do referendo em decorrência da lógica econômica pura ou uma exigência democrática. Há, por trás da crise grega, um subtexto, um não dito, que esclarece tanto o projeto do referendo, como a tolerância dos outros europeus a um comportamento irracional dos gregos. A Grécia, em verdade, é constantemente ameaçada pela violência política das correntes extremas: uma extrema direita nacionalista e uma estrema esquerda revolucionária e marxista. A guerra civil de 1947-1949, que foi suprimida por uma intervenção militar anglo-americana, é um fantasma que assombra a sociedade grega; a ditadura militar de 1967-1974 é outro fantasma. Todos governos gregos e toda a comunidade política europeia são assombrados por dois espectros. A Grécia não é apenas uma ameaça para a estabilidade da zona do euro, ela é uma ameaça ao se considerar o princípio irreversivelmente democrático da Europa. A redução da dívida, como o referendo, são em grande parte tentativas para matar na origem a tentação da revolução marxista e a tentação autoritária. Isto vai ser o suficiente para reancorar a Grécia dentro do campo democrático? Não totalmente. O referendo, se tivesse ocorrido, teria sido jogado no fio da razão, o que teria perpetuado as não reformas se o Sim tivesse prevalecido. Ou ele teria feito a Grécia sair da zona do euro se o Não tivesse ganho. Falta na Grécia hoje uma Antígona [*] que diga a verdade: Antígona convidaria os gregos para debater publicamente o seu passado que não vai passar e explicaria como restaurar o drama reconduziria a Grécia ao Terceiro Mundo. Antígona explicaria que substituir a democracia imperfeita por um regime autoritário ou revolucionário privaria a Grécia de seus habitantes mais esclarecidos. Antígona, é verdade, acabou enforcada. [*] Antígona, personagem grega imortalizada na tragédia de Sófocles, que compõe parte da Trilogia Tebana. Filha dos incestuosos Édipo e Jocasta, Antigona enfrenta o despótico tio Creonte, tirano que assumiu o trono de Tebas após Édipo abandonar a cidade ao saber que sua esposa era sua mãe biológica. Ao pedir publicamente que o tio permitisse que ela enterrasse o corpo do irmão, através do argumento de que as leis sagradas não deviam ser ignoradas, acaba sendo condenada à morte: sua pena seria o sepultamento ainda viva. Antígona se enforca na versão de Sófocles. A comparação aqui é justamente por conta da coragem de Antígona de enfrentar um tirano e convidá-lo ao debate público sobre o caso de manter insepulto o corpo do jovem Polínice, algo inaceitável entre os gregos. Se era algo tão importante entre os gregos, porque Creonte não dera ouvidos à jovem sobrinha? Porque, como tirano, acreditava-se acima das leis. Essa coragem de dizer o óbvio apesar do risco é cada vez mais raro!

sábado, 26 de novembro de 2011

Uma proposta aos índios

Certo dia meu já falecido pai elaborou uma proposta para a solução dos problemas dos índios brasileiros: presentear cada um deles com um apartamento ou uma casa de alto padrão, e claro, mobiliada, inclusive com TV a cabo; uma caminhonete cabine dupla, um plano de saúde privado e uma renda vitalícia de dez mil reais, tudo isto para até a terceira geração! Tudo isto para acabarmos de vez com o estatuto que garante aos índios a tutela estatal e a inimputabilidade penal, bem como as gigantescas reservas de que dispõem, passando doravante a conviverem como os demais brasileiros civilizados, sujeitos ao regime da propriedade privada comum. O que você faria, nobre leitor? Como cidadão brasileiro, você aceitaria arcar com tamanha despesa em benefício das atuais populações indígenas? Pois olhe lá: eu pensei, pensei e pensei, e acabei chegando à conclusão que tal oferta até que me sairia barata! Vamos às contas: quanto nos custa a Funai? Quanto nos custa patrulhar e defender tamanho território utilizado pelas reservas indígenas, sem que haja uma contrapartida produtiva da parte dos índios? Quanto nos custa prover os índios com verbas para saúde pública e educação pública sem impostos? Quanto nos emperra o desenvolvimento as estradas sobre as quais eles detêm autoridade para fechar e cobrar pedágios e os boicotes que fazem a empreendimentos tais como a Usina de Belo Monte? Quanto nos custa o uso precário e degenerativo que os indígenas fazem de suas terras, e a evasão de divisas pelo contrabando de minerais e outros recursos minerais com a cumplicidade de ong's estrangeiras? Colocando tudo isto na ponta do lápis, tenho que até temos uma boa barganha! Sim, sou a favor desta ideia! No site da Agência Brasil de hoje, a manchete de destaque informa que os índios detêm os piores indicadores sociais da Amazônia. Resumo da história: mesmo sendo o alvo da atenção do governo e de ong's, e mesmo recebendo privilégios que jamais um brasileiro comum haveria de sonhar, o modo de vida parasitário dos índios só lhes resulta em miséria. O conceito do índio selvagem e desaculturado já deixou de existir, vigorando, se muito, em alguns grotões de dificílimo acesso, e mesmo assim não se constituindo senão de alguns poucos indivíduos. O índio comum gosta de remédio, roupa, TV com antena parabólica e falando sério, adora uma cerveja gelada. Aquela imagem de índios nus pescando e dançando juntos é propaganda da Natura. Sim, não vou dizer que não existe, mas hoje em dia é muito mais como parte do show da própria campanha em prol da manutenção deste mesmo estado de coisas. Trata-se de um esforço de afirmação e de um marketing publicitário-onguista. Portanto, já está mais do que na hora de o índio se integrar à sociedade, tratando de exercer uma atividade produtiva à sociedade e que lhe dê bom sustento, ao invés de ficar dependurado no estado como um carrapato. Muito ao contrário do romanticismo ideológico ambientalista, os índios não são os guardiões da floresta coisa nenhuma. São, sim, seus piores algozes. A coivara – a queimada que antecede a plantação da roça de mandioca – é uma invenção indígena, e não raro, por falta de meios adequados de controle, se transforma em uma calamidade que se alastra muito além do previsto. Suas técnicas de plantio exaurem o solo; a caça não tem condições de sustentar as populações, levando os animais à extinção, e a pesca é feita amiúde com a aplicação de venenos e com desrespeito aos períodos de acasalamento e desova. Não entendo por que os índios devam ser mantidos numa redoma. Todos os povos do mundo foram submetidos aos confrontos civilizatórios, e ao final, restou sempre algo de melhor. Será que os ingleses deveriam até hoje viver em cabanas de palha? Ora, era assim que viviam anteriormente à chegada dos romanos. E os portugueses? Não se tornaram os maiores navegadores do mundo, a primeira nação globalizada do mundo? Sim, mas para tanto se valeram de conhecimentos de matemática e de astronomia adquiridos dos árabes. Por que então os índios brasileiros precisam ser mantidos na idade da pedra polida? A Igreja católica, quando não tinha vergonha de sua missão, tirou milhares de almas das trevas da pré-história, e fez de muitos índios bons artesãos, bons artistas, bons agricultores e bons comerciantes e excelentes soldados. Quantas vidas há de ter salvo do infanticídio! Quantas vidas há de ter salvo das guerras tribais! Especialmente no norte do Brasil, há descendentes puros de índios que vivem muito bem, ocupando ofícios tais como o de médicos, juízes, funcionários públicos de alto escalão e empresários bem-sucedidos. Atualmente, graças aos esforços da Teologia da Libertação, a Igreja Católica pretende devolvê-los ao Neolítico e intoxicar-lhes com a sua pérfida doutrina de ódio à civilização. Por fim, meu único temor é o que de a oferta acima, caso efetivada, acabe ainda mais por prejudicá-los do que por ajudá-los. Certo dia, um amigo ventilou a ideia de que toda a pobreza da África poderia ser varrida pela simples transferência de uma parte da riqueza dos países ricos. Pensei então comigo: aí mesmo é que as guerras sem fim seriam deflagradas; aí mesmo é que a fome grassaria! Aí mesmo é que toda sorte de doenças fustigariam os sobreviventes. Aí mesmo é que se implantariam os tiranos mais cruéis e genocidas. Seria a aniquilação total do povo africano...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O Poder Sobrenatural do Crack

Algum tempo atrás, um cidadão aparentando ter pouco mais de trinta anos vagava pelas ruas centrais de Porto Velho, como de costume, pois noutra vez eu já tinha observado os seus passos nas mesmas cercanias. Mostrava estar triste e deprimido como nunca, talvez como sempre. O dia de sábado era como outro qualquer na sua vida e na vida da cidade, pois o vento que soprava quente era o mesmo, o sol abrasante e causticante a tudo esquentar era o mesmo, as pessoas indiferentes, passando de um lado para o outro das ruas e nas calçadas, afastando-se do citado cidadão em misto de medo e asco eram as mesmas, a agencia bancaria a qual ele entrara era também a mesma. Entretanto, aquele carrancudo cidadão, barbudo, cabeludo, sujo, maltrapilho, esquelético, parecendo seriamente doente me lembrava de alguém, alguém conhecido, alguém que um dia já mantivera algum tipo de contato verbal comigo, mas, por mais que eu tentasse me lembrar de quem seria aquela misteriosa pessoa não conseguia. Demasiadamente curioso, dessa vez olhei mais demoradamente para aquele estranho e intrigante cidadão enquanto ele tirava dinheiro no caixa rápido do banco no mesmo instante em que as outras pessoas que ali estavam presentes trataram de fugir do recinto pensando ser ele um assaltante, um bandido ou delinquente qualquer, talvez um maluco andarilho. Ele não demonstrou surpresa pelo fato das pessoas assim agirem. Parecia acostumado com isso, com essa humilhação. Sabia que a sua aparência era assustadora. Apesar de saber que não era um marginal, parecia não estar ali naquele momento, noutro mundo, não ligar para o que acontecia a sua volta. Parecia nada temer, talvez se a Terra explodisse para ele seria normal. Temia somente um novo ataque de bronquite que se avolumava no seu pulmão devido à tosse grossa e pesada que insistia na sua garganta a fazer tremer a sua longa e imunda barba que carregava em igual modo com o seu cabelo escarafunchado e embuchado tal qual uma casa de cupim. As suas perspectivas eram as piores possíveis. Certamente mergulhado em pensamentos pessimistas, nem sequer notou que eu sem disfarçar tanto olhava para ele querendo me lembrar de onde o conhecia, até que o guarda do banco chegou de um possível cafezinho e me falou: - Tá vendo o que o crack faz? ... Ele era um Advogado!... Foi aí que tudo emergiu, veio à tona; foi ai que tudo me chegou à mente; foi ai que o mistério foi revelado; foi ai que pude decifrar todos seus segredos; foi ai que vi o quanto o destino das pessoas pode ser cruel para uns e bondoso para outros; foi aí que eu vi aquele cidadão, antes promissor Advogado conversando comigo em algumas oportunidades nos corredores do Tribunal de Justiça e em Delegacias para onde conduzi pessoas, a serviço, assuntos relacionados a Processos criminais ou Inquéritos policiais. Foi aí que me lembrei de uma reportagem que um jornal fez sobre uma mãe em desespero querendo libertar o seu querido filho, estudioso, carinhoso, alegre e feliz com a vida, então Advogado preso nas garras do crack; foi ai que soube que os familiares desse cidadão tentavam interná-lo em clinica apropriada, mas ele se recusava tal tratamento por conta do poder avassalador e sobrenatural do crack que o arrastava cada vez mais para o fundo do poço. Foi ai que lembrei que aquele Advogado entrou no imundo mundo do crack por conta de ter se envolvido com um traficante após conseguir sua liberdade na Justiça; foi ai que lembrei da citada matéria jornalística dizendo que aquele Advogado se desfez do seu escritório, do seu carro, dos seus bens, vendendo ou trocando tudo pelo crack ou para pagar dívidas com traficantes; foi ai que eu senti que aquele cidadão abandonou a sua casa e passou a morar no submundo da sociedade de Porto Velho, nas ruas, no mercado central, nas marquises dos prédios ou em pensões baratas junto à prostituição rasteira, com seus iguais, pelo crack e para o crack. Foi ai que eu imaginei que aquele cidadão então sobrevivia de algum dinheiro que ainda restava da venda dos seus bens, ou quem sabe, de depósitos efetuados por familiares na sua conta bancaria; foi ai que eu vi que um cidadão bem vestido, alinhado, com terno, paletó e gravata impecáveis pode se transformar num mendigo, num zumbi, num morto-vivo; foi ai que eu vi que a vida daquele cidadão era somente o crack. Certamente sentindo-se arrasado, desesperado, impotente para resolver o seu próprio infortúnio, o seu calvário, lançando um olhar no passado esse cidadão, antes feliz Advogado, viu o rumo errado que tomou, mas não teve forças para voltar atrás, Não queria se curar, não admitia tratamento porque o crack era mais forte do que a sua vontade, o crack era mais forte do que ele. O seu presente era só o crack, o crack como o senhor do seu viver, o crack como seu dominador, o crack como destruidor da sua família, o crack como aniquilador da sua vida. Crack e desgraça são indissociáveis e quase palavras sinônimas. O crack é o grande mal do século, o mal dos males, a pior de todas as drogas, que se não for um mal de que todos nós estejamos esclarecidos, irá nos afetar em qualquer momento de nossa vida ou na vida de quem mais amamos, como de fato aconteceu com esse cidadão e sua família, um jovem que estudou nos melhores colégios, que teve boas amizades, que se formou em Direito, que se tornou um Advogado, que tinha um bom escritório, que pretendia ser juiz (por isso adormecia em cima de livros de tanto estudar), que tinha um bom futuro pela frente, mas que por ironia do destino, pelo poder sobrenatural dessa droga, tudo trocou pelo crack. Rodeado e instado pelos sentimentos humanitários de enternecimento, compaixão e piedade, até porque sempre fui dos maiores combatentes do crack, tanto na área repressiva quanto preventiva, com prisão de traficantes na minha carreira policial e vários artigos de minha autoria pertinentes ao tema publicados em meu blog, logo pensei em falar com ele, oferecer algum tipo de ajuda moral, espiritual, mas seu olhar sisudo e com possibilidade de algum tipo de agressão me afastaram, me reprimiram até porque ele também não me reconheceu. Entretanto, todas as vezes que caminho pela citada área de Porto Velho, procuro em vão e insistentemente com os meus curiosos olhos pelo triste cidadão entre os inchadinhos de cachaça ou barbudinhos zumbis do crack em muitos espalhados pela redondeza. Se o cidadão aceitou fazer tratamento, se fez ou faz tratamento em clinica de recuperação não sei, só sei que é isso que espero, do fundo do meu coração. Assim, um dia espero ver aquele alegre Advogado de volta aos corredores do Tribunal de Justiça ou em Delegacias defendendo os seus clientes, menos os traficantes.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Memento, asine, nomina stultorum scribuntor ubique locorum

Esse latinorum todo fazia parte do trote dado aos calouros da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (falo de causo acontecido no final dos anos 70 do século passado...). Era o que estava escrito no Diploma de Burro que um amigo recebeu e teve que assinar! Não se assustem que não vou embrenhar pelo caminho muito frequentado pelos meus contemporâneos: “no meu tempo...”. Pelo simples motivo que meu tempo foi ontem, é hoje e será amanhã enquanto eu tiver a ventura de estar vivo. Na escola não tínhamos tias. Tínhamos professoras e professores. Supermercado era novidade e as compras da casa eram feitas no armazém e anotadas em um caderno. A mínima suspeita bastava para o freguês abandonar aquele estabelecimento. O caderno tinha que ser a expressão da verdade. Qualquer objeto novo encontrado em nosso quarto, ou pasta escolar, ou bolso, uma borracha, um lápis, um apontador, era investigado como se fosse uma bomba prestes a explodir e no dia seguinte devolvido à professora. Mentir para pai e mãe era um pecado para ser confessado ao padre antes da comunhão... Com isso quero dizer que a geração que antecedeu a minha não tem culpa. Bem que tentou. Às vezes lembro-me do Irmão Bruno, do Irmão Ricardo ou do Irmão Chiquinho, professores lassalistas do Colégio Gonzaga, lendo em voz alta a Oração aos Moços numa daquelas assembléias semanais. Nós achávamos muito, muito chato. Hoje acho que além de chato, que me perdoe o espírito de Ruy Barbosa, aquele célebre texto foi prejudicial porque acendeu a luz errada em nossas mentes: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. Pois foi. O brasileiro desanimou e de repente, não mais que de repente, sem soneto divino, em prosa rasteira mesmo, entramos no reino da rebimboca da parafuseta. A conclusão: o redator do Diploma de Burro, creio eu que anônimo, era um gênio. "Memento, asine, nomina stultorum scribuntor ubique locorum..." Dia 17 nós, brasileiros de todos os tamanhos, feitios e cores recebemos nosso Diploma de Burros das mãos dos Três Poderes. Carlos Lupi não mentiu. Nós é que o compreendemos mal. Ele jantou em casa do Adair, voou pelos céus do Brasil com o Adair, deu uma pequena ajuda de milhões às ONGs do Adair, mas ele não tem relações com o Adair. Não são nem conhecidos! O Diploma de Burros nos foi dado a todos nós ontem: "Lembre-se, asno, o nome dos idiotas está escrito por toda parte". Simbora assinar!

Uma crítica à direita

Quem leva a pecha de “direitista” decerto sofre ou já sofreu com a solidão de suas ideias. Em terras tupiniquins, saiu de moda acreditar que os ideais de liberdade estão além de qualquer desmande governamental. Não partilhar dos delírios adocicados de um Estado paternalista, segundo nossos muitos esquerdistas, é ser conservador – outra pecha que denota as confusões terminológicas dessa intelligentsia. Mas este texto não tem como alvo essa camada de nossa intelectualidade. Pelo contrário, dirige-se aos que partilham de ideais opostos. Falo aos defensores do capitalismo, este fruto da liberdade e da livre iniciativa do homem. É constatação comum no Brasil o fato de que a chamada “direita” é vista com maus olhos por diversos setores sociais. Isto se dá pela lembrança distorcida da Ditadura Militar, acontecimento recente de nossa história. O termo “direita” – nome empregado com vistas a definir conservadores e liberais – passou a ser negativo. Ser de direita, para os brasileiros, é ser defensor do regime totalitário ocorrido no Brasil. Outro problema, talvez pior para um jovem de direita, repleto de ideais, é ser vinculado a pessoas que nada tem em comum com qualquer tipo de ideologia. Tempos atrás, ainda na graduação, um professor tomou conhecimento de minha linha ideológica e não se furtou de fazer graça: “Você é da turma do Maluf, então?”. Talvez seja essa a imagem que o professor faz da direita: fisiologismo, corrupção, mau-caratismo etc. Mas não o culpo por isso. A direita – a ideológica, digo, como se houvesse uma que não o fosse – praticamente não existe em nosso cenário político. Dias atrás, no blog de um jornalista, deparei-me com uma crítica bastante consistente acerca dos partidos políticos brasileiros. Num texto em que defendia que a formação política é imprescindível tanto para a direita quanto para a esquerda, o autor notou que apenas um partido – e de esquerda – disponibilizava textos aos que visitassem sua página na internet. Como de direita, o blogueiro citou erroneamente o PSDB. Mas o caso é que a solidão dos homens posicionados à direita dessa espécie de tabuleiro que mede o perfil ideológico de cada um espraia-se ainda mais quando levamos em conta a ação política. Diria que há muito mais de fisiológico do que de ideológico nos 27 partidos brasileiros. Contudo, as legendas de esquerda ainda mantém alguns de seus ideais. Se comparássemos as ações de nosso maior partido considerado de direita, o Democratas, com as do Partido Republicano dos Estados Unidos, haveria uma colossal diferença (Não esqueço que o DEM votou pelo fim do Fator Previdenciário e pelo aumento de mais de 7% aos aposentados, com claros indícios de que isso aterraria a economia do país). Se na política, contudo, a direita continua sendo sinônimo de Maluf e DEM, fora dela há uma crescente associação de estudantes, jornalistas, artistas e intelectuais simpáticos a essa ideologia. Além do Instituto Liberal e do Ordem Livre, o Instituto Millenium e o Movimento Endireita Brasil, entre outros, estão fazendo avanços e pondo fim, paulatinamente, no medo de ser “de direita” que é suscitado nos jovens brasileiros desde o Ensino Fundamental. Falta agora que toda essa mobilização ganhe repercussão em nossa política. Hora de sair do âmbito teórico e desembarcar de vez na prática política. Quem sabe as milhões de abstenções ocorridas nas últimas eleições não foram um sinal de que faltam exemplares dessa tal direita dignos de voto.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Do pré-natal ao túmulo

Pensadores filosóficos, históricos, políticos, jurídicos etc. compreendem o Estado como objeto de saber e nele reconhecem elementos essenciais: soberania, território, povo e finalidade. Desses, a teleologia suscita maiores controvérsias, porém, desde o ponto em que o ser do homem é movido por fins e o Estado, sua obra, exsurge, conseqüentemente, o sentido finalístico estatal. Os pensadores que refletem a partir dos modelos mentais baseados nas ideologias de esquerda, “progressista”, “moderna”, perfilham-se entre os defensores do Estado como agente finalístico de superação da “luta de classes” e criador do novo homem, do homem modelar, do homem ideal. Por outro lado, os pensadores que raciocinam desde os modelos mentais alicerçados nas ideologias de direita, conservadora, clássica, adotam o Estado como instrumento de realização final do homem que há, com seus vícios e virtudes. Valho-me, pois, da minha percepção de que o Estado existe para esse homem, com o propósito de asseverar que a sua finalidade essencial deve ser garantir os valores existenciais, gerais e universais da vida, da liberdade, da propriedade etc., imprescindíveis ao pleno desenvolvimento humano. Esse desiderato estatal concretiza-se mediante vetores de ação albergados pelos verbos: permitir, proibir, obrigar, cuja medida justa é sobremaneira difícil de encontrar, à proporção que podem implicar riscos aos próprios valores que devem assegurar. Almejando que se vá além de assegurar tais valores, abre-se enchança para o Estado expandir, de modo ilimitado, seu campo de ação, convolando-se, destarte, em grave ameaça àqueles valores, que originariamente deveria assegurar. Expansão e respectiva ameaça que se substanciam em vetores de ação representados pelos verbos: controlar, regular, prestar, que se aproximam de se realizar em danos efetivos, conforme o Estado – sob a autojustificativa de necessitar de mais amplos e eficazes poderes para assegurar aqueles valores existenciais, gerais e universais – alarga, desmesuradamente, os seus campos de atuação, embora não sem negligenciar severamente as suas competências clássicas de permitir, proibir e obrigar. Qual então a finalidade elementar do Estado brasileiro? Socorro-me do preâmbulo da nossa Carta Constitucional, mediante o qual o Poder Constituinte brasileiro estabelece legitimamente o compromisso seu, da sociedade e do Estado com os valores da Democracia, dos direitos individuais, da liberdade, da segurança etc. Eis pertinente questão: o Estado brasileiro tem cumprindo o seu dever constitucional de garantir a segurança dos os valores existenciais, gerais e universais da vida, da liberdade, da propriedade etc., indispensáveis ao pleno desenvolvimento de cada brasileiro? Não. Exemplo que, infelizmente, ratifica de modo categórico essa resposta: consoante o Mapa da Violência publicado pelo Ministério da Justiça: de 1988 a 2008, foram assassinados, no Brasil, 522.092 pessoas, média de 47.462 pessoas por ano, 130 por dia, no período. Malgrado a resposta seja não, não cumprindo sua finalidade elementar, ordenada pela Constituição da República, o Estado brasileiro, confessando a sua absurda ineficiência em cumprir a sua finalidade básica, resolve selecionar, entre os mortos de hoje e os marcados para morrer amanhã, as pessoas cujas vidas merecem mais valor do que outras. Nessa perspectiva, observa-se que, nas duas últimas semanas, cinco pessoas teriam sido mortas em decorrência de supostos conflitos agrárias, fundiárias e ambientais na região norte do país. Tais mortes, porque úteis ao proselitismo político do momento, motivaram extraordinária mobilização do governo federal, envolvendo ministérios, Forças Armadas, órgãos ambientais, polícias, ONGs, imprensa etc. – a despeito do discurso governamental autoexculpante de sempre, no sentido de que a insegurança pública é problema dos governos estaduais –. Mágica e solertemente, o esclarecimento desses seis homicídios e a punição dos criminosos ganhou contornos de questão de Estado. Todavia, no mesmo período, foram assassinadas, pelo menos, outras 1950 pessoas, cujas mortes não têm importância política, poucas serão esclarecidas e os autores penalizados; somente números na macabra estatística de quase 50 mil mortes anuais, objetos de futuros estudos e mapas da violência. Como se não bastasse, depois de receber uma lista, com pedido de proteção, apontando quase duas mil pessoas alegadamente marcadas para morrer, que integrariam “movimentos sociais”, o governo federal respondeu que não tem condições de garantir proteção a todas, somente a algumas “lideranças”, aquelas mais importantes e submetidas a maiores riscos. Iníqua escolha, sobretudo, à luz da Constituição Federal, o Estado brasileiro não deve garantir a vida de algumas pessoas selecionadas politicamente, mas de todos os milhões de brasileiros, inclusive daqueles milhares sem pedigree político, que serão, desgraçadamente, assassinados durante este ano. Todavia, apesar da indesculpável omissão de cumprir sua finalidade elementar, o Estado brasileiro, cada dia mais, arvora-se capacitado para regular, controlar, prestar tudo que é necessário ao cotidiano dos brasileiros, do pré-natal ao túmulo.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Um caso crônico de decadência

A América Latina é rica em exemplos de países que falsamente se colocaram como descobridores de algum caminho econômico novo. Como se novas teorias brotassem em terras latinas e, pior, com a crença de que de fato funcionam. Nós mesmos já fizemos muita arte desse tipo, valendo lembrar aqui os nada saudosos anos 80. Mas é impressionante como alguns países se superam na arte do autoengano econômico. A Venezuela é um desses casos, mas ninguém em sã consciência acredita que algo do que se faz lá seja válido. E a Argentina novamente dá o exemplo que o temerário em economia pode ser beneficiado através da reeleição. A escolha para um novo mandado para a presidente Cristina Kirchner validou um modelo esquizofrênico de curto prazo com data de validade para acabar. Pode ser creditado às débeis instituições latinas que permitem esse tipo de superpresidencialismo que, no caso argentino é ainda mais crítico quando lembramos que mesmo o Supremo Federal daquele país já não tem tanta independência assim desde os tempos de Peron. O que incomoda no caso argentino não é apenas o voto de confiança num modelo sem futuro, mas como ele ainda consegue atrair bons olhos de certa parte da comunidade acadêmica latino-americana. Fazem parte desses adoradores aqueles para os quais tudo numa economia se resume a juros e câmbio. Para essa turma mais heterodoxa um país estará sempre sem perspectivas porque os juros são elevados e o câmbio apreciado. Qual a solução? Muito simples, deprecie o câmbio de forma sustentável e baixe forçadamente a taxa de juros, nem que para isso precise trocar várias vezes o presidente do Banco Central. A Argentina fez isso e colheu o resultado, que é uma inflação de 30% ao ano que tira qualquer capacidade de previsibilidade para os empresários daquele país ao mesmo tempo em que gera desconfiança irrestrita dos agentes internacionais. Como confiar num país que em uma década deu dois calotes e um índice de inflação fajuto, caso único na economia mundial hoje? Por conta disso, a Argentina apenas conseguiu crescer com duas coisas: as reformas que foram feitas nos anos 90, mais intensas que as nossas e, também por isso, logrando mais crescimento na década passada; e políticas de curto prazo, muito mais bizarras do que as nossas, que passaram por uma reestatização da previdência social para ser utilizada em gastos sociais correntes. Já gastaram as reformas de longo prazo do século passado e não tem mais recursos fiscais extras de onde tirar. Até os exportadores já pagaram a conta com impostos elevados sobre as commodities. É inevitável imaginar que o país não terá mais capacidade doméstica de crescimento que não passe por gerar inflação permanentemente através do déficit público que se criará. Para manter a estrutura peronista, a política fiscal extensiva é a única alternativa e, nesse momento, ela nada mais é do que inflacionista. Tem quem goste disso, acha bonito crescer 9% mesmo com inflação de 30%, um detalhe. Mas o diabo não mora nos detalhes?

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fábrica de Militantes

As manifestações ocorridas na USP demonstram a total falência da educação superior no país. Estudantes exigindo o fim do policiamento para que possam consumir drogas sem serem incomodados nos dão uma amostragem do que podemos esperar para o futuro da nação. Eis nossos intelectuais, nossos humanistas do amanhã. Não é surpresa alguma que os manifestantes sejam oriundos da faculdade de filosofia, letras e ciências humanas. É ali que está o pólo disseminador da militância política que se instalou em todos os campus universitários do Brasil, cuja fonte está na USP. Não se formam mais pesquisadores ou professores, mas apenas replicadores socialistas cujo objetivo é manter o pensamento de todos sobre cerrado patrulhamento. Os alunos desta faculdade são invariavelmente preparados para comporem a nova geração da militância intelectual que legitimará suas opiniões baseados em diplomas que lhes conferem títulos que não possuem, especialmente o de "filósofos", como se o mero conhecimento das escolas de pensamento fosse suficiente para que um indivíduo se torne um filósofo. É o mesmo que dizer que alguém formado em letras passa a ser automaticamente um escritor. Quem toma esses protestos como surpreendentes fatalmente encontra-se alienado da realidade brasileira. A USP há muitas décadas deixou de ser um pólo irradiador de conhecimento e alta cultura para se tornar formadora de think tanks(1) da ideologia socialistas, fundamentais para a continuação do processo gramscista no Brasil. Em seus bancos escolares não são produzidos intelectuais capazes de raciocinar sobre o contexto mundial com suas ameaças religiosas e ideológicas à sobrevivência de nossa sociedade, mas repetidores de uma doutrina hegemônica. A eles cabe a tarefa de consolidar cada vez mais o processo de corrupção moral que se instalou no país, legitimando cada vez mais questões sobre as quais a sociedade brasileira, majoritariamente conservadora, possui um pensamento formado como a religião, o homossexualismo, o aborto, a legalização das drogas e afrouxamento da legislação penal. Estes novos rebeldes sem causa são parte da continuação do processo da chamada "transformação social", que nada mais é do que modificar o pensamento individual por um falso pensamento coletivo para atingir interesses de minorias que passam a estar acima da lei, da moral, da família e da religião. E ali, nos parques e corredores da USP, está reproduzido num microcosmo o que a futura "elite intelectual" encontrará no restante do país. Esta afirmação é facilmente comprovável. No instante em que os manifestantes vermelhinhos pediam o fim do policiamento, grande parte dos estudantes se mostravam contrário a esta atitude. O problema é que estes não tem algo fundamental para que sejam ouvidos: apoio político. Os DCEs espalhados pelo país nada mais são que postos avançados da ideologia marxista responsáveis por insuflar as mentes fracas e maleáveis de adolescentes que perderam noções básicas de responsabilidade, autoridade, disciplina e justiça. O fato fica ainda mais evidente quando professores e alunos se unem em torno de algo que vai de encontro a qualquer análise lógica acerca do ocorrido. Todos querem fumar um baseado, e não pestanejam em trocar sua própria segurança pela oportunidade de se evadirem da realidade pelos efeitos entorpecentes causados pela maconha, comprovadamente psicotrópica apesar de estudos fajutos que revelam o contrário. As atitudes desses estudantes refletem, também, o ambiente no qual foram criados. Seus pais são impedidos de utilizar sua autoridade, seja pela coação estatal, seja pelo doutrinamento ideológico que eles mesmo carregam. Assim, noções de justiça, como o receber pelo que se trabalhou ou estudou; autoridade, respeitando as leis, regulamentos e as pessoas que os representam quer sejam forças policiais ou professores; responsabilidade, responder pelos próprios atos; e disciplina vão sendo cada vez mais perdidas. Seus cérebros, fritados por uma produção artística, cultural e jornalística de viés completamente socialista, os tornam rebeldes sem causa. Comentem crimes, como dano ao patrimônio público, cientes de que sairão impunes porque fazem parte de um dos grupos que tem direito a quase tudo. Fazem de sua atividade uma profissão, chegando a declarar greve estudantil (!). Tempos atrás todos estariam expulsos da universidade. Afinal, este é um lugar para estudar, ganhar conhecimento e desenvolver o raciocínio e não pra se fazer militância política. Infelizmente, o papel das instituições de ensino superior tomaram o rumo inverso. Do alto de sua total falta de caráter e responsabilidade e do dinheiro gratuito e imerecido que recebem de seus pais, estes estudantes não tem nada a temer. São uma minoria apoiada por uma estrutura partidária consolidada dentro dos portões de nossas universidades. No DCE, possuem a legitimidade política, sendo este um verdadeiro comitê partidário. Em seus professores, a base ideológica para suas revoluções. Muitos são apenas massa de manobra, cujo objetivo é semear a discórdia e o atrito entre instituições ditas "burguesas" como a polícia e a população, condição fundamental para a continuidade de nossa realidade socialista. Outros são identificados e preparados para se tornarem futuros líderes em sua área de "conhecimento". Assim, seguimos caindo cada vez mais rápido no abismo da incultura, corrupção e violência. E ainda me criticam quando digo que este país não tem solução (1) O conceito de think tank faz referência a uma instituição dedicada a produzir e difundir conhecimentos e estratégias sobre assuntos vitais – sejam eles políticos, econômicos ou científicos. Assuntos sobre os quais, nas suas instâncias habituais de elaboração (estados, associações de classe, empresas ou universidades), os cidadãos não encontram facilmente insumos para pensar a realidade de forma inovadora. Os think tanks, portanto, não fazem o menor sentido em sociedades tradicionais, onde os problemas e as soluções são sempre os mesmos por definição. Nas sociedades modernas e cada vez mais complexas, porém, há a necessidade de espaços que reúnam pessoas de destaque, com autonomia suficiente para se atreverem a contestar criativamente as tendências dominantes, especialmente quando elas se tornam anacrônicas

Comissão aprova regulamentação da profissão de historiador

A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público aprovou proposta que regulamenta o exercício da profissão de historiador. De acordo com a proposta, historiador é o profissional responsável pela realização de análises, de pesquisas e de estudos relacionados à compreensão do processo histórico e pelo ensino da História nos diversos níveis da educação. O texto aprovado é o Projeto de Lei 7321/06, do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que tramita apensado ao PL 3759/04, do ex-deputado Wilson Santos. A relatora, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), recomendou a aprovação do projeto apensado, com emenda, e a rejeição do projeto principal. Segundo ela, os projetos regulam a matéria em termos análogos, mas o PL 7321/06 não obriga o Poder Executivo a criar conselho de fiscalização do exercício profissional, como faz o PL 3579/04 – o que é inconstitucional. “Tais conselhos são considerados autarquias especiais e só podem ser criados por meio de lei de iniciativa do Presidente da República”, explica. O PL 7321/06 prevê, porém, a inscrição do historiador em conselho de fiscalização do exercício profissional. A emenda da relatora retira essa previsão. Profissionais habilitados: Segundo o projeto, poderão exercer a profissão de historiador no País: - quem tiver diploma de nível superior em História, expedido no Brasil, por instituições de educação oficiais ou reconhecidas pelo governo federal; - os portadores de diplomas de nível superior em História, expedidos por escolas estrangeiras, reconhecidas pelas leis de seu país e que revalidarem seus diplomas de acordo com a legislação em vigor; - os diplomados em cursos de mestrado ou de doutorado em História, devidamente reconhecidos; - os que, na data da entrada em vigor desta lei, tenham exercido, comprovadamente, durante o período mínimo de cinco anos, a função de historiador. Para exercerem as funções relativas ao magistério em História, os profissionais deverão comprovar formação pedagógica exigida em lei. Atividades A proposta também define as atividades e funções dos historiadores, entre elas: - planejar, organizar, implantar e dirigir serviços de pesquisa histórica, de documentação e informação histórica - planejar o exercício da atividade do magistério, na educação básica e superior, em suas dimensões de ensino e pesquisa; - elaborar critérios de avaliação e seleção de documentos para fins de preservação; - elaborar pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre assuntos históricos - assessorar instituições responsáveis pela preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural (museus, arquivos, bibliotecas). Tramitação A matéria segue para a análise, em caráter conclusivo, da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

domingo, 20 de novembro de 2011

POLÍTICOS PROFISSIONAIS BANDIDOS

Durante a Fraude da Abertura Democrática nossa sociedade foi gradualmente dominada pela classe dos políticos profissionais que fazem de uma carreira para servir a quem os elege e que paga seus absurdos salários e mordomias, um projeto de poder desonesto, visando, em sua maioria, a prática do ilícito moral e financeiro que tem feito milionários sem parar - os corruptos e seus cúmplices. De estelionato em estelionato nos pleitos eleitorais, uma classe cada vez maior de corruptos, subornadores, subornados, prevaricadores e seus assemelhados, foram se afirmando como vereadores, deputados, senadores e presidentes da República, com uma sólida base de apoio nas relações públicas e privadas corrupto-corporativistas, para que as oligarquias e as burguesias de ladrões fizessem do poder público um covil de bandidos, e a política se transformasse em um instrumento do processo de absurda degeneração moral da sociedade. Esse projeto criminoso e genocida assumiu contornos mais nítidos, de um caminho talvez sem volta, durante a Fraude da Abertura Democrática em que milhares de ratos da corrupção deixassem os porões mais escondidos em que estavam durante o Regime Militar e viessem à luz do dia iniciar um lento, mas persistente processo de destruição do país, através de suas infiltrações no meio jornalístico, acadêmico, estudantil e no meio artístico. Infelizmente o DNA da formação social do país, desde o seu descobrimento, tem feito prevalecer o imoral, o aético, a leviandade, a mentira, a falsidade e todos os correlatos da canalhice dos esclarecidos, desgastando durante toda a nossa história o esforço e as tentativas feitas por poucos para evitar que o país chegasse ao ponto de se tornar um Paraíso de Patifes. Após transformarem o poder público em um covil de bandidos a canalha da corrupção, simultaneamente, tratou de unir os podres Poderes da República com o Poder Executivo no comando direto ou indireto de gangues, que através da prostituição da política transformaram a capital do país em um bunker de bandidos da corrupção, que irradia sem controle suas teias de influência degenerativa das relações públicas e privadas pelo resto do país. Vivemos uma farsa de democracia em que as raízes da discordância e dos protestos são podadas pelo assistencialismo aos ignorantes e o suborno dos canalhas esclarecidos. Temos liberdade, menos a de lutar nas ruas, de maneira dura e organizada, para que o poder público não continue sendo um preferencial empregador – temporário ou efetivo – dos maiores canalhas que se tem notícia na história do país, um verdadeiro covil de bandidos próximo de garantir a impunidade da gangue dos quarenta e um, os bandidos que fizeram da casa do povo – o Congresso Nacional – um refém e aliado dos pulhas da política profissional que toma conta do país, e que recebem ordens de centenas de “disfarçados” emissários do Poder Executivo. Estamos reféns dessa gente sórdida que continua humilhando as Forças Armadas – com o suborno moral ou financeiro já pautando inexplicáveis e inaceitáveis posturas de comandantes – e transformando a Justiça do país, principalmente através de seus Tribunais Superiores, em um instrumento de absurda impunidade dos que controlam ou trabalham para o covil de bandidos em que foi transformado o poder público. Temos somente uma saída: a união patriótica de militares e civis com as bandas boas da polícia civil, militar e federal, para reverter a procriação dos filhotes do comuno sindicalismo corrupto que nos legou essa corruptocracia fascista civil que bate já às nossas portas, destruindo nossos sonhos de vivermos em um país decente, com um poder público que não seja mais um covil de bandidos, mas sim de homens e mulheres que cumpram com honestidade, ética e dignidade seus verdadeiros objetivos perante a sociedade que os sustentam. As forças policiais e militares que estão invadindo guetos e favelas, prendendo ou matando as vítimas de uma sociedade feita covarde, corrupta e sem vergonha pela Fraude da Abertura Democrática, deveriam cercar Brasília para prender ou matar os verdadeiros bandidos, políticos profissionais e seus cúmplices, todos responsáveis diretos por milhares de mortes durante a Fraude da Abertura Democrática que ainda persiste. O serviço sujo do petismo está quase completo a partir do fato de que as antigas caras-pintadas, que fingiam lutar contra a corrupção, hoje querem fazer dos campos universitários centros de livre consumo de drogas, além de palco para a prostituição de valores em todos os sentidos. Com uma Justiça que garante a impunidade dos corruptos e seus cúmplices, sem promover o cerco a Brasília talvez não tenha nada mais a ser feito, além do que esperar o resultado final da invasão dos bárbaros do PT, e depois reconstruir, dos escombros de um sórdido e genocida projeto de poder, nossos sonhos de liberdade, justiça social e de uma verdadeira democracia.

sábado, 19 de novembro de 2011

Visitas da Cidade

Gostaria de ter vivido num mundo sem mentiras. Gostaria de ter vivido num mundo onde as harmonias criadas pelo homem refletissem os sons e o ritmo da natureza, acariciando os corações e embalando a mente, projetando imagens somadas aos sentimentos mais elevados. Gostaria de ter vivido dividindo os sabores dos quitutes e cheiros da cozinha com fogão de lenha e das frutas maduras no pomar, coisas desconhecidas da maioria das crianças, que perdem a inocência e a ingenuidade já na primeira infância. Gostaria que todas as crianças conhecessem e se deliciassem com o miúdo butiá amarelinho, as jacas e melancias gordas, as maçãs colhidas na relva orvalhada sob árvores frondosas. Que pudessem subir pelos galhos de goiabeiras e mangueiras para colher e comer os frutos colhidos, sujando as mãos com o sumo e limpando na própria roupa. Outro dia mesmo, li que uma criança quase adolescente visitando uma pequena área rural apreciava tudo com muitas perguntas, no pomar, na horta e no projetado galinheiro, onde declarou: “Nunca vi um pintinho!” O pai logo secundou: “Vai ver... vai ver minha filha. Tem tempo!” Passaram-se quarenta dias. Pronto Ju, os pintinhos já estão no galinheiro e a galinha mãe ciscando, ensinando-os a caçar minhocas e bicar os brotos da grama mais tenra. Galinha e pintinhos vivem em harmonia com as Leis Cósmicas, parte integrante deste universo. Desconhecem a existência de shoppping centers, internet, celulares, bombas, monoteísmo dividido em correntes antagônicas que levam seus crentes às guerras, inquisição, morte e seitas secretas que envolvem linhagens monárquicas, o Vaticano, os Iluminatti, os Bilderberger, desconhecem as conspirações que há milênios afastam os homens da presença e do contato com o próprio espírito. Esta se pode denominar a Era do Trevismo ou do Medo Institucionalizado, resultante de políticas terroristas que atingem cada pessoa. Confusão, medo, impotência são estados emocionais corriqueiros que agora têm uma designação comum: stress! O cérebro da maioria das pessoas trabalha ativando energias que conduzem à omissão dos deveres e respeito de uns para com os outros. Energias que ativam reações violentas contra tudo quanto atinge a vontade hedonista implantada por poderosos obscurantistas. As escolas, que eram designadas templos do saber, estão cercadas de grades, como presídios, onde é cada vez mais freqüente a presença dos pequenos “estressados”, aprendizes da marginalidade, iniciando-se no uso de drogas e ensaiando as agressões físicas e armadas contra outros estudantes e contra os mestres. Os pais, quando podem, são os provedores responsáveis para atender as vontades dos filhos, autorizados por uma lei que criminaliza o castigo doméstico e fomenta a irresponsabilidade. Estamos todos envolvidos numa armadilha que pretende desfigurar as Leis Cósmicas e afastar os homens, desde a infância, aterrorizando-os com mentiras que levam ao medo de viver. Em tempos remotos alguns tiveram acesso ao conhecimento da mecânica das Leis Cósmicas e resolveram guardar consigo, em segredo, o contato individual com a fonte da verdade que liberta o espírito. Aqueles homens poderosos e influentes decidiram, e seus herdeiros e sucessores lograram confundir as mentes dos simples, para obrigá-los a trabalhar como escravos, confusos e brutais, ignorantes da potencial força que os move, que ativa os pensamentos, palavras e ações. O conhecimento e adestramento sobre práticas e comportamentos que alimentam e libertam o espírito foi escondido, numa caixa hermeticamente fechada. Os homens poderosos e influentes passaram a agir como príncipes do saber e donos da verdade. Atuando como reis e magos investidos de mando sacerdotal, manobraram e inventaram uma história distorcida sobre as origens do homem e o poder que cada um tem como fragmento do cosmos. Até hoje, somente uns poucos que buscam a verdade conseguem libertar as forças cósmicas do espírito universal. Tentando fazer e viver à margem do crime e castigo decorrente, elegem o Amor e as Virtudes como alimentos da mente. Na prática são os simples e sábios que obedecem às Leis Cósmicas, atentos ao ritmo da vida. São tão certos e verdadeiros como a existência da galinha que põe o ovo e gera os pintinhos. São os sábios que desvendam os mistérios e promovem o saber que liberta o espírito. São poucos e solitários que olham para a gente simples com amor, como parte importante da mesma vida cósmica que se traduz na eternidade. Conhecendo e transitando neste espaço alcançaremos um dia o estado da mais singela perfeição, apenas vivendo o momento, livres de medos, deuses rancorosos e vingativos, livres de guerras, crimes, castigos, fomes e imagens cruéis. Isto será possível quando, na eternidade, cada um pense e aja respeitando o outro, vendo com os olhos do espírito, como partes de uma mesma verdade. Quando todos aprenderem desde a infância que “assim na terra como no céu” significa que cada tem disponível em seu espírito o fragmento da Criação, que nos abriga e cujas Leis são eternas.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dever Cidadão – Complemento aos Amigos

Tenho recebido alguns comentários favoráveis às mensagem que regularmente posto aqui. Junto com estes, evidentemente, recebo também algumas críticas, de dentro e de fora dos quartéis. Fico feliz com todos, elogios e críticas! Gosto mais da crítica, porque dela tiro ensinamentos, do que da concordância dos que pensam como eu. Aperfeiçôo meu pensamento mantendo a coerência, porquanto, hoje, em reserva, meu discurso é o mesmo de quando estava na ativa. Há militares que, com todo o direito, discordam de mim e insistem em aceitar e aprovar a opção pelo afastamento institucional da vida cidadã e da formação da opinião pública, mas, obviamente, como cidadãos e eleitores, individualmente e despidos da farda, têm opinião própria e, pela formação ética e moral adquirida na caserna, unem-se em pensamento e revolta aos que abominam e condenam as mazelas e malfeitos que se tornaram a marca registrada da classe política e dirigente do País. O alienamento e o completo alijamento coletivo dos militares do sagrado e democrático direito/dever de opinar encontra, portanto, respaldo interna e externamente aos muros do quartel. Tudo explicado pelo “temor”! Uns temem o contraditório, outros o poder do prestígio histórico, não atual, dos militares. Os primeiros, devido à inação imposta pela disciplina, desacostumados ao debate, temem não ter argumentação suficiente para defender seus pontos de vista e, pior, temem, mais do que tudo, acossados pela hegemonia do pensamento, a pecha de usurpadores, truculentos, arbitrários e autoritários, entre outras adjetivações não menos injustas. Os outros temem o poder de convencimento de instituições que, por mais que tenham tentado desmoralizar, continuam sendo as mais confiáveis da Nação. Estes, fanáticos, ideológica e financeiramente interessados em dominar o pensamento e as atitudes coletivas da sociedade, intimidam-nas com o estabelecimento de um castrador e arbitrário padrão “politicamente correto” de comportamento! Seja como for, continuarei a dizer o que penso. Sou soldado por vocação e amor e entendo que, hoje, devo satisfação unicamente à minha consciência e esta me afirma que tenho o direito/dever de insistir na busca do que, mais de uma vez, sugeri a meus superiores enquanto vestia, com incontido orgulho, a farda da milícia rondoniense. O Brasil precisa e quer saber quais são as posições e as opiniões de seus soldados sobre todos os assuntos que lhes são afetos pela Constituição Federal, posições e opiniões estas que, por serem isentas de vieses políticos ou ideológicos, servirão de base sólida para que a Sociedade possa democraticamente polemizar e discuti-los, em busca do que, pela vontade esclarecida da maioria, é entendido como o melhor para os destinos da Pátria.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Crônica de uma Ocupação Anunciada

Longe de qualquer cidadão contestar a eficácia, o valor, a coragem e os resultados da ocupação das favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, no último dia 13, no Rio. Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Rodoviária e Marinha uniram-se para agir como em outras favelas, garantindo a presença do poder público naqueles antigos bolsões antes completamente dominados pelo tráfico e pelo crime organizado. Tem dado certo em todo o território do antigo Estado da Guanabara, não obstante a atuação de bandidos que continuam traficando, bem como de agentes policiais corruptos e infiltrados nas forças da lei. Só que tem um aspecto impossível de ser entendido por mim. Demonstram a experiência e a História que nesse tipo de operações, sejam policiais ou de guerra, a surpresa é a alma do negócio. Pegar o adversário desprevenido constitui passaporte para o sucesso, de Napoleão a Hitler, de Pearl Harbour ao Dia D. Sempre haverá o risco da inteligência inimiga perceber e tentar neutralizar as investidas, mas já imaginaram se os japoneses tivessem anunciado com antecedência o bombardeio da principal base aérea americana no Pacífico? Ou se o marechal Rommell soubesse semanas antes que o desembarque aliado se daria na Normandia? Pois é. Há semanas que as autoridades fluminenses alardearam a invasão da Rocinha. Claro que era previsível, os bandidos são bandidos por não serem idiotas, mas no Rio as coisas transcenderam o bom-senso. Chegou a ser anunciado, há duas semanas, que a ocupação da Rocinha aconteceria às 5 da madrugada de domingo, com a presença de blindados da Marinha, com o BOPE ocupando as florestas vizinhas, a Polícia Federal já tendo subido o morro para detectar esconderijos e depósitos de droga e de armamentos, e a Polícia Civil identificando os chefões do crime por suas fichas criminais e suas fotos. O que aconteceu? Uma beleza de ocupação. Nenhum tiro foi disparado, nenhum entrevero de resistência verificado. Porque os bandidos foram todos embora, registrando-se a prisão antecipada do Nem, num golpe de sorte. Apenas um boi-de-piranha viu-se capturado, certamente deixado como chamariz, com o futuro da sua família garantido financeiramente enquanto estiver na cadeia. Pretextando demonstrar resistência, os criminosos destacaram menores de idade para despejar galões de óleo morro abaixo, visando atrasar a subida das viaturas, mas sabendo que adiantaria muito pouco. Uma resposta propositadamente pífia para marcar posição e fingir resistência. Aliás, como esses galões de óleo subiram a favela, volumosos como são, sem que os espiões policiais percebessem? Alguns fuzis e granadas foram desenterrados num buraco duvidoso, quase ostensivo, com terra revolvida ao redor, de forma a ser percebido com facilidade pelos policiais. Até o decalque de um coelho colado numa das armas foi encontrado, como a demonstrar a derrota total dos bandidos, em se tratando do segundo em comando no tráfico. Com certeza um artifício para as autoridades e a imprensa celebrarem a vitória, quando o grosso do armamento estará em lugar incerto e não sabido, quem sabe já retirado da favela. Assim, como as drogas. E os bandidos. Dirão as autoridades, com muita lógica, que tudo se fez para, na invasão da Rocinha, poupar-se a população de tiroteios, massacres e assassinatos. Os criminosos concordarão em gênero, número e grau. Eles também colaboraram...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

534 Km de Vergonha

A vergonhosa história da mãe gestante que viajou 534 quilômetros entre Santa Vitória do Palmar e Novo Hamburgo (RS) em uma ambulância minúscula, mal equipada e sem a presença de um médico e nem mesmo um auxiliar de enfermagem e que está em estado grave depois de ganhar gêmeos é um fiasco memorável das autoridades de saúde. O caso teve repercussão nacional, jogando o Estado do Rio Grande do Sul, de quem tanto nós, gaúchos, nos orgulhamos, na vala comum das péssimas administrações de saúde. Todos os dias lemos notícias de corrupção envolvendo dinheiro público, tendo inclusive o Advogado Geral da União afirmado que de cada R$ 100,00 desviado dos cofres públicos apenas R$ 2,34 conseguem ser recuperados, depois de longos processos. Ele não disse que esta fortuna recuperada foi gasta milhares de vezes no sistema extrajudicial e judicial, com o pagamento de fiscais, advogados, juízes, servidores e, talvez, algum corrupto para que o sistema de combate à corrupção funcionasse. Assim, é mais provável que a cada R$ 100,00 desviados gastemos outros R$ 100,00 tentando recuperar os primeiros, geralmente sem sucesso. Mesmo que demorado, nem é tão difícil conseguir a condenação de servidores corruptos, mas ficamos com a sentença na mão, como um troféu inútil, pois no geral o corrupto escondeu o dinheiro que desviou, colocou seus bens em nome de “laranjas” e os únicos bens que possui são impenhoráveis, como o salário e a casa da família (muitas vezes construída com o dinheiro roubado). Quem persegue corrupto não passa de um sonhador, um Dom Quixote ridículo, motivo de gozação, pois eles, como criminosos, são muito organizados e nós um bando de amadores. Sempre digo que se as sentenças de condenação de corruptos fossem redigidas em papel macio como neve e perfumado talvez pudéssemos dar a elas uma função mais nobre do que simples símbolo do fracasso do sistema repressor e punitivo. Não há um sistema eficiente de controle prévio e, em geral não há nenhum sistema de controle do uso de recursos públicos, limitando-se o Estado a fazer de conta que fiscaliza e pune. Enquanto isto, as mães grávidas têm de esperar dias por um carro velho que as leve até a maternidade, onde vão morrer, por falta de medicamentos, médicos e UTIS-Neonatais. Quem se importa? A semana que vem já teremos esquecido isto e o baile da corrupção continuará, até que nossa sociedade caia de podre. Tomara que eu esteja errado.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Crise: econômica, moral e de valores

"A violência e a injustiça dos governantes é um antigo mal, e eu receio que não tenha remédio (...) A ganância mesquinha e o espírito monopolista dos comerciantes e industriais, que não são e nem devem ser os governantes, é algo que, embora talvez não possa ser corrigido, pode-se conseguir pelo menos, que não perturbe a tranquilidade de ninguém, exceto deles mesmos". Esta citação não vem de um manifestante qualquer em um acampamento de indignados, mas da respeitada Bíblia do liberalismo econômico (A Riqueza das Nações), cujo autor, Adam Smith, foi um professor de filosofia que dedicou sua obra-prima para a Teoria dos sentimentos morais. Desde a sua criação, o capitalismo tem necessidade de regras que limitem e controlem o funcionamento dos mercados, e é responsabilidade dos políticos e dos governantes estabelecer essas regras e aplicá-las. Por isso, estão certos aqueles que dizem que a atual crise econômica é, sobretudo, uma crise moral, em que a perda de valores não pode ser de forma alguma substituída por promessas eleitorais. Mas também tem uma dimensão global quase sem precedentes, pela abrangência e velocidade com que ocorreu. O "diretório" franco alemão pretende constituir-se em um poder de fato na Europa, diante do silêncio ou da cumplicidade das instituições da União Europeia e da maioria dos líderes presentes as reuniões, sempre dispostos a culpar os mercados por todos os nossos males. Acusação abstrata que evita que se pergunte, entre outras coisas, quem era o Comissário Europeu responsável pelo acompanhamento da transparência e fiabilidade das contas apresentadas pela Grécia, ou como foi possível o Banco da Espanha e o Governo afirmar que tínhamos o sistema financeiro mais robusto do mundo, apenas para acabar sendo aquele que mais precisa ser recapitalizado. Niall Ferguson é um dos muitos intelectuais que diz que na verdade foram os acontecimentos políticos que moldaram o que ele considera as instituições da vida econômica moderna: as burocracias fiscais, os Parlamentos, os bancos centrais e os mercados de títulos (ou seja, a dívida). Os partidos políticos e a democracia representativa têm sido prisioneiros desse quadrilátero de poder que eles próprios ajudaram a criar. As grandes depressões econômicas do passado terminaram em conflitos geopolíticos de imensa magnitude, e não devemos descartar acidentes semelhantes se os líderes mundiais continuarem reunindo-se, como tem feito até agora, para estabelecer planos que são incapazes de cumprir. Em última análise, esta crise é sistêmica. Por esta razão, deve-se ser moderado nas promessas e humilde em suas expressões. O que está em jogo, ainda que lamentemos muito, é o princípio da universalidade dos direitos. O século XX terminou com a queda do Muro de Berlim e o século XXI começou com a queda do Lehman Brothers. Vivemos em um mundo em transição em que os paradigmas estão mudando. Pela primeira vez em 200 anos, as novas gerações dos países ocidentais não guardam a esperança de um futuro melhor do que aquele que tiveram seus pais. O desânimo, não somente a indignação, começou a apoderar-se dos mais jovens, presos ao medo de um retrocesso histórico.

Conheça a Macaconha

Há pouco tempo alguns alunos da USP foram flagrados consumindo maconha nas dependências da instituição. Após a polêmica, que culminou com a ocupação do local, a mídia retoma um dos assuntos mais discutidos de nossa época: a legalização de substâncias ilícitas e viciantes. E nesse encalço, a dupla paulistana Edu Inox e Guido Jr surge com um novo formato de prevenção e orientação contra a violência, já aplicado em escolas universidades e outros núcleos de educação. O projeto, intitulado “Violência é uma droga”, dispõe de material aprovado pelo Ministério da Educação que narra à história de personagens fictícios, criados com base no nome de cada substância proibida, e enredados em nosso cotidiano. O primeiro desses personagens a tomar forma humana, e ter música própria, é a Macaconha, um ser andrógeno e com dupla personalidade. A razão de sua existência é a busca de mais adeptos a utilização da Cannabis Sativa, conhecida popularmente como maconha, baseado, marijuana, taba, back ou erva. A história de sua vida é triste, mesmo conseguindo convencer alguns jovens e adultos de seus “atributos”, sua ação devasta mentes promissoras destrói relacionamentos e gera efeitos colaterais irreversíveis. No clipe, a maconha é representada por uma máscara, que demonstra a face deturpada e temporal do usuário. Edu e Guido demonstram por meio da irreverência, ferramenta tão explorada nessa era “stand up” os malefícios da utilização de substâncias ilícitas. Falando com propriedade sobre o assunto, a dupla, com o projeto criado por eles há aproximadamente 15 anos, vem conseguindo ótimos resultados com o público infanto-juvenil, bem como suas famílias que ficam com o rit na cabeça, e o que é melhor, a informação é fixada de forma bem descontraída, destacando nitidamente a “turma do bem” e a “turma do mal”, e sem apologias. CONHEÇA A MACACONHA E SUAS VERSÕES: ESPANHOL, INGLÊS E CHINÊS: http://www.youtube.com.br/eduinoxguidojr Ficha técnica: Direção de Criação: Edu Inox e Guido Junior Direção Geral: Edu Inox e Guido Junior Produção de vídeo: ToF Agencia (Bruno Shintate e Francisco Padovan) Estúdio de gravação: X-Quality Direção de som: Carlos Borbagato Direção de figurino: Caio Soares Makeup and Hair: Caio Soares/Maria Sobral

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Outro feudo, outro escândalo

Se o ministro Gilberto Carvalho, titular da Secretaria-Geral da Presidência, se diz cansado das crises provocadas por denúncias de corrupção no governo, que dirá a sociedade que afinal é quem paga a conta dos malfeitos, como costuma dizer a presidente Dilma Rousseff? O desabafo do ministro se seguiu a outra revelação do gênero – a da existência de um esquema de extorsão de organizações não governamentais (ONGs) conveniadas com o Ministério do Trabalho, apropriado pelo chefão do PDT, Carlos Lupi. Segundo a revista VEJA, dirigentes de uma ONG do Rio Grande do Norte, o Instituto Êpa, e de outra, denominada Oxigênio, sediada no Rio de Janeiro informaram que as entidades, contratadas para ministrar cursos de capacitação profissional, foram alvo do clássico golpe da criação de dificuldades para a venda de facilidades. A certa altura da execução dos convênios, as ONGs eram avisadas de que, por supostas irregularidades que teriam cometido, não receberiam novos repasses – a menos que molhassem as mãos de seus interlocutores da cúpula do Trabalho com 5% e 15% do valor dos contratos. Os achacadores seriam um então assessor de Lupi, o deputado federal maranhense Weverton Rocha, e o coordenador-geral de Qualificação da pasta, Anderson Alexandre dos Santos. A dupla respondia ao chefe de gabinete do ministro, Marcelo Panella, não por acaso tesoureiro do PDT, para onde se destinaria, no todo ou em parte, o cala-boca extraído dos ongueiros. Não se sabe com que grau de detalhamento, mas o fato é que o Planalto tinha ciência dos podres do feudo de Lupi, outro dos ministros que a presidente foi obrigada a herdar de seu patrono Lula. Tanto assim que, em agosto último, Dilma mandou demitir Panella. No sábado, Lupi teve de afastar Santos pelo tempo que durar a sindicância por ele anunciada, enquanto recitava a mesma lengalenga a que recorreram os cinco colegas que acabariam varridos do Gabinete: não compactua com desvios de recursos públicos, mas as denúncias devem respeitar o princípio do amplo direito de defesa. Ao blá-blá-blá de sempre, o bravateiro Lupi acrescentou uma provocação: “Tem muita gente graúda incomodada com a minha presença no Ministério, mas vão ter que me engolir”. Ele sabe que já estava marcado para cair na reforma ministerial prevista para o começo do ano. O seu medo maior é o desmonte da usina de beneficiamento do PDT a que o Trabalho foi reduzido, na operação lulista de cooptação da Força Sindical liderada por outro notório personagem, o deputado Paulo Pereira da Silva. A julgar pelo retrospecto recente, no entanto, ele não precisa se preocupar. Quando se tornou insustentável a permanência do ministro Orlando Silva, do PC do B, no Esporte, a única dúvida no Planalto era sobre o nome do camarada que iria lhe suceder. O partido impôs o deputado Aldo Rebelo. O antecessor, como se sabe, foi levado a se imolar por causa das maracutaias nos convênios da pasta com ONGs, algumas delas criadas para repartir com o PC do B o dinheiro recebido. Por bem ou por mal, como se vê agora no escândalo envolvendo o PDT, a cobrança de pedágio das entidades do Terceiro Setor interessadas em contratos com a administração federal é uma forma rotineira de irrigar finanças partidárias. Mas o problema não se resolve com a “tradicional” retirada do sofá da sala. Restringir os convênios apenas a entes públicos, como pretende Rebelo, é um retrocesso na gestão dos programas de promoção social em qualquer nível de governo. É ainda abrir mão do dever – e do poder – de fiscalizar adequadamente o uso dos recursos arrecadados da sociedade. Trata-se de separar o joio do trigo e instituir normas de habilitação das ONGs que impeçam políticos corruptos de fechar negócio com aquelas que, com avidez ou a contragosto, farão a sua parte no cambalacho. Essa seria a intenção da presidente, depois do pente-fino que mandou passar em todos os convênios do Executivo. A higienização, de toda maneira, é um ponto de partida, não de chegada. Esse é o desmanche da engrenagem que enlaça apoio parlamentar ao Planalto e arrendamento aos partidos, chaves na mão, de setores inteiros do governo. Mas isso não está no horizonte.

domingo, 13 de novembro de 2011

A GARANTIA SUMIU

Eles, os ministros demitidos nestes dez últimos meses, vão embora, provavelmente rumo a um merecido esquecimento. O que fica nos lugares que desocuparam? Ou melhor: o que muda? Agora já são seis; mais um pouco e já se poderia formar uma Associação dos Ex-Ministros do Governo Dilma Rousseff. Parece, em todo caso, que a quantidade de gente posta na rua até agora é suficiente para pensar em alterações no bioma onde vivem as nossas mais notáveis autoridades. O mais provável é que só com a passagem do tempo, muita pesquisa e trabalho sério será possível descobrir, no futuro, se toda essa mudança na fauna, vegetação e clima do mundo oficial deixou as coisas mais ou menos na mesma, ou se o país ganhou. Por exemplo: a demissão do ministro dos Transportes vai resultar em mais estradas? A demissão do ministro da Agricultura vai melhorar a agricultura? Haverá mais turistas? O cidadão comum praticará mais esporte? É muito positivo, sem dúvida, que a presidente Dilma Rousseff tenha mostrado que denúncias de corrupção podem causar perda de emprego para os envolvidos. Mas os governos existem, no fim das contas, para tornar a vida das pessoas mais cômoda. Se não fizerem isso, para que poderiam servir? Desde já, provavelmente, dá para dizer uma coisa: pior do que estava não fica. Parece pouco, mas não é; a experiência brasileira mostra que sempre pode ficar pior. No caso, a impressão é que não ficou. Os substitutos, pelo menos até agora, não chamaram a atenção de ninguém por saírem da linha ou por provocarem uma nova bateria de acusações. Também é bom sinal que os infames contratos com entidades dedicadas à vigarice, atualmente uma das práticas mais populares para colocar dinheiro público em bolsos particulares, tenham sido suspensos temporariamente. Se houver aí um esforço verdadeiro para separar o joio do trigo, o Erário vai sair ganhando – naturalmente, desde que se guarde o trigo e não o joio, como tantas vezes acontece. O horizonte, ao mesmo tempo, parece menos carregado. Quando veio a primeira demissão, dava para perceber que muita água ainda ia rolar debaixo da ponte; os ministérios cinco-estrelas em matéria de corrupção, inépcia e desordem ainda não tinham sido tocados. Parece, agora, que as barras mais pesadas já foram atingidas; a esta altura ainda não se tem certeza de nada, claro, mas não há dúvida de que houve progressos, mesmo porque ninguém mais pode achar que está garantido no cargo. O ministro do Esporte, por exemplo, dizia pouco antes de ser demitido que era “indestrutível”. Talvez fosse, mas o seu emprego de ministro com certeza não era. É interessante notar, nesta caminhada, uma outra particularidade: num país onde não existe oposição de verdade, e onde os institutos de opinião garantem que a presidente da República tem índices descomunais de popularidade, não haveria necessidade de demitir ministro nenhum. Para quê? Os acusados poderiam perfeitamente continuar em seus lugares. Mas não é o que está acontecendo. Depois de seis demissões seguidas, é visível que o Palácio do Planalto está preocupado com a opinião pública, e se sente na obrigação de dar satisfações a ela – não parece inclinado a conviver com o “malfeito”, como diz a presidente Dilma. Ou seja: ministros e outros mandarins da esfera superior do governo precisam tomar cuidado. Eles não têm como esconder, por exemplo, contratos ou pagamentos feitos nas suas áreas – e, mais do que tudo, não têm controle sobre o que sai na imprensa a respeito desses assuntos, ou quaisquer outros. É um problema e tanto. O que sai na imprensa, hoje, pode ter consequência direta, rápida e desastrosa para o doutor que circula em carro oficial e anda de elevador privativo. Não adianta ele dizer, quando seu nome aparece no noticiário de teor criminal, que “ninguém lê nada” ou que está havendo “uma campanha de difamação” contra o seu nome. Essa conversa continua, inclusive em volta da Presidência, mas é da boca para fora. Na vida real, todos sabem muito bem que a publicação de uma denúncia pesada, hoje em dia, pode ser o fim da linha. Também não adianta ter a TV Brasil, comprar blogs e manter veículos chapa-branca; essas coisas servem para elogiar, mas não seguram ninguém no emprego. Quantos quilômetros a mais de estrada, e outros benefícios, vamos ter por conta da limpeza ora em curso? Como dito acima, vai se saber mais tarde. Sem o empenho de manter a casa limpa, porém, nada mudará para melhor.

sábado, 12 de novembro de 2011

Os heróis do futuro

Tudo depende do momento. Hoje a “sociedade” se horroriza com a bandalha que se instalou na USP por alguns dias. São os agitadores travestidos de universitários, alguns tarimbados profissionais da anarquia, ou melhor, são massas de manobra, cabeças feitas por espertos intelectuais, que afrontam a tudo e a todos por seus direitos. Deve ser o direito ao caos. Mas recordem, vivemos um momento em que a preocupação com o direito pretere a tudo. Sobre os deveres, nem tocar. Imaginem, quando estivermos vivendo sob a égide da anarquia ou da liberação total do uso de drogas, pois cada um é dono de si, como serão cultuados os jovens que hoje, mascarados, invadem instalações, depredam o bem publico, e são corajosos para afrontar os agentes da ordem publica? Ah, seguiram a cartilha do MST? Quem sabe. Do entrevero, do acinte, do deboche, certamente emergirão futuras lideranças, predestinados batalhadores, indivíduos de convicta postura, e dispostos a lutar pelos seus ideais e posições. E contam com o apoio de determinadas entidades; tanto que elas já levantaram os recursos para libertação dos novos guerreiros. Provavelmente, assistimos ao nascimento de FUTUROS HERÓIS. Um voto de louvor aos intransigentes, pois agregaram ao seu cabeludo currículo, a palavra de ordem “a baderna acima de tudo”. Na universidade serão respeitados, citados, amados, cultuados e admirados. Percebam que hoje, grupos de universitários se manifestam na frente da Universidade em apoio aos pândegos presos. Quanto ao apoio ou à complacência da sociedade, será uma questão de tempo. Passado o primeiro momento, hábeis advogados estarão às portas da justiça desenrolando o carretel de atrocidades que o aparato policial desencadeou contra seus inocentes jovens idealistas. A começar pela agressão, que como num pesadelo, na calada da noite, adentrou nos sonhos dos desordeiros, para expulsá - los de seu merecido sono. Esperamos que os indignados não clamem por ridículas medidas, como a expulsão dos baderneiros, nem na indenização para ressarcir a depredação, que poderia ser da responsabilidade de cada um e, quem sabe, de 20 ou 30 % para o seu, ou seus lideres. Blasfêmia, tal penalização nunca ocorrerá. Que ninguém duvide, ali, na USP, nasceu, nesta semana, uma nova chusma de líderes, e quando eles voltarem será um Deus nos acuda, pois serão impiedosos, e serão indenizados, e contarão suas historias de sacrifícios, de como se agarraram aos seus princípios, com coragem e determinação, e todos, de curta memória, diremos amém.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Inteligência e Democracia

Considerada a segunda profissão mais antiga do mundo (e, às vezes, muito relacionada à primeira), a atividade de inteligência, ou sua vertente mais conhecida, a espionagem, vem fascinando pessoas, atemorizando-as e provocando mudanças nas relações humanas desde sempre. Quem nunca parou para ver um filme, ouvir ou ler uma boa história de espionagem? Quantas vezes, ao vermos uma notícia sobre serviços secretos, não nos perguntamos "como eles realmente agem"? A única certeza que temos sobre a Inteligência é que, fora do seleto grupo de "iniciados" que a operam, pouco se sabe a seu respeito. Trata-se de uma atividade que, pela própria natureza, permanece velada, mesmo em um mundo onde cada vez mais se tem disponível informação acerca dos mais distintos assuntos. Para tentar remover alguns véus sobre a Inteligência, é importante destacar que esta pode ser entendida como uma atividade especializada, que tem por objetivo assessorar o processo decisório em diferentes níveis. Onde houver tomada de decisão, há a necessidade de inteligência. Além de atividade, é também o conhecimento produzido com base em metodologia específica de análise de informações e destinado ao tomador de decisões. Finalmente, Inteligência são também os serviços secretos, as organizações que produzem o conhecimento de Inteligência. E a Inteligência atua dentro do país e/ou no estrangeiro, reunindo dados, influenciando acontecimentos e defendendo interesses daqueles a que serve (sejam Estados, organizações privadas ou até indivíduos). Constatação de alta relevância é de que não existe democracia desenvolvida no mundo que não disponha de serviços secretos eficientes, eficazes e efetivos. De fato, Democracia e Inteligência são plenamente compatíveis. E nações que buscam ocupar papel de destaque no cenário internacional precisam de serviços de inteligência de qualidade. Claro que regimes autoritários também fazem uso dos serviços secretos. Historicamente, os órgãos de Inteligência foram utilizados nos vários continentes como pilares importantes para o sustento de ditaduras, de esquerda ou de direita. Isso se deve a uma razão peculiar: Inteligência lida com informação; e informação é poder. Ora, então, se os serviços secretos lidam com tanto poder e são importante instrumento a serviço do Estado (e, em democracias, da sociedade), como evitar, em regimes democráticos, que esses serviços extrapolem suas funções, acumulem significativo poder e cometam arbitrariedades contra aqueles que deveriam defender? A resposta está exatamente no estabelecimento de rígidos mecanismos de fiscalização e controle, tanto interno quanto externo. É o controle que garantirá que a Inteligência atue em consonância com a Democracia. Uma última constatação sobre Inteligência é que, enquanto houver seres humanos sobre a face da terra, haverá alguém (em Estados, governos, organizações públicas ou privadas) de posse de conhecimento que precisa ser protegido e outros que tentarão obter esse conhecimento (usando, muitas vezes, métodos intrusivos). Com o Brasil não é diferente e tentar desconsiderar essa realidade é deixar a nação vulnerável. O País precisa de serviços secretos tanto para produzir conhecimento de alto nível assessorando os tomadores de decisão nas mais relevantes esferas de poder quanto para proteger o conhecimento disponível nas instituições governamentais, nas nossas universidades, centros de pesquisa e empresas públicas e privadas. Se não dermos o devido valor e a devida atenção a nossa comunidade de Inteligência e a essa atividade tão tradicional, seremos vítimas das nossas próprias limitações e ficaremos à deriva em um mar revolto que é o sistema internacional, à mercê de piratas e corsários que nos atacarão para usurpar nosso conhecimento.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Desmotivação Militar

Eventualmente, recebemos indagações de “quando os militares vão agir” ou referências de “como era bom no tempo dos militares”. Lamentamos. Gosto não se discute. Nós, os militares que convivemos com a quebra da lei e da ordem, antes da Contra- Revolução de 31 de março, e a subversão e o terrorismo deflagrados nos anos seguintes, torcemos o nariz para a hipótese de qualquer retorno. Se todos concluimos que a Nação não mereceu tanto desgaste, não sei. É provável. A cruz decorrente daquela chama de idealismo, que deplorava um regime totalitário que batia à nossa porta, foi, e é pesada, até para o mais radical democrata nacionalista, militar ou não. Contudo, hoje assomam na cabeça dos militares não somente as questões ideológicas, mas outras, triviais, visto que na trilha do Gramsci e pela manipulação da democracia, até os regimes mais totalitários travestidos e acobertados pelas distorções e facilidades inerentes à democracia, aboletaram-se no poder, mormente na América Latina. Adentramos no “regime democrático”, foram-se os governos militares. E lá se foram os generais presidentes, pobres como assumiram seus cargos, não deixaram como lembrança, um filho, um sobrinho, um parente sequer para encher o saco no reino da politicagem. Eles, simplesmente, cumpriram a sua missão. A verdade, é que nem nos governos militares foram os soldados beneficiados com opulentos salários e vistosas mordomias. Nos gastos com os equipamentos parcimoniosos, estavam sempre de olho na capacidade da Nação. Segundo o saudável princípio de que o Poder Militar deveria ser compatível com a estatura do País. De lá pra cá, os militares, cegos, surdos e mudos continuaram a sua lida de sempre. Abnegação, dedicação e exemplo foram e continuam como as tônicas da formação militar. Disciplina e Hierarquia, eis os pilares de uma Instituição Permanente e nacionalista. Mas o silêncio decorrente da férrea, mas não boçal disciplina, e da rígida hierarquia tem o seu pesado preço. Hoje, o revanchismo atemoriza os jovens que poderiam orientar-se para a carreira militar. Como vibrar ou motivar-se para o ingresso ou prosseguimento numa carreira estribada em obsoletos equipamentos, de silentes sacrifícios, sem horas extras, sem horários? E o salário? Ah, o ridículo salário. Na Academia Militar e noutras escolas, de todos os níveis, sem surpresa, jovens, ao invés da dedicação escolar básica para a sua formação militar, preparam-se para os concursos (civis). Mesmo os mais devotados à carreira, balançam entre viver na penúria, abraçados aos seus ideais ou gozar de um remunerado emprego sem maiores responsabilidades onde não lhes serão cobrados, o exemplo e a dedicação. É quase impossível, vestir uma farda e bradar, “seja tudo o que Deus quiser”. Muitos questionam se a sociedade atual merece tanto desapego. Os superiores podem pelo exemplo e pelo convencimento enrolar na bandeira aos seus subordinados com palavras prenhes de nacionalismo como o “sublime amor à pátria”. Contudo, primeiramente, seu auditório precisa escutar e, mesmo assim, não significa que se encantará com o discurso patriótico e, além disso, seus pupilos poderão fazer ouvidos de mercador e suas necessidades básicas falarão mais alto. A degradação salarial é um bom caminho para o esvaziamento de uma brilhante profissão. Mas assim caminha o revanchismo. Sucateando equipamentos e desprestigiando os recursos humanos. Quando uma nação perde o seu poder militar, sua capacidade dissuasiva de, pelo menos, desencorajar pretensões, ela perde um de seus PODERES. Não há como barganhar, não há como inibir. Diante das gritantes discrepâncias, no trato, no respeito e nos salários, a tentativa de esvaziamento da carreira militar “vai de vento em popa”. Em todos os níveis hierárquicos, sem exceção, o padrão do militar e, por conseguinte da instituição, rolam ladeira abaixo e, sem que o desgoverno esboce o mínimo respeito, ele mergulha um dos pilares da Nação num poço de iniqüidade. Por isso, quando indagam sobre o retorno, a resposta é uma só, “só se for para exigir mais respeito e salários adequados, itens primordiais para a valorização dos recursos humanos”. Quanto ao resto, é dar de ombros e dizer, “é lamentável, mas é disso que o povo gosta”; que se lambuze.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A Esperança: Onde está?

A população brasileira, a quem quase nada se oferece em troca dos extorsivos impostos, precisa ter cuidado com os assaltantes dos cofres públicos, larápios encastelados no Estado, engravatados que vivem a desviar recursos para financiamento de infindáveis prazeres, pois agora querem censurar a internet. Vocês se lembram do ex-governador de Minas Gerais que foi senador, e agora é deputado federal pelo partido de FHC (nosso querido boca de tuba), o PSDB? O nome dele é Eduardo Azeredo, guarde-se o triste nome na memória. Foi o criador do mensalão em Minas, nunca punido, em companhia do mesmo Marcos Valério. Sua excelência tem projeto que pretende censurar dados que circulam na rede e já vai arregimentando considerável número de seguidores entre desqualificados morais que povoam o Congresso. O que prova que encontrar cúmplice não é tarefa espinhosa. Sua excelentíssima, que em qualquer país onde bons costumes prevalecessem já teria sido afastado da representação política (e certamente preso), circula com tremenda cara de pau, confabulando pelos corredores e tentando se safar de crimes cometidos com a promessa de acobertamento generalizado e vantagens indevidas. O caso da grave doença de Dom Luiz Inácio (PT-SP) teve impacto inicial de solidariedade da população, como seria de esperar, mas começa a reverter por conta de visível exploração que os salafrários resolveram fazer, ao revelar más intenções num país que vai enchendo todas as medidas com tanto roubo e dissimulação. O próprio ex-presidente é culpado, na formação de tal cenário, pelas mentiras pregadas sobre o sistema de saúde em seus oito anos de gestão (2003-11). Sem contar o apadrinhamento de bandalheiras que estouram em todos os ramos e desvãos, deixando boquiaberto o mais cretino dos ingênuos. O câncer do ex-presidente estimula a censura. A “oposição”, ah! a “oposição”, de FHC a Aécio Neves (Serra, vez por outra coloca a cabeça de fora, ora elogiando Dilma e Lula, ora falando mal dos dois), reclama agora dos internautas por desejarem que Dom Luiz vá se tratar no SUS, tal qual a maioria sem plano de saúde, mas que paga impostos para o deleite desses pilantras. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que como se sabe se recusou ao bafômetro no Rio de Janeiro (depois de parado por policiais que tentavam encontrar transgressores embriagados no comando de veículos), tenta se embalar na direção da Presidência. “Nada de soprar aparelho” – disse sua excelência. “Estou aqui e muito vivo!” Um país que abriga na Presidência do Congresso Nacional figura como José Sarney (PMDB-AP), não tem condições de exigir respeito nem de ativistas de bordel! Os escândalos pipocam, a roubalheira é geral, mas aparências devem ser mantidas. A melhor de todas as saídas é a de censurar a internet. Não faz muito tempo, os brasileiros estavam reféns de jornais mancomunados com grupos políticos, os quais “editavam” notícias, determinando o que poderia ser visto ou não. Com o advento da rede mundial de computadores, toma-se conhecimento do posicionamento de todos os lados, pois cada qual vai apontando os podres do outro. Censurar a internet é coisa de Eduardo Azeredo, mas pode ser que a moda pegue. É preciso gritar, espernear, lutar contra essa tentativa de amordaçamento de um povo, patrocinada por amorais que estão dominando instâncias públicas e buscam se eternizar no poder a bordo de patifarias. O jeito é mandar e-mail para os deputados. O Brasil precisa acordar e exigir respeito dessa canalha imunda. Dizer “Não” à votação em lista, “Não” à censura que a escumalha pretende legalizar de forma sorrateira, “Não” aos assaltos dos janotas despreparados. Não é possível que se observe tanta desordem e se permaneça calado e submisso. Somos governados por ladrões!

domingo, 6 de novembro de 2011

O QUE SÃO OS MOVIMENTOS SOCIAIS

Meus leitores assíduos estranharão um pouco o estilo passo-a-passo do texto a seguir, motivo pelo qual peço-lhes a condescendência, haja vista que este se dirige primordialmente aos neófitos. De qualquer forma, uma revisão há de lhes fortificar as convicções e os argumentos. O que são os atuais movimentos sociais? O que representam? A que interesses servem? Quem pode nos dar esta resposta em primeiríssima mão é o dissidente soviético Anatoli Golitsyn, um ex-funcionário da KGB de alto escalão que fugiu para os Estados Unidos e que já alertava desde os anos 80 por meio do seu livro Lies for Old (Novas Mentiras Velhas, pág. 45): A adoção da nova política do bloco e a estratégia de desinformação envolveu mudanças organizacionais na União Soviética e por todo o bloco. Na União Soviética, como em outros países comunistas, foi o Comitê Central do partido que reorganizou os serviços de segurança e de inteligência, o ministério de relações exteriores, outras seções do governo e aparatos político-governamentais, além das organizações de massa, a fim de adequá-las todas à implementação da nova política e torná-las instrumentos desta. Atualmente, no Brasil, os ditos movimentos sociais estão disseminados por toda a sociedade, cada qual com a sua agenda, a fomentar alterações significativas nas consciências e comportamentos das pessoas, contando para tal mister de toda a mídia e de todo o jornalismo tradicional, e a impor através da legislação, principalmente a administrativa, bem como do ativismo judicial, a implementação de suas políticas. Dentre os inúmeros que existem, podemos destacar o movimento negrista, o gaysista, o feminista, o ambientalista e o desarmamentista. O que de mais necessário há de se esclarecer às pessoas leigas sobre estes grupos é o de que eles propositalmente reivindicam representar certas categorias de cidadãos à sua revelia, por supostamente defender-lhes os direitos contra uma fictícia ou pelo menos mal-contada exploração social, por “parte do sistema capitalista com sua lógica fria e calculista”. Se há alguma estrutura civil que pode bem representar idéias são os partidos políticos. A eles se agremiam as pessoas com convicções semelhantes em torno de propostas afins. Da mesma forma, podemos dizer de institutos e instituições específicos, mesmo os que se alinham a determinada linha ideológica. Não é o caso, entretanto, o que acontece com estes movimentos sociais, vez que se arrostam a falar em nome de coletivos humanos que nada têm entre si de igual senão certa condição de ordem individual. O alimento para tais organizações é a exploração da fraqueza de caráter, especialmente do ressentimento e do oportunismo, e tanto maiores tem sido seus ingressos quanto mais estimulada a população à futilidade, à frivolidade e à leviandade, em detrimento dos valores sociais da família e do valor da honestidade e do trabalho. Nada melhor para tais organizações que filhos sem pais, preferencialmente de mães solteiras que tenham sido tornadas dependentes de benefícios estatais. Quem voltar no tempo poderá se lembrar que uma propaganda eleitoral do PT para a primeira eleição de Lula exibia um jovem negro filho de mãe solteira analfabeta brandindo o punho em sinal de fervorosa adesão ao projeto petista. Mera coincidência, ou podemos aferir com razoável juízo que jovens assim, digamos, foram previamente “cultivados”? Basicamente, sua propaganda consiste em insuflar algum ódio nos indivíduos pertencentes a um determinado grupo humano definido como alvo, por lhes convencer que a sociedade lhes discrimina e lhes oprime, ao mesmo tempo em que se lhe prometem algum privilégio a que não fariam jus como cidadãos iguais a todos os demais, tais como um pedaço de terra, o aborto livre, a liberdade para fazer uso de drogas, a aposentadoria em idade inferior, as cotas para universidades e empregos públicos ou até mesmo a torpe satisfação psicológica do poder de obrigar aqueles que não lhes aprovam os costumes a lamberem-lhe as botas. O ódio anestesia a consciência, passando a servir como justificação pessoal para a ambição desimpedida do privilégio indevido, e este passa a ser o “coelho” do ser humano tornado cão galgo. No início, tais instituições eram preenchidas com os indivíduos de personalidade mais rebelde e anti-social, os quais foram seduzindo os demais num grau decrescente de tais “qualidades”, sendo no entanto paulatinamente compensados pelo número e pela hegemonia na ocupação de postos estratégicos, tais como a mídia e o sistema de ensino, de modo que em um estágio considerado ótimo, conseguiam ainda a adesão das pessoas meramente indecisas, das de natureza condescendente ou ainda do tipo “maria-vai-com-as-outras”. Nos dias correntes, tais conquistas já são consideradas pelos seus próprios dirigentes como consolidadas, de modo que tais movimentos tomam por justo proclamar a si próprios como detentores da nova moral, prontos a esmagar como moscas qualquer indivíduo que ouse pensar alto. Observem tais organizações em conjunto para notar como todas – sem exceção – convergem para a defesa das mesmas políticas esquerdistas que fazem parte do projeto do PT e de todos os partidos de esquerda. Aliás, confesso que estou incorrendo em pleonasmo: bastante é dizer “de todos os partidos”! Notem como são prodigamente patrocinadas pelo estado, em detrimento da saúde, da educação e da segurança, apenas para ficarmos no básico. Tomem como exemplo mais acabado o deputado Jean Wyllys, tornado “celebridade”, esperem... por meio do quê mesmo? Ah, certo, do BBB (lembrem-se do que falei nos parágrafos superiores), e eleito pelo PSOL com miseráveis 13.018 votos. Constatem como os holofotes iluminam os seus passos e o quanto concedem-lhe a palavra, ao passo que seus colegas do “baixo clero” vivem às escuras. Preparem-se para um choque térmico: comparem-no agora mesmo com o súbito ostracismo a que foi atirado o falecido deputado Clodovil, imediatamente após sua entrada triunfal na Câmara – este sim com uma votação invejável - 493.951 votos, a terceira maior do país (!) - quando este começou a se posicionar contra a parada gay, o casamento gay e o movimento gaysista. Será preciso dizer mais?

sábado, 5 de novembro de 2011

A paz como arma de guerra

Enquanto Hugo Chávez expulsa o embaixador de Israel e no Brasil o PT compara os israelenses aos nazistas, na Flórida a militância esquerdista sai às ruas e grita: “Judeus, voltem para o forno”. Está aberta a temporada de caça. Ninguém parece julgar isso de todo mau. Como é possível que, decorrido pouco mais de meio século do Holocausto, o ódio aos judeus vá aos poucos se incorporando novamente ao senso comum, como se fosse coisa decente, obrigatória, e dele dependessem as melhores esperanças de paz e liberdade para a espécie humana? A resposta é simples: controle o fluxo de informações e terá o domínio absoluto das conclusões que o público vai tirar delas. Uma das regras mais elementares da ciência histórica é: a difusão dos fatos causa novos fatos. O fato desconhecido não gera efeitos. Se a maioria das distribuidoras de vídeos não tivesse bloqueado o acesso dos espectadores ao documentário Obsession (www.obsessionthemovie.com), se o vídeo www.israelnationalnews.com/News/News.aspx/129264 fosse exibido às massas, se no mínimo o direito de chorar seus mortos no horário nobre da TV não fosse um monopólio dos esquerdistas e terroristas, ninguém diria que a reação de Israel foi excessiva: todos entenderiam que foi justa, racional e tardia. Para que esse desastre não aconteça, é preciso garantir que cada judeu explodido pelas bombas do Hamas seja enterrado duas vezes: uma no solo, outra no desconhecimento geral. Assim todo mundo fica com a impressão de que os judeus não estão defendendo a própria pele, apenas arrancando a de seus inimigos. Também seria ingenuidade acreditar que o abismo crescente entre noticiário e realidade é o efeito espontâneo de um simples viés ideológico, de preferências subjetivas da classe jornalística. Só para fins de comparação: as Farc, segundo se descobriu no famoso laptop de Raul Reyes, não são um bando de psicóticos enfurnados na selva – são uma organização mundial, com uma rica e eficiente rede de apoio em 29 países. Mutatis mutandis, quantos colaboradores têm o Hamas e o Hezbollah no Brasil, nos demais países da América Latina, nos EUA e na Europa? Quantos deles são agentes de influência colocados em postos decisivos das empresas jornalísticas para dar a impressão de que é normal chamar os judeus de nazistas e no mesmo ato sugerir enviá-los de volta aos campos de concentração? Ninguém vai jamais investigar isso em profundidade, dar nomes, responsabilizar criminalmente os desgraçados? Até quando a mídia continuará sendo a principal arma de guerra assimétrica e posando de observadora neutra, no máximo um tanto preconceituosa? Claro, existem sempre os idiotas úteis, que repetem o que ouvem dizer. Mas a idiotice em estado bruto é inerme. Para tornar-se útil ela tem de sofrer um upgrade. Não se pode explicar um preconceito geral pela simples propagação automática, sem que alguém tenha deslanchado o processo. E quem o deslanchou sabe exatamente aonde pretende chegar com ele. Lênin já explicava que o terrorismo não é jamais um objetivo em si mesmo, que suas finalidades só se cumprem quando os ataques cessam e as conquistas obtidas são sacramentadas na mesa das negociações. A transição depende, na sua quase totalidade, das disposições da opinião pública. Quando o povo está cansado de guerra, está na hora de o lado militarmente mais fraco ofecerer a paz ao mais forte em troca de vantagens políticas. A mídia é o instrumento-chave dessa mutação. Respaldada por ela, a equipe de governo de Barack Hussein Obama já oferece ao Hamas a oportunidade de transformar a derrota em vitória por meio do “diálogo”. Nenhuma organização terrorista aspira senão a isso: ser transmutada de bando de criminosos em organização política decente, portadora dos méritos da “paz”. Por isso mesmo a guerra assimétrica é chamada, tecnicamente, de “a derrota do vencedor”. Sob a pressão da mídia mundial, Israel arrisca-se a cair nesse engodo pela milésima vez.