"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

sábado, 30 de junho de 2012

EINSTEIN, DAVIES E O DEUS DE SPINOZA

ACREDITO NO DEUS DE SPINOZA: EINSTEIN

Albert Einstein (1879-1955), físico alemão de origem judaica que dispensa apresentações, quando, em 1921, perguntado pelo rabino H. Goldstein, de New York, se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens” Nesta mesma ocasião, o cardeal O’Connel, de Boston, publicou uma declaração na qual dizia que a teoria da relatividade “encobre com um manto o horrível fantasma do ateísmo, e obscurece especulações, produzindo uma dúvida universal sobre Deus e sua criação”.
Posteriormente, em uma carta escrita em Berlim a um banqueiro do Colorado, datada de 5 de agosto de 1927, Einstein explica:
Não consigo conceber um Deus pessoal que influa diretamente sobre as ações dos indivíduos, ou que julgue, diretamente criaturas por Ele criadas. Não posso fazer isto apesar do fato de que a causalidade mecanicista foi, até certo ponto, posta em dúvida pela ciência moderna. Minha religiosidade consiste em uma humilde admiração pelo espírito infinitamente superior que se revela no pouco que nós, com nossa fraca e transitória compreensão, podemos entender da realidade. A moral é da maior importância - para nós, porém, não para Deus.
No artigo Religião e Ciência, que faz parte do livro Como vejo o mundo, publicado em alemão em 1953, Einstein escreve:
Todos podem atingir a religião em um último grau, raramente acessível em sua pureza total. Dou a isto o nome de religiosidade cósmica e não posso falar dela com facilidade já que se trata de uma noção muito nova, à qual não corresponde conceito algum de um Deus antropomórfico (...). Notam-se exemplos desta religião cósmica nos primeiros momentos da evolução em alguns salmos de Davi ou em alguns profetas. Em grau infinitamente mais elevado, o budismo organiza os dados do cosmos (...). Ora, os gênios religiosos de todos os tempos se distinguiram por esta religiosidade ante o cosmos. Ela não tem dogmas nem Deus concebido à imagem do homem, portanto nenhuma Igreja ensina a religião cósmica. Temos também a impressão de que hereges de todos os tempos da história humana se nutriam com esta forma superior de religião. Contudo, seus contemporâneos muitas vezes os tinham por suspeitos de ateísmo, e às vezes, também, de santidade. Considerados deste ponto de vista, homens como Demócrito, Francisco de Assis e Spinoza se assemelham profundamente”.
E no artigo A religiosidade da pesquisa, no mesmo livro, Einstein defende que “o espírito científico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade cósmica”. Para ele a religiosidade do sábio
consiste em espantar-se, em extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu engenho não podem desvendar, diante dela, a não ser seu nada irrisório. Este sentimento desenvolve a regra dominante de sua vida, de sua coragem, na medida em que supera a servidão dos desejos egoístas. Indubitavelmente, este sentimento se compara àquele que animou os espíritos criadores religiosos em todos os tempos.

DEVE HAVER UM NÍVEL MAIS PROFUNDO DE EXPLICAÇÃO DO UNIVERSO: PAUL DAVIES

Paul Davies nasceu na Inglaterra em 1946 e doutorou-se em física pelo University College de Londres. Ocupou cargos acadêmicos nas áreas de astronomia e matemática nas Universidades de Cambridge e Londres. Contratado como catedrático de física pela Universidade de Adelaide, Austrália, Paul Davies desenvolve pesquisas no campo da gravitação e da cosmologia, com ênfase no tema dos buracos negros e do big-bang. É autor de muitos livros sobre física, uma dezena dos quais para o público não-especializado, além de apresentar, com frequência, programas científicos no rádio e na televisão.
Em seu livro Deus e a nova física, publicado em inglês em 1983, diz Paul Davies:
A ciência só é possível porque vivemos num universo ordenado, que se conforma com leis matemáticas simples. A tarefa dos cientistas é estudar, catalogar e relatar a ordenação da natureza, não indagar a sua origem. Mas os teólogos têm argumentado, desde há muito, que a ordem do mundo físico é uma prova da existência de Deus. Se isso assim for, então a ciência e a religião adquirem um objetivo comum que é revelar a obra de Deus. Na realidade tem-se afirmado que o aparecimento da cultura científica ocidental foi efetivamente estimulada pela tradição judaico-cristã, com sua ênfase na organização intencional do cosmos por Deus - uma organização que poderia ser discernida pelo uso da pesquisa científica racional.
Aliás, nesta direção parece caminhar Einstein quando diz que a ciência
[...]só pode ser criada por quem esteja plenamente imbuído da aspiração à verdade e ao entendimento. A fonte desse sentimento, no entanto, brota na esfera da religião. A esta se liga também a fé na possibilidade de que as regulações válidas para o mundo da existência sejam racionais, isto é, compreensíveis à razão. Não posso conceber um autêntico cientista sem essa fé profunda. A situação pode ser expressa por uma imagem: a ciência sem religião é aleijada, a religião sem ciência é cega.
Paul Davies, ainda sobre a relação entre ciência e religião, se pergunta se a ciência teria florescido na Europa medieval e renascentista não fosse a teologia ocidental. E exemplifica com a China, que produziu inovações tecnológicas antes da Europa, mas que não as levou avante porque aos chineses faltava o conceito de um ser divino que formulara leis da natureza que os homens podiam compreender e utilizar.
Por sinal, é nesta mesma obra, A mente de Deus, escrita nove anos após Deus e a nova física, que Paul Davies nos lembra terem surgido muitas ideias sobre física fundamental nestes anos, tais como a teoria das supercordas, os novos desenvolvimentos na cosmologia quântica, a pesquisa de Stephen Hawking sobre o “tempo imaginário”, a teoria do caos e tantas outras, e acrescenta:
Tais acontecimentos assumiram duas formas diferentes. Primeiro, um diálogo muito mais intenso entre cientistas, filósofos e teólogos sobre o conceito de criação e temas conexos. Segundo, uma intensificação da moda do pensamento místico e da filosofia oriental, que alguns comentadores afirmaram estar em contato profundo e significativo com a física fundamental.
Paul Davies nos diz que, após a publicação de Deus e a nova física, ficou assombrado com a postura religiosa dos cientistas, que podem ser classificados em dois grupos: os religiosos e os não-religiosos; entre os religiosos, muitos praticam uma religião tradicional e em alguns casos mantêm os dois aspectos de sua vida, o científico e o religioso, separados, de tal modo que são governados pela ciência durante seis dias da semana e pela religião no domingo. Entretanto, um pequeno grupo de cientistas se esforça para dialogar com a religião, mesmo que o resultado seja uma visão bastante liberal da religião e uma atribuição incomum de significado aos fenômenos físicos. E mesmo entre os não-religiosos existe
[...] uma vaga sensação de que há algo além da realidade superficial da experiência cotidiana, algum sentido por trás da existência. Mesmo ateus mais empedernidos frequentemente têm o que foi chamado de sentimento de reverência pela natureza, fascínio e respeito por sua profundidade, beleza e sutileza, algo muito semelhante à veneração religiosa.
Paul Davies procura deixar claro sua própria posição: “Como cientista profissional, confio plenamente no método científico de investigação do mundo”. A ciência, para ele, demonstra a todo momento ser poderosa para explicar o mundo em que vivemos, mas o que existe de mais atraente no método científico é “sua intransigente honestidade”, pois, antes de ser aceita, cada nova descoberta tem que passar por rigorosos testes aplicados pela comunidade científica, o que possibilita a eliminação das trapaças de cientistas inescrupulosos”.
Acrescenta o físico que prefere não acreditar em fenômenos sobrenaturais, pois parte do princípio de que as leis da natureza são sempre obedecidas. Mas, mesmo assim, pensa que a ciência pode não conseguir explicar tudo no universo físico, já que “resta o velho problema do término do raciocínio explicativo”. Pois se as leis da física são tomadas como algo válido em princípio é preciso perguntar de onde vêm essas leis. Assim
[...] mais cedo ou mais tarde todos temos de aceitar algo como dado, seja Deus, ou a lógica, ou um conjunto de leis ou algum outro fundamento para a existência. Assim, as perguntas terminais sempre estarão fora do alcance da ciência empírica, na sua definição corrente (...) Provavelmente sempre deverá restar algum “mistério no fim do universo”.
Completando a definição de sua postura, Paul Davies diz que pertence àquele grupo de cientistas que não pratica uma religião tradicional, mas que nega ser o universo apenas um acidente sem objetivo.
Meu trabalho científico levou-me a acreditar, cada vez mais intensamente, que a constituição do universo físico atesta um engenho tão assombroso que não posso aceitá-lo apenas como fato bruto. Parece-me que deve haver um nível mais profundo de explicação. Querer chamar esse nível mais profundo de “Deus” é uma questão de gosto e definição.
Fontes
CALDER, N., O universo de Einstein, Brasília, Editora da UnB, 1988.
CAPRA, F., O Tao da física. Um paralelo entre a física moderna e o misticismo oriental, São Paulo, Cultrix, 1984 (original inglês: 1975).
DAVIES, P., A mente de Deus. A ciência e a busca do sentido último, Rio de Janeiro, Ediouro.
______. Deus e a nova física, Lisboa, Edições 70, 2000.
DUKAS, H. e HOFFMANN, B. (org.), Albert Einstein: o lado humano. Rápidas visões colhidas em seus arquivos, Brasília, Editora da UnB, 1984.
EINSTEIN, A., Escritos da maturidade, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1994.
______. Como vejo o mundo, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1981.
GOLGHER, I., O universo físico e humano de Albert Einstein, Belo Horizonte, Oficina de Livros, 1991.
HAWKING, Stephen Buracos negros, universos-bebês e outros ensaios, Rio de Janeiro, Rocco, 1995
______. O Universo numa Casca de Noz, ARX, São Paulo, 2002.
______. Uma breve história do tempo. Do big bang aos buracos negros, Rio de Janeiro, Rocco, 1988 [reedição:2002]
PAIS, A., Sutil é o Senhor: a ciência e a vida de Albert Einstein, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1995.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Lenta Agonia da Liberdade

O mundo ocidental passa por um processo cada vez mais patente de restrição das liberdades. Países da União Europeia, e das Américas estão sendo cada vez mais dominados pela ditadura do politicamente correto que nada mais é do que um emaranhado de ideologias que, em nome de garantir as liberdades, cada vez mais calam e silenciam desde o cidadão comum até conglomerados da mídia.
Nem mesmo os Estados Unidos estão imune a este mal. Lá, como cá, as pessoas estão cada vez mais direcionadas a pensar da maneira como se quer que elas pensem e não de acordo com suas experiências e formação familiar.
Nas últimas quatro décadas pelo menos, idéias-força vêm sendo criadas com o objetivo de imprimir na mente da população, verdades universais que se tornam inquestionáveis e imunes a qualquer tipo de crítica ou questionamento. Exemplos não faltam. Para ilustrar, basta que alguém questione o aquecimento global antropogênico, seja contra a homossexualidade ou aos diversos tipos de cotas que imediatamente uma multidão de censores bradará contra seu posicionamento. Afinal, o homem é responsável pelo aquecimento global, a homossexualidade é linda e maravilhosa e as cotas são o supra-sumo da justiça. Qualquer opinião contrária a estes verdadeiros princípios fundamentais da humanidade deve ser censurada e criminalizada.
Sob os argumentos como "os gays precisam ser protegidos, o meio ambiente preservado, e os excluídos amparados", progressivamente são aprovadas leis que criminalizam toda a opinião divergente do determinado pelo politicamente correto. A lei anti-homofobia é o exemplo mais claro. Não obstante, toda a sorte de estudos científicos, estatísticos e históricos que questionem estes e outros princípios (feminismo, sustentabilidade, etc) é imediatamente relegado às trevas. Para estes estudos, não há financiamento público nem incentivo estatal. Muito pelo contrário. A campanha é justamente a da falsidade peremptória, onde tudo aquilo que vá de encontro aos postulados determinados é automaticamente considerado falso, não interessando se os métodos de pesquisa e os dados estejam rigorosamente corretos.
Para aqueles que pensam estar na escola a solução para esta padronização de idéias, atenção. É justamente nela que elas são replicadas e difundidas nas cabeças de nossos estudantes. Com o Estado tendo o monopólio do currículo educacional, nossos futuros pensadores serão apenas difusores das idéias-força determinadas pela elite esquerdista já estabelecida em todos os setores da política, educação e meios de comunicação.
O grande truque para o sucesso de tal lavagem cerebral é a difusão sistemática de que, para garantir a liberdade de todos é preciso proteger as assim chamadas minorias. Com este argumento romanticamente defendido e diabolicamente planejado, as pessoas começam a aceitar progressivas retaliações nas suas atitudes e opiniões. Não conseguem perceber que caminham lentamente para o controle estatal completo de seus pensamentos e atitudes em virtude se viverem iludidos em uma névoa de novas leis morais e comportamentais determinados pela "opinião pública" e "pela maioria", dois conceitos suficientemente abstratos para serem manipulados de forma a constituírem-se em expressão verdadeira da vontade geral, quando na verdade não passam de ferramentas utilizadas para a homogeneização do pensamento.
Com o controle dos mecanismos formadores de opinião e da educação fica extremamente fácil falsificar os dados: basta que se publiquem pesquisas de opinião em institutos "independentes" para que se transmutem na expressão inequívoca da verdade. Assim, a opinião publicada passa a ser a opinião pública, formadora e padronizadora de idéias.
Nenhum exemplo é mais ilustrativo para compreendermos como funciona este mecanismo como a famigerada lei anti-homofobia. Nesta lei a opinião contrária à prática homossexual é criminalizada. Vejam bem, a opinião! A desculpa: para garantirmos a liberdade dos gays que vivem num malvado país homofóbico. A proibição do fumo em bares e restaurantes segue na mesma linha: o proprietário do estabelecimento não pode permitir o acesso de fumantes em seu estabelecimentos. A desculpa: para preservar a saúde dos demais frequentadores. Vejam que de uma só tacada foram retiradas três liberdades: a do dono do restaurante de permitir fumantes, a dos fumantes de ir a bares e restaurantes e a dos que não fumam de escolherem se querem frequentar um ambiente com ou sem fumantes. A lei da palmada, sob a justificativa de proteger as crianças, retiram dos pais a liberdade de educar seus filhos como eles próprios foram educados o que, na maioria das vezes, requer uma palmada ou outra, além de impedir que as crianças recebam uma formação familiar, moral e religiosa sólida.
Estes foram apenas alguns exemplos de inúmeras leis que retiram liberdades individuais com a promessa de preservar estas mesmas liberdades. Sem percebermos, estamos tendo cada vez mais tolhida a nossa autonomia para expressarmos nossos posicionamentos morais, religiosos e culturais. Não bastasse a morte lenta desta liberdade, criam-se pequenos grupos imunes a qualquer tipo de crítica e dúvida, verdadeiros deuses da virtude. A desculpa para isto, é a mesma ladainha de sempre: preservar a liberdade.
Sob este argumento, a sociedade vai ficando cada vez mais segmentada e polarizada. Com a sucessiva concessão de privilégios legais às minorias e restrições à maioria, cria-se um ambiente de crise mais acentuado, propício ao surgimento de grupos radicais dos dois lados. Para contar os ânimos que vão se exaltando a sociedade como um todo passa a aceitar, inclusive a incentivar, um poder estatal ainda mais forte, a fim de conter as animosidades e colocar "ordem na casa". E adivinhem quais as medidas que são adotadas? Cerceamento de liberdades. O partido, que criou o problema, passa a ser vista como sua solução.
É a lenta agonia da liberdade que passa a abrir espaço para um verdadeiro totalitarismo. Tudo sob os aplausos calorosos de nossos intelectuais e estudantes devidamente fardados com a face negra de Che Guevara.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Curiosidades na História

Abraham Lincoln foi eleito para o Congresso em 1846.
John F. Kennedy foi eleito para o Congresso em 1946 .

Abraham Lincoln foi eleito Presidente em 1860.
John F. Kennedy foi eleito Presidente em 1960.

Ambos estiveram muito empenhados em melhorar os direitos civis.
As esposas de ambos perderam filhos enquanto estavam na Casa Branca.

Ambos os Presidentes foram assassinados numa quinta-feira.

Ambos foram alvejados na cabeça.

A secretária de Lincoln tinha de apelido Kennedy,
E a secretária de Kennedy tinha de apelido Lincoln.

Ambos foram assassinados por homens do sul dos E.U.A. e ambos substituídos por homens do sul com o mesmo apelido: Johnson .

- Andrew Johnson, que substituiu Lincoln, nasceu em 1808.
- Lyndon Johnson, que substituiu Kennedy, nasceu em 1908

John Wilkes Booth, que assassinou Lincoln, nasceu em 1839.
Lee Harvey Oswald, que assassinou Kennedy, nasceu em 1939.

Ambos usavam e eram conhecidos pelos seus 3 nomes, algo não muito praticado na cultura norte-americana.

A soma das letras dos nomes de ambos, dá o mesmo número: 15.

E agora, agarra-te à cadeira ! ! !

Lincoln foi assassinado dentro de um teatro de nome "Ford"
Kennedy foi assassinado num carro Ford, modelo Lincoln.

Tanto Booth como Oswald foram assassinados antes de serem apresentados a julgamento.

E, para tornar tudo ainda mais misterioso,

Uma semana antes do seu assassinato, Lincoln esteve em Monroe, Maryland
e uma semana antes do seu assassinato, Kennedy esteve com Marilyn Monroe.

domingo, 10 de junho de 2012

Direito penal politicamente correto

Código Penal para acadêmicos: rígido com o abandono de cães, não com o aborto. Homicídio prescreve; racismo não. Drogas? Caso de saúde. Bullying? Polícia.

Penalistas sempre denunciaram o fato de o legislador criar crimes para atender o clamor público. Mas várias das propostas para um novo Código Penal vêm para atender aos reclamos da intelectualidade.

Por um lado, a comissão diminui a pena daquele que realiza um aborto na gestante e alarga consideravelmente as hipóteses em que se torna lícita tal prática. Por outro, a mesma comissão propõe pena de um a quatro anos para quem abandona um cachorro na rua.

Isso sendo que, atualmente, o abandono de incapaz está sujeito a uma pena de seis meses a três anos.

Não é raro, no ambiente acadêmico, encontrar pessoas que defendem o aborto como política de saúde pública e, ao mesmo tempo, entendem ser crime grave usar ratos como cobaias de laboratório. É uma inversão de valores intrigante.

A questão da discriminação é outro exemplo. Alarga-se significativamente a incidência do direito penal nessa seara, quando, com todo o respeito, ações afirmativas seriam muito mais eficazes.

Nesse sentido, cumpre destacar que já não há qualquer proporcionalidade no fato de o racismo ser imprescritível enquanto o homicídio prescreve. E todos aceitam tal situação como normal...

Foi aplaudida também a proposta de criminalização do Bullying e do tal stalking (perseguição obsessiva), pois é inadmissível alguém ser humilhado.

Os juristas se esquecem de que um pouco de agressividade faz parte do processo de amadurecimento -e que ensinar a criança e o adolescente a respeitarem o outro é papel da família e dos professores, não da justiça penal.

Ademais, os atos de violência que resultam em morte ou lesão grave já são crimes onde quer que ocorram, inclusive na escola.

Criminalizar o Bullying retirará dos pais e dos professores a sua responsabilidade. Para que dialogar? Por que tentar integrar? Basta chamar a polícia.

A esse respeito, é curioso constatar que o mesmo grupo que defende que as drogas são uma questão de saúde traz propostas que implicam dizer que falta de educação é um problema policial.

Paulatinamente, abrimos mão de nossos poderes e deveres em prol de um Estado interventor, que nos dita como ser, pensar e falar. É o império da padronização.

Também é surpreendente a notícia de que a comissão preverá o acordo como solução célere do processo, principalmente pelo fato de, ao ser anunciada a medida, ter sido comemorado o rompimento com o devido processo legal, uma das maiores conquistas democráticas.

Quem conhece a realidade forense sabe que não existe qualquer paridade entre as partes. Como na transação penal, os acordos serão impostos -com a conivência de muitos defensores.

Mesmo que decidamos adotar o instituto da barganha -que, aliás, tem natureza também processual- é necessário, primeiro, um maior amadurecimento.

Por mais que a legislação atual seja falha, não pode ser reformulada a toque de caixa. São Tomás de Aquino já ensinava que só é justificável mudar a lei quando os bônus são maiores que os ônus.

Não é o que se anuncia. Não podemos transformar a lei penal, braço mais forte do Estado, em uma sucessão de bandeiras do politicamente correto. Há medidas menos invasivas e mais efetivas para a concretização de uma sociedade mais solidária.

sábado, 2 de junho de 2012

Paulo Freire é o Patrono da Educação Brasileira... Quem??????

Vocês conhecem alguém que tenha sido alfabetizado pelo método Paulo Freire? Alguma dessas raras criaturas, se é que existem, chegou a demonstrar competência em qualquer área de atividade técnica, científica, artística ou humanística? Nem precisam responder. Todo mundo já sabe que, pelo critério de “pelos frutos os conhecereis”, o célebre Paulo Freire é um ilustre desconhecido. As técnicas que ele inventou foram aplicadas no Brasil, no Chile, na Guiné-Bissau, em Porto Rico e outros lugares. Não produziram nenhuma redução das taxas de analfabetismo em parte alguma. Produziram, no entanto, um florescimento espetacular de louvores em todos os partidos e movimentos comunistas do mundo. O homem foi celebrado como gênio, santo e profeta. Isso foi no começo. A passagem das décadas trouxe, a despeito de todos os amortecedores publicitários, corporativos e partidários, o choque de realidade.
Eis algumas das conclusões a que chegaram, por experiência, os colaboradores e admiradores do sr. Freire: “Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político e ideológico, não um educador.” (John Egerton, “Searching for Freire”, Saturday Review of Education, Abril de 1973.) “Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a ‘conscientização’ ser um outro modo de anestesiar e manipular as massas? Que novos controles sociais, fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua política social? Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora com a conclusão lógica da sua pedagogia, a violência da mudança revolucionária?” (David M. Fetterman, “Review of The Politics of Education”, American Anthropologist, Março 1986.)
“[No livro de Freire] não chegamos nem perto dos tais oprimidos. Quem são eles? A definição de Freire parece ser ‘qualquer um que não seja um opressor’. Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, não a ação.” (Rozanne Knudson, Resenha da Pedagogy of the Oppressed; Library Journal, Abril, 1971.) “A ‘conscientização’ é um projeto de indivíduos de classe alta dirigido à população de classe baixa. Somada a essa arrogância vem a irritação recorrente com ‘aquelas pessoas’ que teimosamente recusam a salvação tão benevolentemente oferecida: ‘Como podem ser tão cegas?’” (Peter L. Berger, Pyramids of Sacrifice, Basic Books, 1974.) “Alguns vêem a ‘conscientização’ quase como uma nova religião e Paulo Freire como o seu sumo sacerdote. Outros a vêem como puro vazio e Paulo Freire como o principal saco de vento.” (David Millwood, “Conscientization and What It's All About”, New Internationalist, Junho de 1974.) “A Pedagogia do Oprimido não ajuda a entender nem as revoluções nem a educação em geral.” (Wayne J. Urban, “Comments on Paulo Freire”, comunicação apresentada à American Educational Studies Associationem Chicago, 23 de Fevereiro de 1972.) “Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel de um guru ideológico flutuando acima da prática.” (Rolland G. Paulston, “Ways of Seeing Education and Social Change in Latin America”, Latin American Research Review. Vol. 27, No. 3, 1992.) 
“Algumas pessoas que trabalharam com Freire estão começando a compreender que os métodos dele tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos desses métodos mesmos.” (Bruce O. Boston, “Paulo Freire”, em Stanley Grabowski, ed., Paulo Freire, Syracuse University Publications in Continuing Education, 1972.) Outros julgamentos do mesmo teor encontram-se na página de John Ohliger, um dos muitos devotos desiludidos (http://www.bmartin.cc/dissent/documents/Facundo/Ohliger1.html#I). Não há ali uma única crítica assinada por direitista ou por pessoa alheia às práticas de Freire. Só julgamentos de quem concedeu anos de vida a seguir os ensinamentos da criatura, e viu com seus próprios olhos que a pedagogia do oprimido não passava, no fim das contas, de uma opressão da pedagogia.
Não digo isso para criticar a nomeação póstuma desse personagem como “Patrono da Educação Nacional”.
Ao contrário: aprovo e aplaudo calorosamente a medida. Ninguém melhor que Paulo Freire pode representar o espírito da educação petista, que deu aos nossos estudantes os últimos lugares nos testes internacionais, tirou nossas universidades da lista das melhores do mundo e reduziu para um tiquinho de nada o número de citações de trabalhos acadêmicos brasileiros em revistas científicas internacionais. Quem poderia ser contra uma decisão tão coerente com as tradições pedagógicas do partido que nos governa? Sugiro até que a cerimônia de homenagem seja presidida pelo ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, aquele que escrevia “cabeçário” em vez de “cabeçalho”, e tenha como mestre de cerimônias o principal teórico do Partido dos Trabalhadores, dr. Emir Sader, que escreve “Getúlio” com LH. A não ser que prefiram chamar logo, para alguma dessas funções, a própria presidenta Dilma Roussef, aquela que não conseguia lembrar o título do livro que tanto a havia impressionado na semana anterior, ou o ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de cabeça.