"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

ELES SÃO DEMAIS!!!


Quando Cole Porter veio ao Rio, assistiu do palanque o desfile de 7 de Setembro. Quando viu passar a Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais, ele puxou o Ary Barroso pela manga do paletó e perguntou sério:
- O que é isso? Eles não seguem a cadência do bumbo como todos os militares do mundo? Eles pisam num ponto surdo entre as batidas! E eles balançam para os lados como se estivessem dançando!!!
O Ary respondeu: É porque é uma banda de mulatos que tocam de ouvido e não marcham. Eles desfilam, o que é diferente. Esse balanço se chama "ginga", mas eu não vou tentar te explicar porque você não entenderia nunca...
A banda marcial não tem instrumentos musicais convencionais, mas apenas clarins, cornetas, pífaros e gaitas de foles, além da ala chamada "pancadaria".
Confira a Banda Marcial do CFN se apresentando no maior festival de bandas militares do mundo "Edinburgh Military Tattoo 2011" na Escócia no período de 05 a 27 de agosto.
Um Show!

NÃO APRESSE O RIO.

Nesses dias tumultuados de hoje, onde se corre o tempo todo, onde não se tem tempo para apreciar as belezas ao nosso redor, não se tem tempo para os amigos, para a familia, onde não ha lugar para o romantismo, onde se busca ser o primeiro em tudo, onde se traça patamares elevadissimos, onde a disputa é alta, como tambem é alto o nivel de stress, onde os "tarja preta" passam a fazer parte da nossa vida, será que não é a hora de parar um pouco e repensar?
Vi este texto por ai, simples, sem muita poesia, meio mambembe, mas me fez pensar um pouco na visão que temos de nossas vidas. Leiam e reflitam um pouquinho.


Não apresse o rio, ele corre sozinho.
Corre sozinho, vai seguindo seu caminho.
Não necessita ser empurrado.
Pára um pouquinho no remanso.
Apressa-se nas cachoeiras.
Desliza de mansinho nas baixadas.
Precipita-se nas cascatas.
Em meio a tudo isso vai seguindo seu caminho.
Sabe que seu destino é para a frente.
O rio não pode recuar.
Seu caminho é seguir em frente.
É vitorioso, abraçando outros rios,
vai chegando no mar.
A vida da gente deve ser levada do jeito do rio.
Deixar que corra como deve correr.
Sem apressar e sem represar.
Sem ter medo da calmaria
sem evitar as cachoeiras.
Correr do jeito do rio,
na liberdade do leito da vida
abraçado a outros rios
A vida é como o rio.
Por que apressar?
Por que correr se não há necessidade?
Por que empurrar a vida?
Por que chegar antes de se partir?
Toda natureza não tem pressa.
Vai seguindo seu caminho.
Assim também é a árvore,
assim são os animais.
Tudo o que é apressado
perde o gosto e o sentido.
A fruta forçada a amadurecer
antes do tempo perde o seu sabor.
Tudo tem seu ritmo.
Tudo tem seu tempo.
E então, por que apressar a vida da gente?
A gente deveria ser como um rio.
Livre dos empurrões dos outros e dos próprios.
Livre da poluição alheia e das nossas.
Rio original, limpo e livre.
Rio que escolheu seu próprio caminho.
Rio que sabe que vai chegar.
Sabe que não ha como encurtar o tempo
A gente deveria se dizer:
não apresse o rio, ele anda sozinho.
deve-se dizer a si mesmo e aos outros:
não apresse a vida, ela anda sozinha.
Deixe-a seguir seu caminho normal.
Tudo tem o tempo certo para ocorrer
observe as coisas ao seu redor
caminhe junto com outros
todos se alimentam
todos chegam lá

(Autor desconhecido)

domingo, 25 de dezembro de 2011

SORDIDEZ ANTROPOGÊNICA: AQUECIMENTISTAS APELAM ATÉ AO PAPAI NOEL

Após toneladas de evidências de que a ciência do “aquecimento global causado pelo homem” não passou de mais um mito, um gigantesco pretexto para infinitas políticas de controle sobre a ação humana, eis que um novo personagem chega para fundamentar cientificamente a malfadada hipótese: Papai Noel. É o que pretende David Suzuki, zoólogo e famoso ativista ambiental canadense. Uma descrição bastante interessante de sua biografia e carreira como ativista encontra-se no livro “Uma demão de verde”. Suzuki é também conhecido por comparar os seres humanos à larvas, como pode ser visto no vídeo de um programa de TV para jovens, nos idos dos anos 1970, em que ele era o apresentador e criador. Junto com outra personalidade tão obscura como influente, algo como um José Dirceu do ambientalismo, Maurice Strong, Suzuki foi um dos mentores da Rio-92, período em que ambientalistas estavam de amores com Paulo Payakan, o índio estuprador inimputável. Mas eis que, nesse Natal, o outrora zoólogo desdenhoso da condição humana, por ele desprezada como parasitária de recursos naturais, apela ao coração das crianças para que comprem presentes no site da Fundação Suzuki e ajudem o Papai Suzuki, digo, Noel a ter um lugar para viver. “Mudanças climáticas estão derretendo o Polo Norte e este não é mais um lugar seguro para Papai Noel e sua Oficina. Assim, nosso velho amigo está preparando o seu trenó para buscar um outro lugar para viver . Você pode ajudar! Visite o website para achar presentes que você possa comprar para ajudar Papai Noel a encontrar um lugar temporário para sua Oficina e proteger o Polo Norte para que ele retorne. É claro, você é esperto o bastante para saber que não estaremos enviando presentes reais para o Papai Noel. Você receberá um recibo de 100% de sua compra e o dinheiro será utilizado pela Fundação David Suzuki no apoio ao nosso trabalho crítico de proteger a natureza e o ambiente das ameaças como o aquecimento global. Comprando esses presentes “verdes” e e-cards personalizados para pessoas difíceis de presentear ou parentes é um grande modo de mostrar que você se preocupa com eles – e com o planeta! Sinceros agradecimentos. Fundação David Suzuki" David Suzuki deve estar vendo seu Polo Norte imaginário se derreter. Na pele do bom velhinho, procura um lugar temporário para viver. E para isso, precisa do dinheirinho das crianças-larvas. Até a deplorável “ciência” do AGA deve ter experimentado momentos menos sórdidos.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NÃO HÁ LUZES EM PORTO ALEGRE

Então é natal... E, conforme notícias que recebo da terrinha, a capital gaúcha parece não se importar muito com isso. A decoração natalina da cidade é pífia, restringida aos centros de compras e às fachadas de algumas residências. O poder público não está muito preocupado em decorar as ruas, praças e prédios públicos com a típica decoração que caracteriza essa época. Lamentável e triste, porém não surpreendente. Este tipo de comportamento é cada vez mais comum tanto nas atitudes de nossos governantes quanto de nossa população.
Esta mudança de comportamento não iniciou-se ontem. Porto Alegre, e o Estado do Rio Grande do Sul, como um todo, tem passado continuamente por um processo de desconstrução comportamental e engenharia social. Cada vez mais, os valores tradicionais são corroídos por intermédio da infiltração progressiva de uma ideologia retrógrada e alienante que torna a população alheia a tudo aquilo que representa a "antiga ordem burguesa" em nome de uma nova ordem que nada mais é do que a desconstrução total de todas as crenças e valores que nos impelem a fazer uma decoração natalina, ou cuidar de um jardim ou monumento público por exemplo.
Por outro lado, seria arriscado fazer da capital gaúcha uma cidade iluminada pelas luzes de natal. A probabilidade de depredação é muito grande, basta verificarmos o estado de conservação de qualquer benfeitoria, desde telefones públicos quebrados e pichados até estátuas e placas destruídas ou roubadas. Assim, fica complicado de se saber: ou a cidade está apagada por omissão do poder público ou por temor de ter sua decoração destruída, como é de praxe acontecer na capital dos revoltadinhos.
O fato é que a cidade está morna, apagada, sem vida. Nem parece que chegou o natal. E a culpa é de quem? Ora, os culpados são exatamente as pessoas que estão nos governando. São eles que aprovam leis como a que proíbe os pais de educarem seus filhos. São eles que saem a dizer nos jornais que um estudante não pode reprovar em sala de aula, que a polícia é violenta e que os bandidos são "vítimas da malvada sociedade". Os culpados são, também, toda essa corja de educadores, filósofos, jornalistas pedagogos e tutti quanti que retiram as noções de responsabilidade de nossos estudantes e a autoridade dos pais e professores.
A quebra e ataque sistemático aos valores de família, religião, responsabilidade e respeito traz à tona uma leva de jovens e adultos sem qualquer preocupação com a preservação de tradições que nos acompanham a mais de 2000 anos. Para estas pessoas, o natal não é uma celebração do nascimento de Cristo, mas uma mera festividade capitalista e que por isto deve ser combatida.
Não é difícil de se constatar este tipo de mentalidade. Basta lembrar do episódio do relógio dos 500 anos do Brasil que foi destruído por um bando de acéfalos, mera massa de manobra utilizada pelo pessoalzinho da esquerda, onde tudo é símbolo do imperialismo norte-americano, exceto o que foi erigido pelo partido.
Não há luzes em Porto Alegre, e não só luzes de natal. Não há luzes, sequer lampejos, de inteligência ou de esperança em recuperarem-se os valores que sempre caracterizaram aquele povo como gaúchos, especialmente o apego às tradições. O povo do Rio Grande sempre foi ligado muito às tradições, sempre foi um povo conservador. Infelizmente parece que está se esquecendo disto. Estão sendo seduzidos cada vez mais por discursos demagógicos que envenenam suas cabeças. Mesmo as lideranças conservadoras são cada vez mais rarefeitas, silenciadas e acovardadas.
Vestir bota e bombacha não torna ninguém tradicionalista. Tradicionalismo está na alma e no coração, mas eles já foram entregues à sedutora melodia do "novo mundo é possível".

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

FEITICEIROS DO SÉCULO XXI

Quando adoecemos, nosso corpo apresenta vários sintomas: febres, dores, erupções cutâneas, problemas circulatórios ou neurológico, dentre outros. Rapidamente, o primeiro reflexo é buscarmos atenuar os efeitos da moléstia através da administração de medicamentos que vão atacar as consequências de um agente biológico que conseguiu despistar as defesas do corpo e se instalar em suas células, onde se reproduz e as destrói. Assim adoecemos. Bactérias, vírus, fungos e outros microorganismos hostis atacam a constituição básica do organismo: a célula. Não os vemos, mas sabemos que estão atuando pelos sintomas produzidos. Mas nem sempre foi assim.
Na Antiguidade, e mesmo no início da Idade Média, doenças eram atribuídas a espíritos demoníacos, ou à ira dos deuses. Era preciso se fazer sacrifícios e festivais para manter o povo saudável, ou seguir as orientações da Igreja, a fim de que fosse mantida um estado de higidez razoável e impedir que os demônios dominassem as pessoas. Qualquer um que ousasse desafiar este entendimento e buscar uma explicação mais lógica e científica era acusado de feitiçaria, ou de se envolver com as forças ocultas. Assim, por muito tempo, estudiosos passaram anos no ostracismo, sendo seus estudos somente levados a sério séculos mais tarde, ou ficando limitado a seu tempo aos manuscritos dos templos e igrejas.
Hoje, verificamos que a situação de outrora pode ser aplicada com precisão assustadora. Mas, evidentemente, não no campo da medicina. Afinal, não são mais as doenças do indivíduo que não entendemos, mas aquelas que atingem um outro corpo: o corpo da sociedade.
Não são poucos os sintomas que comprovam o estado senil do tecido social. A vulgarização da imagem da mulher, a indiferença diante da corrupção em todos os sentidos e a sexualização cada vez mais precoce de nossas crianças são alguns poucos exemplos de que, se não estamos na UTI, caminhamos a passos largos para ela. Felizmente, conforme ocorrera séculos, milênios atrás, temos nos dias de hoje pessoas que enxergam a causa da doença que aflige nossa sociedade. Infelizmente, porém, a eles é dado a alcunha de teóricos da conspiração, um nome moderninho para feiticeiros e bruxos. Estamos doentes por um motivo simples: nossas células estão cada vez mais fracas e debilitadas. E a célula da sociedade é a família.
Confirmar o diagnóstico não é difícil. Com o avanço totalitário da agenda homossexual, a família se torna cada vez mais um amontoado de gente (e futuramente coisas) onde um mero desejo sexual, fantasia, desordem, doença ou seja lá o que for, consegue se impor de maneira tão agressiva que sequer pode ser criticada. Quando alguém se desculpa porque disse que prefere não ser homossexual, temos noção da gravidade da coisa. Pensadores e analistas como Olavo de Carvalho e Júlio Severo previram com exatidão cirúrgica que este tipo de coisa iria acontecer. Foram acusados de "feitiçaria".
A pressão e o lobby pró gay é tamanho que, após conseguirem retirar por mera pressão política o homossexualismo da lista de doenças psicológicas, agora existem estudos para que a pedofilia seja retirada do rol desse tipo de doença, e passe a ser encarada apenas como mais um desejo, ou preferência. Surpresa? Claro que não. Foi o mesmo raciocínio utilizado para que o homossexualismo passasse a ser uma coisa bacana, e até desejável hoje em dia, considerando a apologia que se faz a este tipo de conduta.
Minando a noção tradicional de família, mina-se toda a estrutura moral de qualquer sociedade, independente dos valores nos quais ela se assenta.
Em SC, já se concedeu pensão às duas amantes de um homem casado com uma terceira. Ou seja, acabou-se de vez a noção de responsabilidade e de construção de laços duradouros. Afinal, se a outra (ou outras, ou outros) começam a ter direitos semelhantes ao do cônjuge, porque então se preocupar em ter um relacionamento duradouro e fiel, com todos os problemas inerentes à convivência? Para que se preocupar em ter filhos. Afinal, hoje, todo mundo é de ninguém e de todo mundo também não é mesmo.
Com a família cada vez mais deteriorada, não tardará a acontecer cenas como a de um episódio de "Os Simpsons", onde Homer é pastor de sua própria igreja e passa a realizar casamentos entre "qualquer coisa e qualquer coisa". Este é um futuro muito provável quando um desejo ou preferência sexual subverte a ordem natural das coisas. Em breve, teremos movimentos contra a pedofilia, a coprofilia, a zoofilia, a poligamia e tantos outros desvios sexuais. Não é teoria da conspiração, é apenas a evolução lógica da doença que se instalou em nossa sociedade. Antes, homossexuais faziam suas atividades e ninguém se importava com eles, desde que não invadissem a vida privada de terceiros. Hoje eles não só invadem como impedem qualquer reação contrária à sua orientação sexual.
Qualquer pessoa que ouse fazer uma ligação, por mais acertada que seja, da imposição da agenda gay com a deteriorização de todos os valores morais de nossa sociedade é imediatamente colocada na fogueira. São os novos feiticeiros, os bruxos do século XXI. Seus carrascos? Os representantes e defensores da hegemonia gay. Esses tornaram-se os mais intolerantes dos seres humanos.

FELIZ NATAL


“Tunguei” o texto abaixo do site Mens Insana in Cor Sano (http://insanadiron.blogspot.com), do publicitário paulista Fabio Adiron, a quem agradeço, por julgar ser ótimo instrumento para desejar um Feliz Natal e um próspero Ano Novo a todos os meus leitores. Obrigado pelas leituras, e continuaremos a nos encontrar em 2012.

Uma história de Natal
...não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria... Lucas 2:10

Tudo na vida de Lúdico era uma festa, fosse o simples sorriso de alguém no meio da rua, fosse a comemoração mais estapafúrdia que pudesse participar.
Não perdia um evento, encontro de ex-colegas, almoços de família e, até, o baile da 3a idade do parque, ainda que ele ainda estivesse longe de alcançá-la.
Para ele o Natal era o ápice de um ano festivo e a linha divisória que marcava o início de mais um ano de comemorações.
Amava todos os símbolos e hábitos natalinos. Ia ver a iluminação da Paulista, do Ibirapuera e da Rua Normandia. Comprava presentes para todos que imaginava que encontraria na ceia. Não poucas vezes entrou na fila e sentou no colo do papai noel de algum shopping, para deleite e risadas das crianças.
Comia, bebia e cantava Jingle Bells em várias línguas até o sol raiar.
No extremo oposto de toda essa alegria estava Lídimo. Um sujeito sério e carrancudo que achava intolerável todos os desvios do que ele chamava de compostura. Jamais sorriria para um estranho no meio da rua, aliás, jamais sorria.
O Natal de Lídimo era espartano. Rejeitava árvores pelas suas origens pagãs, abominava papai noel e discursava de maneira inflamada em defesa do verdadeiro sentido do Natal.
Sua comemoração se resumia ao culto formalíssimo de sua igreja, aos votos de feliz Natal ao pastor e demais pessoas que estivessem presentes no culto. Depois ia para casa e só não dormia imediatamente pois o barulho dos fogos lhe davam insônia.
Num certo Natal, por um contratempo, Lúdico se viu sozinho. Os familiares não fizeram a festa tradicional pois um deles estava hospitalizado em estado grave e cancelaram o jantar poucas horas antes do seu início.
Sem saber o que fazer, ele saiu passeando a pé pelas ruas da cidade.
No mesmo certo Natal, por outro contratempo, Lídimo se viu sozinho. Atendendo o pedido de vários membros que queriam viajar, a comemoração de Natal da igreja fora antecipada em 3 semanas (um absurdo, segundo Lídimo) e não houve culto no dia 24.
Sem saber o que fazer, ele saiu passeando a pé pelas ruas da cidade.
Lúdico viu aquele homem sozinho sentado no banco da praça e resolveu sentar-se ao lado dele. Como de hábito, ofereceu um sorriso. O homem era Lídimo, que não sorriu mas, apesar de carrancudo, era um sujeito educado e saudou Lúdico com um boa noite.
Lúdico puxou papo sobre as festas. Lídimo soltou o seu discurso. Lúdico ouviu-o atentamente, até o fim.
Depois começou a falar sobre a alegria de viver, sobre o sorriso das crianças, sobre o prazer de estar com as pessoas.
Lídimo se emocionou. Tantos Natais solitários e, no mais solitário de todos, alguém lhe falava de alegria.
Repensou seu discurso, e passou a falar de Jesus para Lúdico. Falou de sacrifício, de salvação, de vida eterna.
Enquanto falava, o Espírito tocou o coração de Lúdico.
Lídimo descobriu que era possível crer na alegria.
Lúdico descobriu que era possível se alegrar na fé.
Juntos foram até a loja de conveniência do posto de gasolina da praça e cearam juntos comendo pão de queijo e tomando um refrigerante.
Nunca mais tiveram um Natal sem Cristo ou sem alegria.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O DEUS DE SPINOZA E O MEU!

Outro dia me perguntaram se acredito em Deus. Fui criado na Igreja Católica Apostólica Romana. Na adolescência questionei muitos dogmas e passei a ler sobre outras religiões.
Não me fixei em nenhuma delas. Todas tem as suas falhas e certezas trazidas por aqueles que as pregam. Nunca acreditei no que determinaram que eu acreditasse, sempre questionei.
Aliás, eu questiono tudo nessa vida.
A melhor definição de Deus que eu conheço é essa, que mostro aqui para vocês.
É nesse Deus que eu acredito.
É de acordo com a crença neste Deus que eu procuro levar a minha vida.
Este é o Deus ou Natureza de Spinoza, e também o meu:
“Pára de ficar rezando e batendo o peito!
O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.
O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo.
Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz...
Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro.
Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho.
Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar.
Eu não quero que acredites em mim.
Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações?
Não me procures fora! Não me acharás.
Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti."

Baruch de Spinoza (24 de novembro de 1632, Amsterdã — 21 de fevereiro de 1677 Haia) foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã, no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. A sua família fugiu da Inquisição de Portugal. Foi um profundo estudioso da Bíblia, do Talmude e outros. Também se dedicou ao estudo de Sócrates, Platão, Aristóteles, Demócrito, Epicuro, Lucrécio e também de Giordano Bruno; Ganhou fama pelas suas posições de panteísmo (Deus, natureza naturante) e do monismo neutro, e ainda devido ao fato da sua ética ter sido escrita sob a forma de postulado e definições, como se fosse um tratado de geometria.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A MORTE DO CÃOZINHO

O espancamento de um cãozinho que foi filmado em Goiás se tornou o assunto polêmico da semana nas redes sociais. E virou notícia no país inteirinho.
Já estou até vendo a Sonia Abrão passar mais de uma semana requentando esse bizarro assunto em seu "pograma" entrevistando a "cinegrafista" e execrando publicamente a agressora. Mundo cão dos brabos em busca de audiência.
Certamente que a "doidona" que espancou o pobre animal levando-o a morte deve ser punida com os rigores da lei, mas a pessoa que passivamente filmou a agressão e depois postou o vídeo na internet também é responsável pela morte do animalzinho.
Não podemos deixar a sociedade brasileira se transformar em um bando de frios e oportunistas covardes "voyeurs" ávidos pelos momentos de fama que vídeos como esses podem proporcionar.
A pessoa que filmou é tão maluca quanto a agressora, e na minha visão, é cúmplice do assassinato do cão.
Fazer o vídeo e postar a denúncia na internet é muito confortável, a pessoa não se envolve, não tem que tomar partido em defesa do agredido, não enfrenta a fúria da malucona, apenas faz as imagens e denuncia via Youtube.
É muita covardia e ao mesmo tempo muito sangue frio. Assistir ao espancamento do bichinho e não se envolver é de uma torpeza estratosférica.
Se a pessoa que filmou a agressão tivesse tomado outra atitude, quem sabe partido para a ignorância contra a agressora atirando objetos sobre ela, chamado a polícia ou mesmo jogado um balde de água, certamente o final da história seria outro para o animal.
Mas preferiu convenientemente se acovardar, se esconder e friamente filmar a execução do indefeso cão em busca de uma polêmica notoriedade.
Agora, o comportamento bovino dos revoltados de plantão criam inúmeras "causes" em defesa dos animais no Facebook, postagens iradas e indignadas pipocam as milhares em defesa do falecido cão e chegam ao ápice da burrice em pedir pena de morte para a agressora. .
Perfis falsos no Facebook e no Twitter são criados com o nome da agressora e até imagens de pessoas que nada tem a ver com a situação são usadas para garantir a sanha de justiça da indignação virtual que toma os corações e mentes dos internautas de plantão.
Chegaram ao ponto de colocar na rede o número do telefone da casa da mãe da agressora como forma de aplacar a sede de sangue do pessoal do "proteste sentado." Como se a mãe da malucona tivesse culpa pelos atos da filha.
Certamente que é dever do estado responsabilizar a agressora, mas não podemos esquecer de jogar parcela da culpa em quem presenciou o ato e nada fez em defesa do agredido.
Não é ato de bravura ou de cidadania se manter alheio a uma atitude bárbara como a que vimos em nome de um "furo de reportagem" e depois postar heróicamente as imagens na internet. Isso não é denúncia e nem defesa de nada, isso é oportunismo barato e covardia explícita.
O que levou ao descontrole da agressora ao ponto de cometer tamanha covardia com o pobre animal?
Estaria ela em depressão, em um surto psicótico, ou tomando algum medicamento que possa alterar o comportamento a esse nível? Ou simplesmente ela resolveu encher o cão de porrada por ser sádica?
Devem ser investigadas todas as possibilidades para o comportamento da agressora e punir de acordo com as conclusões a que se chegar. O que não pode é deixar a população julgar e condenar bovinamente a enfermeira sem antes dar a ela o direito de defesa.
Agora, a pessoa que filmou estava confortavelmente em sua residência a uma distância segura do fato e nada fez pela vida do bichinho, essa sim é mais fria e feladapota do que a que matou.
E a criança que presenciou toda a barbaridade ficou relegada a um segundo plano onde ninguém se importa com ela, o que conta é o bichinho morto e o "heróico" vídeo da vigilante vizinha.
Certamente que o vídeo irá fazer com que muita gente pense duas vezes antes de cometer qualquer tipo de atrocidade, pois no mundo de hoje...
SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO!!

domingo, 18 de dezembro de 2011

O VISÍVEL CANSAÇO DOS PARTIDOS

O que chama dramaticamente a atenção na crise europeia é a fraqueza das lideranças e a incapacidade para trabalhar em conjunto e resolver o desafio de uma integração econômica em que a unificação monetária precedeu a unificação fiscal. É visível o cansaço dos partidos para se adequar ao novo século e transcender os nacionalismos do passado, fazedores da guerra, para avançar através de direitos civis e políticos da democracia e os direitos sociais de outro Estado de bem-estar. Claro, impulsionado pelo crescimento econômico e pela cidadania fiscal.
Mas dependerá do talento dos governantes que essas correntes retrógradas não cresçam e que a Europa retome o caminho indicado por Jean Monnet, De Gasperi, Adenauer, Spaak, Brandt, Mitterrand, Kohl e Felipe González, entre outros protagonistas das várias fases deste longo meio século de vida comunitária. Atualmente aqueles talentos são escassos.
As tentações nacionalistas surgem na Europa, assim como o renascimento de uma forma de fazer política, como na Argentina, que nos remonta há 60 anos. O risco, ou melhor, a armadilha do anacronismo está vinculada com as políticas adotadas por um persistente estilo de governo, agora imerso em um ambiente de crescente escassez de recursos.
Os funcionários, tributários de diferentes grupos, operam a golpes de telefone, mediante decisões bruscas e inesperadas, tidas em certos casos de autoritarismo, que submetem aos agentes econômicos os rigores de ordens que não se discutem. Se, como dizia Giovanni Sartori, as democracias atuais converteram o governo de direito em governo dos legisladores, nós estamos entrando no terreno pantanoso do governo da burocracia politica e de suas esferas de influência.

sábado, 17 de dezembro de 2011

ECOS DE 1935 DA CV

"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém". (Paulo, I Cor., X, 23).

Sendo o homem intrinsecamente livre para pensar e agir, o alerta do Apóstolo insere-se, perfeitamente, no contexto das idéias.
Ao admitir a violência revolucionária como postulado de sua filosofia, Marx condenou à execração ética todo o acervo de uma brilhante concepção.
O argumento dos fins humanitários não justifica a tirania dos meios, por afrontar a lei universal da harmonia que deve reger as relações humanas.
Ninguém tem o direito de impor aos semelhantes as soluções de sua preferência, sobretudo quando ameaçam a liberdade individual e o patrimônio privado.
Ao longo da História, o Brasil tem sido vítima contumaz dos próprios filhos rebeldes, de mentes colonizadas por idéias estrangeiras, ao serviço de uma metrópole geopolítica.
Patrocinados pelo expansionismo estalinista, os insurgentes de 1935 apunhalaram a alma nacional, nas vítimas adormecidas do 3º Regimento de Infantaria e da Escola de Aviação Militar.
Sufocada a intentona, sobreviveu a motivação subterrânea, voltando a emergir no início da década de 1960, sob os termos revisionistas do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética.
Ao dividir-se o movimento, as facções fundamentalistas retomaram o uso da força no final da década, sob novo patrocinador estrangeiro, sendo contidos pela repressão governamental.
Quem adota a violência não pode eximir-se da reciprocidade. A sociedade nacional, de índole pacífica e ordeira, ainda não descobriu a vacina patriótica para o vírus da traição.
Acolhidos novamente pelo espírito conciliador da Nação, grupos ideológicos chegaram ao poder, aproveitando-se da via democrática que tanto buscaram destruir.
A ética revolucionária, porém, não se satisfaz com a pacificação política. Desconhecendo o sentimento de perdão consagrado nas iniciativas de anistia desde 1822, acaba de ser instituído um mecanismo potencialmente revanchista, cinicamente destinado à busca da verdade.
Enquanto houver imprensa livre, no entanto, a verdade dos fatos voltará a aparecer, dissipando os miasmas de tirania.
A quem, licitamente, se deixa dominar por uma idéia, convém a reflexão de Goeth: “Ninguém é mais escravo do que aquele que se julga livre sem o ser”.
POLÍTICA BRASILEIRA E CRISE MUNDIAL

Algo realmente difícil de explicar é o fascínio dos intelectuais a regimes autoritários de esquerda. Tais regimes já infernizaram a vida de muitos milhões de seres humanos em todo o mundo.
Mario Lago era um brasileiro famoso e dono de um senso crítico afiado e perspicaz. Por várias décadas ele apoiou projetos de esquerda e foi preso “n” vezes. Por seus vínculos fortes e duradouros com o partido comunista, visitou a Rússia em 1957, a convite do governo daquele país. E decepcionou-se com o regime comunista quando o viveu na pele, porque o pecado maior do sistema é o excesso de autoritarismo.
Mario era um boêmio multifacetado. Um homem que se antecipou aos intelectuais da época quer nas artes cênicas, quer na música e na poesia, mas essencialmente na política. Ele nunca se confinou a um único reduto razão porque se lhe abriram diversas possibilidades em sua vida profissional e ensinava a outros comunistas: “Mintam sempre. Informem que vocês foram torturados e que sofreram as agruras da ditadura militar. É importante para a causa.”
Gabriel Garcia Márquez, prêmio Nobel de Literatura, é amicíssimo e grande admirador de Fidel Castro. Isso há décadas.
Oscar Niemeyer, Chico Buarque e Luiz Fernando Veríssimo, são alguns exemplos de intelectuais brasileiros que apóiam Fidel e seu sistema de governo. Um sistema tão ditatorial que opiniões divergentes tem apenas duas alternativas:Cadeia ou paredón!
O comunismo instalado na ilha de Cuba há cerca de sessenta anos, faliu o país, destroçou sua economia e a repressão política matou sumariamente mais de sete mil cubanos que ousaram desafiar as ideologias do ditador Fidel.
Principalmente a partir de 2005, o governo brasileiro se aproximou perigosamente de vários líderes tiranos, envergonhando a nação brasileira perante as democracias mundiais mais relevantes. Fomos ridicularizados pela adoção de um viés esquerdista e sem respeito a direitos humanos.
Bem, neste ponto é conveniente parafrasear o grande Millor: “Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos bem.”
O filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), dizia: “Homo hominis lupus.” “O homem é o lobo do homem.”
Autoritarismo excessivo, exatamente por isso, não deve ocorrer jamais. O homem precisa freios para conter sua ambição e seu poder e considero a DEMOCRACIA como o regime político mais adequado e o CAPITALISMO como o sistema econômico mais interessante e justo para todos os cidadãos.
Porém, nada disso funciona a contento e nada satisfaz a população de todas as classes sociais, se não existir amor entre as pessoas. Aliás, é este amor que precisa atenuar as diferenças de poder aquisitivo entre as diversas classes sociais.
Mais que nunca entendo que o governo brasileiro deve paralisar suas muitas ações de viés gramsciano, porque isto nunca nos levará a um progresso real e sustentado e é de uma insanidade absoluta. Altamente prejudicial a seu povo.
O nosso querido Brasil, é um país de características únicas no planeta e um porto seguro e assaz atraente de aplicação de capital estrangeiro. Vale ressaltar:
-Temos estabilidade econômica e política. Estamos há dezessete anos com inflação sob controle e com política econômica responsável.
-PIB crescendo. Nosso PIB cresce bem acima do PIB dos EUA ou de qualquer país europeu.
-Consumo crescente da população: Nos últimos dez anos, seguramente 38 milhões de cidadãos brasileiros ascenderam socialmente e o consumo de bens desta gente, deu salto significativo, melhorando toda a cadeia econômica.
-Celeiro de alimentos. O Brasil, pela extensão de suas terras aliado a clima perfeito e tecnologia avançada, é hoje o maior exportador de alimentos do mundo, com ênfase para a soja, carne bovina e suína e de aves, suco de laranja, café, algodão e açúcar.
-Infraestrutura: As nossas deficiências estruturais são enormes. A construção e revitalização de estradas, portos, aeroportos e ferrovias, são oportunidades fantásticas para investidores.
Sei que é hora de planejar, arregaçar as mangas e trabalhar. O resto é resto.
E como propalava Albert Einstein;”Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento.”

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

DEMOCRACIA GREGA

Capital europeia do cinema, a cidade de Cannes foi palco da reunião do G-20, cuja missão principal era resolver, de uma vez por todas, o problema da Grécia. Chefes de Estado e de governo, ministros, diplomatas e técnicos, tentavam dar corpo final ao plano de resgate grego, visto como um ato de salvamento da própria União Europeia.
Quando tudo parecia acertado e apalavrado, o primeiro- ministro grego, Papandreou, declarou que iria submeter o plano a um referendo em seu país. Como paralisados pelas cinzas de um Vesúvio, chocados pela surpresa, líderes e burocratas presentes em Cannes não acreditaram naquela fala. O diretor de cinema anfitrião, a França, pediu para parar o filme e rodar novamente a cena. Não havia referendo, nem plebiscito no roteiro; isso tornaria indefinido o resgate, e a produção cinematográfica do G-20 tem recursos finitos, além disso a fita tem que ser concluída ainda nesse ano.
O ator grego, que depende do salário da UE para sobreviver, não teve outra saída a não ser guardar o seu script doméstico no bolso e refazer a cena, com as palavras esperadas: o plano é bem-vindo e nada de referendo! Contudo, ninguém se convenceu da interpretação de seu papel, visivelmente forçado; e a reunião da bela Cannes entrou para a história como um filme que teve a melhor cena cortada pela produção.
Berço da democracia ocidental, modelo universalizado de comportamento político, a democracia grega sofreu ali uma fissura em seu edifício. Seu patrimônio cultural deveria ser interditado para uma restauração emergencial, sob pena de ruir e se perder. A mensagem de Cannes é tão perigosa, ou mais,para o mundo, do que seria a bancarrota da economia grega para a União Europeia. A mensagem lançada é “o povo não deve opinar sobre esse assunto”.
Obcecados em preservar o seu legado econômico e sua influência política, ao mesmo tempo apegados à temperatura de seu eleitorado interno, os líderes europeus sacrificaram o que de fato identifica a Europa e a sua cultura como civilização. A reunião de Cannes era para gerar um bom documentário; verteu uma tragédia grega.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Homofobia não é crime

É perfeitamente legítimo que um heterossexual não goste de homossexuais, como é legítimo o inverso.
É um erro comum: alguém escreve sobre o julgamento de Oscar Wilde em 1895 e o apresenta como o momento infame em que a sociedade vitoriana resolveu reprimir "o amor que não ousa dizer seu nome".
Admito que essa versão faça as delícias das patrulhas, para quem Wilde virou mártir, ou santo. Mas, ironicamente, a perdição de Wilde não começou com a intolerância da sociedade vitoriana.
Começou quando o próprio decidiu limpar o seu nome das acusações "homofóbicas" do marquês de Queensberry, pai do seu amante Lord Alfred "Bosie" Douglas.
Se Wilde tivesse ignorado um mero cartão pessoal do marquês, onde este tratava o escritor por "sodomita", jamais teria ido parar na prisão de Reading Gaol.
Mas Wilde, em gesto inusitado para seu temperamento irônico, não gostou que se dirigissem a ele como homossexual. Partiu para a Justiça, processando o marquês.
Foi no decurso do julgamento que o jogo virou e Wilde, de alegada vítima, passou a réu. Sobretudo quando a defesa do marquês resolveu arrolar como testemunhas alguns rapazes que tinham sido, digamos, íntimos de Wilde.
A Justiça não gostou e condenou o escritor. Não porque ele era homossexual, entenda-se - a "buggery", mais do que um desporto, era até uma forma de iniciação entre "gentlemen" nos colégios de Eton ou na Universidade Oxford - mas porque agitara as águas de forma demasiado ruidosa numa sociedade que gostava de manter os seus vícios em privado.
Hoje, a condenação de Wilde pode parecer-nos de uma hipocrisia sem limites. Não nego. Mas existe uma outra moral na história: valerá a pena criminalizar a homofobia, como Wilde tentou fazer ignorando os conselhos dos seus amigos próximos, quando se despertam no processo outros abusos inesperados?
Marta Suplicy entende que sim e, em artigo na Folha de São Paulo, defende lei para criminalizar o "delito".
Infelizmente, a sra. Suplicy confunde tudo na discussão do seu projeto: homofobia; crime homofóbico e medicalização da homossexualidade. Como diria um contemporâneo de Wilde, Jack, o Estripador, vamos por pedaços.
Começando pelo fim, ninguém de bom senso defende que a homossexualidade é uma doença mental. Não é preciso consultar a Organização Mundial da Saúde para o efeito. Basta olhar para a história da espécie humana - e, mais ainda, para a diversidade do mundo natural - para concluir que, se a homossexualidade é loucura, então boa parte da criação deveria estar no manicômio.
De igual forma, ninguém de bom senso negará que persistem crimes medonhos contra homossexuais, seja no Brasil ou na Europa, porque os agressores, normalmente homossexuais reprimidos, não gostam de se ver no espelho.
O problema está em saber distinguir o momento em que uma aversão se converte em crime público. Porque a mera aversão não constitui, por si só, um crime.
Por mais que isso ofenda o espírito civilizado de Marta Suplicy, é perfeitamente legítimo que um heterossexual não goste de homossexuais. Como é perfeitamente legítimo o seu inverso.
Vou mais longe: no vasto mundo da estupidez humana, é perfeitamente legítimo não gostar de brancos; de negros; de asiáticos; de portugueses; de brasileiros; de judeus; de cristãos; de muçulmanos; de ateus; de gordos ou de magros. A diferença entre um adulto e uma criança é que o adulto entende que o mundo não tem necessariamente de gostar dele.
O que não é legítimo é transformar uma aversão em instrumento de discriminação ou violência. Não porque isso seja um crime homofóbico. Mas porque isso é simplesmente um crime.
E os crimes não têm sexo, nem cor, nem religião. Se Suplicy olhar para a estátua da Justiça, entenderá que os olhos da figura estão vendados por uma boa razão.
Pretender criminalizar a homofobia porque não se gosta de ideias homofóbicas é querer limpar o lixo que há na cabeça dos seres humanos. Essa ambição é compreensível em regimes autoritários, que faziam da lavagem cerebral um método de uniformização. Não deveria ser levado a sério por um Estado democrático.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

VOCE SABE O QUE É PIRUÁ?

A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.
Por isso tenho mais escrito que cozinhado. Gostaria de dedicar-me a algo que poderia ter o nome de "culinária literária", escrever sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.
Escrever, quem sabe, um livro poético-filosófico meditando sobre o filme A Festa de Babette que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, sociólogo, antropólogo, cientista e teólogo — porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento.
As comidas, para mim, são entidades oníricas.
Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.
A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, algum tempo atrás, assistindo uma palestra de um grande comunicador, o colega Ten Cel Adilson, ele mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas idéias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.
pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.
A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido.
Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.
Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado.
Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer; pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.
Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro.
"Morre e transforma-te!" — dizia Goethe.
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com colegas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
Um amigo, extraordinário professor pesquisador, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.
Por exemplo: em Minas "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Uma conhecida, passada dos quarenta, lamentava: "Fiquei piruá!" Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior.
Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á". A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.
Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira...

domingo, 11 de dezembro de 2011

EUROPEUS EM AUTO-DESTRUIÇÃO

A sociedade européia está em vias de se auto-destruir. O seu modelo social é muito exigente em meios financeiros. Mas ao mesmo tempo, os europeus não querem trabalhar. Só três coisas lhes interessam: lazer/entretenimento, ecologia e futebol na TV! Vivem, portanto, bem acima dos seus meios, porque é preciso pagar estes sonhos de miúdos...
Os seus industriais deslocalizam-se porque não estão disponíveis para suportar o custo de trabalho na Europa, os seus impostos e taxas para financiar a sua assistência generalizada.
Portanto endividam-se, vivem a crédito. Mas os seus filhos não poderão pagar 'a conta'.
Os europeus destruíram, assim, a sua qualidade de vida empobrecendo. Votam orçamentos sempre deficitários. Estão asfixiados pela dívida e não poderão honrá-la.
Mas, além de se endividar, têm outro vício: os seus governos 'sangram' os contribuintes. A Europa detém o recorde mundial da pressão fiscal. É um verdadeiro 'inferno fiscal' para aqueles que criam riqueza.
Não compreenderam que não se produz riqueza dividindo e partilhando mas sim trabalhando. Porque quanto mais se reparte esta riqueza limitada menos há para cada um. Aqueles que produzem e criam empregos são punidos por impostos e taxas e aqueles que não trabalham são encorajados por ajudas. É uma inversão de valores.
Portanto o seu sistema é perverso e vai implodir por esgotamento e sufocação. A deslocalização da sua capacidade produtiva provoca o abaixamento do seu nível de vida e o aumento do... da China!
Dentro em pouco, os chineses irão ultrapassá-los. Eles tornar-se-ão os pobres da China, que lhes dará sacos de arroz...
Existe um outro cancro na Europa: existem funcionários a mais, um emprego em cada cinco. Estes funcionários são sedentos de dinheiro público, são de uma grande ineficácia e querem trabalhar o menos possível e apesar das inúmeras vantagens e direitos sociais,estão muitas vezes em greve. Mas os decisores acham que vale mais um funcionário ineficaz do que um desempregado...
Os europeus vão direto a um muro e em alta velocidade...

sábado, 10 de dezembro de 2011

O ROUBO DO TABLETE DE MANTEIGA E OS ROUBOS DOS MINISTROS

Faz algum tempo tivemos uma demonstração do “rigor” policial e da “eficiência” da Justiça que colocaram na cadeia, se não me falha a memória, por trinta dias ou mais, uma senhora que roubou um tablete de manteiga em um supermercado para passar no pão do filho.

Não tenho o final dessa estúpida história, mas quando leio as denúncias e evidências dos assaltos milionários do dinheiro do contribuinte, sistematicamente praticados por centenas de “figurões” e seus cúmplices de nossa apodrecida República, todos conhecidos, identificados e com endereço certo, e ninguém vai preso, fico imaginando como deve se sentir um policial ou um juiz – caso pertençam à banda boa dos agentes da justiça – que têm como responsabilidade garantir o cumprimento das leis.

Qual será o nível de vergonha, de revolta e constrangimento dessa gente em ser cúmplice compulsório da impunidade com os filhotes dos ovos da serpente do submundo comuno sindical, sendo o chefe da prole de milhares de canalhas amplamente conhecido por todos.

O que aconteceria se um cidadão comum entrasse no palácio do planalto e roubasse o crucifixo do gabinete da presidência e diversos objetos do seu acervo?

O que acontece com o cidadão comum ou o empresário que não cumpre com suas obrigações tributárias para sustentar um covil de bandidos?

É claro que para os que não têm a “proteção” dos Tribunais Superiores ou Inferiores, a obrigação de pagar, de ressarcir o que é roubado de terceiros e de ir preso na instância seguinte ou anterior, faz parte das consequências dos desvios de conduta praticados.

O problema é que para os figurões dessa bosta de República em que somos roubados e extorquidos de todas as formas possíveis, por gente que tem como essência de suas obrigações garantirem a proteção e o bem estar dos contribuintes, raramente alguma coisa acontece e, quando acontece, são complexas as negociações nos bastidores do submundo da justiça para que os respingos sejam controlados e entre “mortos e feridos” ninguém ou quase ninguém acaba na prisão, principalmente gente do topo da pirâmide apodrecida do Estado.

O vídeo divulgado na internet preparado por uma testemunha com um longo depoimento registrado na polícia sobre a quadrilha das ONG´s chefiada por um ex-ministro, e a ausência da ação da Justiça para prender e julgar, em caráter sumário, essa gente sórdida, nos remete à mesma impunidade que empurra com a barriga processos contra os canalhas do mensalão e seu chefe, que têm certeza de que continuarão todos livres, leves e soltos, rindo sem parar de nossas caras de imbecis, idiotas e palhaços do Circo do Retirante Pinóquio.

O segundo da hierarquia da gang dos 40, por exemplo, já foi até aplaudido por artistas em um auditório, e o chefe continua desafiando a lógica de uma Justiça sem lógica e absolutamente apodrecida.

Chegamos à conclusão que o Brasil sofre de três gravíssimas doenças degenerativas que estão destruindo as relações públicas e privadas e o futuro do país: a covardia, a omissão ou a cumplicidade de comandantes das Forças Armadas que assistem uma ameaça ao país muito mais grave daquela que motivou o Regime Militar e não faz absolutamente nada, aceitando inexplicáveis e sistemáticas humilhações de civis calhordas, o incontrolável apodrecimento dos Poderes da República, e a terrível degeneração moral da Justiça no país.

O quadro dessa tragédia se completa com estudantes universitários querendo a liberação da vagabundagem misturada com consumo de drogas e sexo livre nos campos universitários, crianças e adolescentes do mesmo sexo, educados pela “cartilha” da educação sexual do poder público trocando carícias em plena luz do dia e publicamente nos seus points, e manifestações para liberação das drogas e paradas gays animadas com sexo explícito em praça pública.

O que está faltando para a sociedade tomar vergonha na cara para dar um basta e começar a ter tolerância zero com a degeneração das relações públicas e privadas que há mais de dez anos vem sendo promovida pelo PT no país?

O Brasil está sendo desgovernado por um covil de bandidos controlado por oligarquias e burguesias de ladrões, com o nunca esperado “patrocínio” dos Tribunais Superiores e Inferiores.

A resultante direta é o apodrecimento legal e moral do país já observado em todas as esquinas.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O CÂNCER E KAFKA

Existe um perigo para o glorioso que o humilde jamais conhece; um julgamento para o poderoso que o fraco jamais enfrenta. Vemos isso nos piores ditadores, os Hitlers e Stalins, os Maos e os Amins. Eles se instalam no poder para serem ídolos. Querem mais que poder; querem ser adorados. John Eldredge

Coisa incrível essa última fornada de notícias sobre o câncer dos famosos. Até Lula, indestrutível e perfeito, junta-se a Chávez, a Fidel e a uma penca de famosos, abalroados por essa doença terrível, para a qual os médicos não conhecem as verdadeiras causas e só bordejam as suas vis consequências.
Sentimo-nos inermes, nós, o povo, não resguardado por planos de saúde e maiores cuidados médicos, nós, brasileiros, que temos um sistema de saúde pública “quase perfeito”, como nos afirmou peremptoriamente nosso saudoso ex-presidente, quando assistimos pela televisão aberta um programa em noite de domingo (logo nessa noite!), em que nos foi revelado que o tratamento particular de um câncer na laringe fica por volta de 90 mil reais! Realmente os preços da medicina estão pela hora da morte, não é mesmo?
Como é triste ver o trêfego Chávez (“por que não te calas?”), amuado, em Cuba, tratando de sua combalida saúde e tendo que cumprir mandato até 2013? O que dizer, então, da calva estampa de nosso ex-presidente, preparando-se para mais uma dose de quimioterapia, numa doença que parece estar em estado intermediário?
O câncer, meus amigos, é de lascar! Como é democrática a afecção que não distingue ninguém, negro, branco, amarelo, pardo, criança, jovem, maduro ou velho – todos na mesma roda igualitária que não se equipara a qualquer socialismo. Eu posso tê-lo e você também, mas os laboratórios multinacionais e seus tratamentos logo discriminam, como os bancos, os ricos dos pobres.
Jamais poderia pagar os 90 mil reais do tratamento do ex-presidente e lembro-me que, com toda a riqueza, o seu vice não conseguiu resistir a 18 operações e tantas incursões da medicina sobre o corpo humano, onde me parece ela só sabe cortar e seccionar.
Minha mãe teve câncer e recordo-me de um especialista que me puxou num canto e me disse: “eu tenho estudado esse troço há dez anos e cada vez mais me convenço de que quanto mais a gente mexe no “bicho”, mais ele fica brabo”. Ainda bem que ela conseguiu sobreviver ao bicho brabo...
Franz Kafka, escritor checo, escreveu um grande livro, o Processo (1925), que conta a história de um certo Josef K., julgado e condenado por um crime que ele mesmo ignorava, e fiquei pensando nisso, quando refleti sobre as peripécias do câncer nessa nossa porca civilização que detesta qualquer espécie de Deus na prática e adora o dinheiro.
Que efeito maldito tem sobre ela a democracia do câncer! Unem-se médicos, a confraria de sábios que não sabem nada para declarar que se pegar o bicho no comecinho dá pra se dar ao paciente uma “sobrevida”. Não é mais vida, são as gotas do veneno da ansiedade escorrendo como suor à espera do inevitável, que é sempre relatado com aquela sinceridade nosocomial: “você tem de seis meses a um ano, talvez dois...”
O ser humano sente-se estupefato por ter de suportar um crime que não cometeu e o seu processo, que lhe arranca a humanidade a cada dia e deita na terra a face orgulhosa dos poderosos. E haja dinheiro para cobrir os custos da porca medicina, que dá de ombros diante do inevitável, principalmente quando o paciente é pobre e desvalido.
Os Josef K. da vida não têm salvação. Não têm câmaras de televisão e cinegrafistas para auscultar seus corações, estão espalhados por corredores de enfermarias apinhadas e sabem muito bem qual será o seu cruel destino.
É um processo kafkiano que não desejo nem para mim, nem para você, nem para ninguém. Tampouco para os famosos e poderosos que querem ser nossos ídolos e bancam seres adorados, tentando desmentir a realidade indesmentível: de que são feitos da mesma argila de nós mesmos, comandados que não podemos gritar, pedindo melhor condição de vida.
Estamos nos trens, nos hospitais, nas filas dos bancos, esbarrando-nos nas ruas apinhadas, no tráfego, nas estações do metrô, mas temos a mesma face de pavor, de que um dia a mórbida doença nos irá tragar, até porque o nosso modo de viver nos aproxima dela. Todos bebemos, fumamos, comemos mal, os alimentos são estandartizados, não são mais puros e livres como deveriam, não mastigamos o quanto deveríamos e o séquito de impropriedades e vícios de nossas vidas nos aproxima do precipício a cada dia.
Creiam que se os ricos pudessem se livrar primeiro do câncer, com certeza o fariam, como nos filmes de catástrofe, em que querem pagar sua alforria para uma ilha distante. Josef K. só tem mesmo direito a seu processo e a se sentir condenado por ser pobre e por ser protegido apenas pela letra morta da Constituição.
O brasileiro curte seu “longo processo” de não ter saúde pública digna, nem terá e observa, mortificado, o desespero dos poderosos, que não podem lutar contra o inelutável. Na garganta, fica um gosto amargo de que se acontecer conosco não adianta nem lutar, porque não há recursos, vontades e as poucas sabedorias que aqui existem estão voltadas para os privilegiados, que mesmo assim, por uma lei funesta, sucumbem...
Estou na fila, calmo e paciente aguardando a minha vez. Só não me preocupo em procurar salvação nesses homens, de apoucada caridade e quase nenhuma ciência. Platão dizia, de que vale todo conhecimento se o homem perder sua alma?
É o que vejo no drama kafkiano do câncer: a alma do homem subjugada e os poderosos a se perguntarem: como pôde acontecer isso logo comigo, eu que sou amado, idolatrado e adorado?
E lamentam, indispostos, terem descoberto ser meras caricaturas de Deus...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

PORQUE É TÃO COMPLICADO, PARA ALGUNS, PASSAR O BASTÃO?

Depois de ver um documentário que o Discovery Channel fez sobre a trajetória de Fidel Castro, fica difícil entender como é que as pessoas ainda cultuam a revolução cubana e seus protagonistas. Após seis meses de lua-de-mel em Nova Iorque – sim, meio ano – e um flamante Cadillac comprado à vista para os passeios do casal Castro, Fidel dá uma entrevista ao canal ABC de pijamas, dizendo que Cuba precisava se livrar de Fulgêncio Baptista. Este documento dá a pista de que alguma coisa bem maior do que Castro estava por trás do desembarque do Granma. Logo após a tomada de La Habana, as câmeras mostram Fidel afirmando que logo seriam convocadas eleições gerais para a escolha do presidente e do parlamento cubano. Eu nem me alongo, pois todos sabem que fim levou a promessa de Fidel de largar o osso assim que Baptista fosse derrubado e exilado.
O tempo avança e a destilada “primavera árabe” é tão real quanto Fidel, Zelaya e Bashar Al Assad são democratas. Um golpe militar foi o que aconteceu e acontece no Egito. Houve promessa de democracia? Claro que sim. Os militares egípcios pretendem dar espaço à transição para um governo mais moderno, ao estilo turco? Demonstram que não. República? Transitoriedade de governos para bem da perenidade do estado? Nas vizinhanças muçulmanas, isto ainda é tão provável quanto a monogamia.
Por que as pessoas se apegam tanto assim ao que, supostamente, deveria ser objeto de cuidado transitório? Na área pública, que tipo de espírito baixa e sussurra nos ouvidos de uns poucos, dizendo que a melhor coisa que pode acontecer ao mundo é que elas fiquem exatamente onde estão até a morte, para que sejam aclamadas, eternizadas, transformadas em estátuas? Em que momento algumas pessoas, vendo que as experiências bem sucedidas têm em comum a efemeridade, o tempo definido, o intervalo pré-determinado, imaginam o oposto, que o melhor que pode acontecer é o que delas emana, o ar que exala de seus belas figuras e seus olhares messiânicos?
Toda forma de usurpação é tirania. Aumentar um tempo de mandato, alterando um arcabouço constitucional apenas para postergar o próprio poder é tirania. Aproveitar-se de um cargo para nele manter-se, sem dúvida alguma, é tirania, é mau ensinamento. E por que algumas pessoas inteligentes, experientes, intelectual e culturalmente esclarecidas insistem em não dar ao mundo a chance de sucedê-las?
Agarrar-se ao poder, alimentando-se dele e nele se fortalecendo, exaurindo sua transitoriedade, é a forma mais sórdida de mentir para si mesmo e para os outros. Não passar o bastão, não largar o osso é a maior de todas as desonestidades. Eis o triste motivo pelo qual temos muito mais Imeldas do que Indiras, muito mais Chávez do que Juscelinos e muito mais Kadhafis do que Churchills.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A GRAVIDEZ DE UM PAI

A gravidez de um pai não se dá nas entranhas, mas fora delas. Ela se dá primeiro no coração, onde o sentimento de paternidade é gerado. Um desejo de ser e de se ver prolongado em outra vida, que seja parte de si mesmo, mas com vida própria... E quando ele sente pela primeira vez a vida que ajudou a gerar, tudo toma outra forma. Ele sente um chute e se diz já que este será um grande jogador de futebol. E muitas vezes se surpreende e se maravilha quando vê uma princesinha que sabe chutar tão bem. Mas tanto faz. Está ali um sonho que se torna palpável. E um parto de pai se dá quando ele pega pela primeira vez sua criança nos braços, quando ele se vê em características naquele serzinho tão miudinho que nem se dá conta ainda que veio ao mundo e que se tornou o mundo de alguém. E os sentimentos e emoções se atropelam dentro dele. E ele sente que, à partir desse instante, a vida nunca mais será a mesma. E ele precisa olhar dez, cem, mil vezes para acreditar que tudo não passa de um sonho. E geralmente há um enorme sentimento de orgulho que toma posse dele. Assim se forma um pai. Pronto para ensinar tudo o que aprendeu da vida, um dia ele descobre que não sabe realmente muito, que na verdade aprende a cada instante. Diante da sua criança ele se torna um adulto vulnerável e acessível. E vai gerando, pouquinho a pouquinho, dentro de si mesmo, a arte de se tornar um pai.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

HERÓIS ESQUECIDOS

Semana retrasada, o Brasil olhou para o Rio de Janeiro com orgulho pelo desempenho de seus policiais: alguns deles pelo heroísmo de recusar propina de traficante; outros pela competência e heroísmo de ocupar a Rocinha. Mas, surpreendentemente, o orgulho com o heroísmo de alguns brasileiros provoca um sentimento de vergonha em relação à estrutura social do país: afinal, onde estamos errando ao ponto de a honestidade virar gesto heróico; onde erramos, ao ponto de ser necessário hastear a bandeira do País, em seu próprio território, como se fosse conquista de território estrangeiro? Se no Brasil a honestidade fosse adotada como valor fundamental, a recusa de propina não seria publicada nem seria prova de heroísmo. Não se pode negar o heroísmo dos policiais, nem a conseqüente satisfação e orgulho de cada brasileiro, mas é preciso refletir sobre as causas desse sentimento de orgulho vir acompanhado do constrangimento Se o Brasil tivesse investido de maneira eficiente e solidária nas políticas públicas em todos os locais, não teria sido necessário ocupar agora militarmente a Rocinha. A ocupação militar de agora, como se tomássemos um território estrangeiro, decorre de que, ao longo de décadas, tratamos a Rocinha como um território estrangeiro. Do ponto de vista dos investimentos públicos, os dados sociais da Rocinha são tão contrastantes com aqueles da parte rica do Rio de Janeiro que parecem corresponder a um país diferente. É isso que pode explicar o hasteamento da bandeira nacional na Rocinha depois da ocupação, como se a 7ª potência econômica invadisse o território de outro país em 84º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano. A ideia das UPPs é ocupar militarmente para depois enfrentar a desigualdade na qualidade dos serviços públicos, transformando uma favela em bairro. Se no passado a Rocinha tivesse sido tratada como um bairro do Rio, hoje não seria necessária a ocupação militar para iniciar a transformação da favela em bairro. Isso não diminui, até engrandece, os Policiais Militares e Civis, o Secretário de Segurança, o Governador e Vice-Governador pelas decisões tomadas e pelo sucesso das operações. Sobretudo o Tenente Disraeli. Mas o orgulho em relação a cada pessoa envergonha o país como um todo, pois é prova de que somos uma fábrica de heroísmos isolados, de pessoas que fazem o certo nadando contra a corrente, não tolerando o errado. Recusar propina deveria ser um ato simples, óbvio; como deveria ser óbvio investir igualmente na qualidade de vida em todas as regiões. Mas nos acostumamos com a corrupção e a desigualdade, a exceção é o heroísmo e a ocupação militar é solução. A convivência com a corrupção, tanto no comportamento quanto nas prioridades, obscurece a percepção da fragilidade de nosso orgulho nesta semana. Perdemos o desejo de orgulho por razões diferentes daquelas dessa semana. Até não acredita ser possível o orgulho pela abolição do analfabetismo, pela garantia de escola de qualidade para todos. Nessa mesma semana em que aplaudimos policiais cariocas por ocuparem favelas, merecendo nossos aplausos, os chineses ocuparam o espaço sideral, acoplaram duas naves espaciais criadas por sua própria tecnologia e produção. Há décadas, nós estávamos à frente da China e da Índia em matéria de pesquisas espaciais. Agora, nosso orgulho é com a ocupação do solo urbano, enquanto eles ocupam o espaço sideral. Em breve o Irã, a Coréia do Sul e países com tamanhos e potenciais econômicos muito menores que os nossos estarão na nossa frente. Da mesma forma que deixamos de perceber o absurdo de nosso atraso ético, que considera heróis os que não se corrompem, e de fato são heróis, já deixamos de comparar nosso atraso técnico em relação ao resto do mundo. Acostumamo-nos tanto em estarmos atrasados, que comemoramos com orgulho um gesto pessoal que deveria ser normal em uma pacificação urbana que já deveríamos ter atingido tempos atrás. Tudo isso porque não consideramos heróis os dois milhões de professores, sem salários, sem condições básicas de trabalho, sem ambiente favorável para o trabalho. O Brasil estará no bom caminho quando honesto não for herói, for apenas honesto; e quando favela não for favela, for apenas bairro. Mas isso só acontecerá quando professor também não for herói, for apenas professor, bem remunerado, bem preparado e bem dedicado. Se isso já tivesse acontecido, talvez há muito tempo já tivéssemos passado do tempo em que ser honesto é um ato heróico, e nem seria necessário comemorar a ocupação militar de parte do nosso próprio território.

domingo, 4 de dezembro de 2011

ESPANHA: DIREITA, VOLVER!

A alternância de poder (sempre e tão almejado objetivo que motiva, mobiliza e dá sentido a todas as verdadeiras democracias do mundo) soprou em rajadas neste fim de semana sobre terras de Espanha, no quase início de inverno europeu de 2011. A imprensa brasileira, mobilizada de uma maneira geral em torno da pacificação da Rocinha, no Rio de Janeiro, ou do xaveco do ministro Carlos Lupi, em Brasília, parece não ter-se dado conta ainda a intensidade da tempestade política e econômica que vem do outro lado do Atlântico. No continente à beira de um ataque de nervos que ameaça contaminar outras terras e outras regiões do planeta (atenção Dilma Rousseff e PT), milhões de eleitores do país de Dom Quixote (viva Cervantes!) foram às urnas no domingo (19), trazendo surpresas de arrepiar. A começar por uma virada de quase 180 graus da esquerda para a direita. A vitória esmagadora do conservador do PP, Mariano Rajoy, sobre os socialistas e aliados da esquerda de José Luiz Zapatero, no comando do país há quase uma década foi algo quase inimaginável há anos, quando andei nas ruas e avenidas monumentais de Madri pela última vez. Era abril de 1998, começo de primavera na Europa em tempo de apogeu do milagre econômico espanhol. Madri, como a Buenos Aires do tango de Gardel, exibia-se outra vez florescente, bonita e aberta para o mundo. "Uma capital ensolarada, festiva e em obras", como proclamavam eufóricos seus principais jornais e emissoras de TV. Otimismo borbotava por todos os poros. Os diários e revistas semanais em geral, mas principalmente as redes de TV, não cansavam de mostrar imagens dos múltiplos e imensos canteiros de obras de uma capital e de um país a quase pleno emprego, paraíso de poderosos grupos financeiros e das grandes empreiteiras da construção civil a pleno vapor. Tudo começava já no monumental aeroporto de Barajas, que acabara de ser ampliado e de passar por ampla reforma modernizadora bilionária em todas as instalações. Ali desembarquei, em viagem de estudos com uma turma do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da PMRO. Vinha à Espanha depois de viver intensamente dias muito agradáveis em Lisboa, naquele ano em que nosso irmão europeu e sua capital vivia a experiência da Feira Internacional. Portugal e sua principal vitrine urbana, política e social, até importavam na época profissionais de nível superior, sem emprego em seus países do leste europeu, para trabalhar na capital lusitana. Ambiente bem diferente da cidade tensa e tumultuada por protestos que os noticiários exibem quase diariamente neste tempo de crise braba. No embarque para Madri, um primeiro sinal de alerta: os encarregados da Imigração no principal aeroporto lisboeta, aos berros e caras de poucos amigos, me mandaram abrir o cinturão que segurava as calças, tirar sapatos e meias, e ficar de braços abertos como espantalho em roça de milho no sertão baiano, para a revista em regra. Na chegada à Madri, menos de duas horas de vôo depois, a recepção dos sonhos de qualquer turista em suas viagens. Um aeroporto quase novinho em folha, apinhado de gente, com todas as conquistas da moderna tecnologia funcionando para facilitar e amenizar a vida do cidadão viajante, em lugar de atazaná-lo com suspeitas e burocracia invencíveis. Nem ao menos um cara daqueles renitentes para conferir se a bagagem que você está levando é a sua mesmo. E estamos na Espanha de 1998, antes da primeira e esmagadora vitória da esquerda nas eleições para o Parlamento, que levaria Zapatero ao comando do poder, onde se manteria por longo período até a crise chegar, corroendo o prestígio desgastado até o final melancólico de uma era que se proclamou neste domingo espanhol. Ateu gaúcho que acredita em milagre vibrava com as imagens e o otimismo que borbulhavam em minha volta naquele tempo. Meu lado cético, no entanto, pontuava como uma espécie de permanente e vigilante consciência crítica a soprar nos meus ouvidos: "Isto é muito bonito, mas não me cheira bem. Não sei explicar o motivo, mas algo me diz que alguma coisa está fora da ordem ou de controle por aqui". É sobre isso que reflito agora nestas linhas, após a eleição que promoveu a virada histórica na Espanha neste final de 2011. Treze anos depois de passar pela "Espanha socialista", leio agora em um dos principais diários europeus: "Mariano Rajoy Brey, 56 anos. Galego da gema, conservador nascido em Santiago de Compostela em 1955 no seio de uma família de políticos, presidente e candidato do Partido Popular, foi eleito primeiro-ministro de Espanha Quem diria? Direita, volver! Mas ainda assim, viva o voto popular e viva a alternância de poder na Espanha.

sábado, 3 de dezembro de 2011

ROÇAS DE CRIMINALIDADE E SEARAS DE DIREITOS

A tomada da Rocinha no Rio de Janeiro, a maior favela da América Latina, por forças policiais, apesar de sinalizar o resgate do escopo da cidadania para uma comunidade de 70 mil habitantes, não afasta a sensação de que até mesmo eventos de alta significação no calendário cívico são usados como espetáculo midiático-político, coisa comum nesses tempos em que governantes procuram tirar proveito de vitórias sobre o mal.
Todas as loas para o secretário de segurança, o delegado federal José Mariano Beltrame, cujas atitudes e expressão parcimoniosa diferem do adjetivo grandiloquente de seus superiores, mesmo constatando-se que a anunciada “batalha da ocupação”, por dias seguidos, tenha ensejado a fuga da bandidagem que imperava na favela.
Assim, o aparato de guerra, os blindados, o desfile de soldados com armamentos pesados e o arsenal apreendido entram na paisagem como a estética de apoio à semântica do “discurso da libertação” de uma população que, há décadas, era obrigada a conviver com gangues e drogas. Situação que, vale registrar, tinha o endosso de grupos policiais que, hoje, emergem como heróis. A estratégia de ocupação das favelas cariocas para combate direto ao tráfico de drogas escancara uma verdade: a chave da política abre todas as portas. Do bem e do mal.
É sabido que, na década de 80 (l983/87), sob o governo de viés populista de Leonel Brizola, desenvolveu-se um processo de favelização no Rio de Janeiro, caracterizado pela proibição de deslocamento de famílias dos morros e cessão de espaços públicos para construções irregulares.
Embalado em romantismo, Brizola acedeu ao apelo de comunidades que se queixavam da violência policial. Proibiu incursões das forças policiais nas favelas, o que acabou expandindo a criminalidade. Dizia-se que negociava o apoio de criminosos que atuavam como cabos eleitorais, dando-lhes, em retribuição, autonomia para fazer suas operações. Corria a versão de acordo pelo qual os bandidos podiam agir livremente em seus territórios, contanto que não descessem dos morros para a cidade. Agora, a decisão política é de fazer valer a lei nos antros da bandidagem, a ação mais emblemática do atual governo do Rio, e que redundará em ganhos políticos. A bandeira está hasteada. Cada Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)- a da Rocinha é a 19ª – significa um eixo de paz fincado onde antes se exibia o fuzil.
É cedo para antecipar os impactos da ocupação das favelas cariocas. A expulsão de máfias criminosas gera, em um primeiro momento, descontração geral.
As comunidades vêem e sentem potentia, o poder físico do Estado, conceito que os antigos romanos distinguiam do poder legal, potestas, e do poder político, auctoritas.
Passada a euforia, as populações passam a cobrar mais que força bruta.
Ou seja, rompidos os paredões do medo, chega a vez das demandas essenciais a cargo do Estado. O ponto de partida é o resgate dos direitos civis, a partir do direito à propriedade (regularização fundiária), passando pelo acesso à justiça (instâncias judiciárias como juizados de pequenas causas), chegando aos serviços básicos – postos de saúde, saneamento básico, coleta de lixo, energia, comunicações, educação – base do edifício da cidadania. Como se infere, a gestão passa a ser ferramenta central para o bem estar comunitário. Só no Rio de Janeiro, contam-se 197 programas destinados às favelas, dado que mostra a dispersão e a ausência de prioridades e urgências.
Sua integração resultaria em maior eficácia.
O planejamento, por sua vez, envolve decisões de natureza política: como restabelecer o Estado legal dentro de um espaço dominado pela barbárie? Por onde começar? Leis vigentes – que regulam as atividades comerciais, por exemplo– devem ser aplicadas com rigor nos territórios resgatados ou flexibilidade deve ser adotada, particularmente nos campos da burocracia e dos impostos?
Sem atividades produtivas e comerciais que possam absorver razoável parcela da mão de obra local, serão abertas janelas da ilegalidade, dentre as quais está o tráfico de drogas, chegando-se, assim, ao circulo vicioso da corrupção. Eis aqui um aspecto nevrálgico da estratégia de reconquista de espaços dominados pela bandidagem: como eliminar os focos da corrupção endêmica? Como evitar corrupção no aparelho policial?
Sabe-se da dificuldade de um soldado de primeira classe propiciar uma vida decente à sua família ganhando um soldo em torno de R$ 1.200,00. Encontra a solução nos trocados fazendo bicos, porta aberta para trafegar na ilegalidade. A corrupção no seio policial tem outras razões que não apenas parcos proventos. (Aliás, a PEC 300, que trata dos salários das polícias, seria um bom começo para a reestruturação da política de remuneração das forças policiais). A renovação de quadros, ao lado de sólida formação na carreira e melhoria das condições de trabalho, reforçaria o desempenho cívico dos batalhões. Uma comunidade amparada pelo Estado, inserida no mercado de trabalho, mostrando jovens engajados em projetos educacionais, desvaneceria o ímpeto do crime.
Em suma, a harmonia social exige raízes fincadas na seara dos direitos civis. A recíproca é verdadeira. A corrupção nasce em terrenos baldios do Estado ausente. Se a comunidade não dispuser dos braços do Estado formal para se socorrer, procurará outros meios de salvaguarda, dentre eles milícias e entidades de intermediação da pobreza, dentre as quais multiplicam-se organizações de clara orientação política, que agem como braços eleitorais de perfis mancomunados com as máfias.
Eis aí mais uma frente a ser depurada. Entidades que semeiam o bem devem reforçar a ação moral de ajuda às populações e denunciar enclaves criminosos. Por último, o alerta: todo cuidado é pouco para evitar que a experiência do Rio de Janeiro no mundo das favelas seja contaminada pelo vírus do oportunismo político. Ela pode ser um exemplo a ser seguido em outras rocinhas da bandidagem. Aqui e alhures.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

MUITO CONHECIMENTO E POUCAS IDÉIAS

Com pouco mais de 150 pessoas no Rio e umas 30 em Brasília, as marchas contra a corrupção programadas para o feriado de 15 de novembro foram um fracasso. Culparam a chuva. Não é bem assim.
Combinando o grau de educação e de conscientização política com a qualidade do fluxo de informação e o bom ambiente econômico, não existe terreno fértil para que a indignação com a corrupção germine grandes manifestações.
Além do mais, as ideias já não incendeiam as almas como antigamente. Não são capazes, como antes, de mobilizar multidões. Conforme disse Neal Gabler, em artigo publicado no The New York Times, “as ideias simplesmente não são o que costumam ser”.
Ideias podiam criar celebridades, como Albert Einstein e Carl Sagan, entre muitos outros nomes.
Hoje, nem tanto. A mobilização das pessoas se dá a partir de experiências vividas na própria pele. Como no caso da Primavera Árabe, deflagrada por um vendedor de rua da Tunísia. Foi um basta a décadas de opressão.
Para Gabler, a desvalorização das ideias está ligada à valorização do conhecimento que tem utilidade imediata. Nos tempos atuais, o mercado quer o conhecimento rápido e aplicável.
Ironicamente, o próprio mercado, para se expandir e se renovar, depende de ideias e de inovação. Sem elas, tudo vai ficando uma enorme mesmice.
No Brasil de agora, colhido pelos ventos da globalização, as ideias também se desvalorizaram em detrimento do conhecimento e da informação.
Mas não apenas por conta da priorização do imediatismo, que transforma, por exemplo, os vestibulares e as provas em gincana de conhecimento inútil, ao invés de fomentar o pensamento crítico e reflexivo.
O que contribui ainda mais para a desvalorização das ideias no Brasil? Tenho algumas pistas.
Uma delas é que o canal por onde elas transitam é enviesado e tendente a expurgar o que não esteja dentro de certo padrão ideológico.
O segundo obstáculo é o pragmatismo fisiológico, que faz com que os interesses se sobreponham aos ideais e o debate político se realize sem sonhos ou utopias. Com as ideias e a ideologia sendo usadas para justificar movimentos táticos e a luta do poder pelo poder.
Assim, entre os aspectos interesseiros e o viés ideológico, o Brasil ainda é um país pobre de ideias.
Como combater a escassez de ideias? Exemplos não faltam. A Google mantém um laboratório ultrassecreto onde são geradas inúmeras ideias. Muitas delas são estapafúrdias, mas, de repente, podem ter alguma utilização prática.
Estimular a produção de ideias é importante como planejamento estratégico e fonte primária da inovação. É um papel que as instituições públicas e privadas deveriam assumir: gerar ideias e ter a humildade de transitar de fracasso em fracasso até criar uma de sucesso.
É evidente que a informação e o conhecimento já empacotados também são úteis e necessários no mundo de hoje. Mas não bastam.
O que vai nos levar adiante não é apenas saber o que os outros já sabem. Mas, sobretudo, saber o que ninguém sabe. E isso só é possível a partir da elaboração de ideias que levem à inovação.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

BASTA DE BOI, BESTAS E BOSTAS DE VAZAMENTOS!

Governo de coalizão - baseado em partidos que se juntam apenas pelo fisiologismo- normalmente redunda em colisão. Ainda mais quando os principais partidos do esquema desgovernista (PT e PMDB) são especialistas em fabricar dossiês de intrigas contra seus supostos aliados, companheiros de partidos e, lógico, contra aqueles que consideram inimigos. O “fogo amigo” queima até o rabo e o filme do mais santo diabinho político. Nem sendo imortal se escapa da chamuscada. Vide o exemplo vivíssimo do companheiro José Sarney. O acadêmico presidente do Senado contratou a consultoria carioca Prole para fazer uma pesquisa e apontar como seria possível melhorar sua imagem pessoal perante a opinião pública. O probleminha é que Sarney não gastou um tostão de seu rico bolso para pagar pelo serviço. Os R$ 24 mil saíram dos cofrinhos do Senado Federal. E o que acontecerá com Sarney por este pequeno uso de dinheiro público para fins particulares? Nada! O mesmo deve acontecer com a etroleira Chevron – responsável por um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil. A transnacional alega que cometeu um erro e cálculo na injeção de lama pesada para impedir o retorno do petróleo. Mas a Polícia Federal investiga se a falha não foi outra – bem mais grave. Suspeita-se que a Chevron tenha perfurado além da profundidade permitida no Campo de Frade, para atingir, sem permissão, a camada pré-sal. Logicamente, a empresa nega a sujeirinha. Triste é a imagem do oceano de óleo vazado há 12 dias, sem que um esquema de emergência para conter, depressa, o problema. A “sorte” é que o poço vazado fica a 120 Km do litoral do Rio de Janeiro. Se fosse mais perto, e a corrente marítima se dirigisse na direção da terra firme e não do oceano Atlântico, teríamos uma tragédia ambiental de proporções inimagináveis.
No alto-mar, as baleias jubarte e outros bichos devem ser afetados. Problema para o Bob Esponja. Só causam espanto a timidez do Greenpeace em fazer festinha contra o problema, e a nossa abestada e amestrada mídia eletrônica que minimiza o desastre o máximo que pode. Até quando tal omissão controlada vai durar só o Grande Geólogo do Universo pode nos dizer.
Tentando sobreviver politicamente no mar de lama que a cerca na Ilha da Fantasia do Podre Poder, a Presidenta Dilma Rousseff ainda não se pronunciou, de forma contundente, sobre o tema. Queria o quê? A ex-presidenta do Conselho de Administração da Petrobrás nem fala direito sobre o vazamento do escândalo Gemini. Que dirá falar mal da Chevron – outra sócia minoritária da estatal de economia mista na exploração daquele poço onde ocorreu o vazamento.
O desgoverno petralha, na verdade, está com medinho é de outro vazamento. Teme-se o troco pela troca de “fogo amigo” que queima Carlos Lupi e que já incinerou outros cinco ministros em onze meses de gestão da ex-guerrilheira e ex-brizolista Dilma Dynamite (como lhe chamam os coleguinhas da The Economist e Newsweek). A próxima vítima dos vazamentos de corrupção seria ninguém menos que Fernando Haddad – o ministro da Educação que Lula impôs como pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, em 2012.
Nosso povo sem memória já não canta, com tanta freqüência, as músicas de Noel Rosa. Mas todos – com ou sem maldade – se perguntam: “Onde está a honestidade? Onde está a Honestidade?”. Ainda bem que a Dilma sancionou a Comissão da Verdade. Quem sabe ela não vai descobrir quem se deu bem com a grana roubada do cofrinho do Ademar e de tantos outros assaltos a bancos ocorridos nos tempos da guerrilha urbana e rural que queria implantar o comunismo no Brasil, nos anos 60 e 70? Quem sabe... Pena que já não esteja entre nós o comandante da Inteligência do Departamento da Ordem Política e Social naqueles tempos que a Comissão da Verdade promete vasculhar. Do contrário, o ex-senador Romeu Tuma seria obrigado a revelar quem era o “Agente Boi”. Seria terrível descobrir a verdadeira identidade do sindicalista que se escondia neste bovino codinome. Seria tenebroso revelar como o Boi (sempre cheio de fogo) mugia, naqueles tempos de dita-dura, para praticar seu “fogo amigo” contra supostos aliados e inimigos.
Deus queira que Tuma e o “General" Golbery (criador da criatura Boi) não vazem da camada pré-sal para fazer tais revelações. Seria tão assustador quanto o vazamento de óleo na Bacia de Campos. Ou mais linfomático que o vazamento de dossiês na Esplanada dos Ministérios fisiológicos da companheira Dynamite...

OBJETOS DE ARTE - Taça A Reticello (Séc XVI)

Até o início do século XVI, os vidreiros de Murano produziam objetos de vidro incolor e transparente, que decoravam usando diversas técnicas. Em 1527 Filippo e Bernardo Serena criaram um novo processo que ficaria conhecido como vetro a retorti (vidro filigranado). O processo envolvia soprar e trançar longos e finos bastões de vidro incolor transparente e vidro branco leitoso, para formar uma rede muito delicada, que lembrava a filigrana da renda veneziana. Por ser processo complicado e muito elaborado, levou uns dez anos e a colaboração de outros vidreiros da ilha para que o vetro a retorti, conhecido como “reticello”, isto é, vidro parecendo uma rede muito fina, fosse aperfeiçoado. Passou então a ser objeto do desejo dos ricos que podiam enfeitar suas mesas com peças que pareciam teias rendadas (foto abaixo) Produzido em Murano durante o Renascimento, esse foi, sem dúvida, o mais original e delicado. Durante mais de cem anos somente os vidreiros de Murano conheciam seu segredo. Só quando alguns deles foram trabalhar em outros países, foi que a técnica do vetro a retorti pode ser reproduzida no resto da Europa. Em Murano, a produção continuou até o final do século XVIII. Depois de um longo hiato, que terminou no século XX, o delicado “reticello” voltou a ser fabricado. A taça apresentada hoje mede 17.6 cm de altura e sua boca tem 10.9 cm de diâmetro. Acervo Metropolitan Museum of Art, NovaYork