"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Criaturas do Sol

O Sol exerce uma espécie de efeito alquímico, transformando o humor das pessoas, que vão passar os próximos quatro meses no frio, no sul do Brasil. Ao mesmo tempo, ouvimos relatos de tempestades solares que jogam bilhões de toneladas de plasma no espaço e, volta e meia, sobre a Terra.
Essas ejeções de massa coronal (ou seja, vindas da coroa, a "atmosfera" do Sol) tendem a aumentar em frequência em torno do período chamado de máximo solar, que ocorre a cada 11 anos, aproximadamente. Estamos entrando num desses períodos de intensificação das tempestades solares neste ano.A imagem do Sol como uma plácida bola de fogo no céu não tem nada a ver com a coisa real.
Imagens próximas revelam um verdadeiro inferno, no qual a temperatura na superfície chega a 6.000 graus Celsius, um incessante borbulhar de matéria e campos magnéticos de enorme intensidade.
Tempestades solares nos lembram que não devemos supor que o Sol continuará fazendo o seu trabalho todos os dias, sempre do mesmo jeito, mesmo que tenha sido assim por bilhões de anos.
O Sol irradia por segundo cerca de 400 trilhões de trilhões de watts, isto é, 1 seguido de 26 zeros, equivalente a 100 bilhões de bombas nucleares de um megaton cada. Essa potência toda vem de reações de fusão nuclear que ocorrem no centro do Sol, onde o hidrogênio se transforma em hélio. O Sol, agora em sua meia-idade, está passando por uma fase relativamente estável. Ninguém precisa começar a ter pesadelos achando que será frito amanhã.
Nos seus 4,5 bilhões de anos de vida, o Sol converteu apenas cerca de 5% de sua massa total em hélio.
Com o passar do tempo, mais hidrogênio vai sendo convertido, e a luminosidade solar, isto é, a energia total emitida pelo Sol, também aumenta. Em 1,1 bilhão de anos, a luminosidade será 10% maior e, em 3,4 bilhões de anos, 40% maior. Esse aumento de energia terá sérias consequências para o clima terrestre. Primeiro causando um "efeito estufa úmido", depois um efeito estufa descontrolado. A vida, ao menos como a conhecemos no momento, será impossível aqui.
Dado que a vida era impossível durante o primeiro bilhão de anos de existência da Terra -devido ao incessante bombardeio de cometas e asteroides- vemos que ela só é viável aqui por um período relativamente curto da existência do Sol, correspondendo a só 5 bilhões dos seus 10 bilhões de anos. Cada espécie que viveu e viverá na Terra é um fenômeno passageiro, parte do ciclo de vida e morte do Sol.
Sendo um otimista, tendo a acreditar que, ao vencermos nossos desafios climáticos mais imediatos (ligados aos combustíveis fósseis) e aprendermos com eles, conseguiremos encontrar uma outra casa para os seres vivos da Terra, ao menos para os que sobreviverem ao que andamos fazendo por aqui.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Do Cálculo Renal à Epifania (Obrigado Janer Cristaldo)

Nada se cria, tudo se copia, dizem as gentes. Se existe um campo onde este axioma impera, este campo é o das religiões. A começar pelo judaísmo. Não existe Bíblia sem o Egito, dizia Thomas Römer, especialista em história bíblica. O monoteísmo judaico já está em Akenathon. Com a diferença de que Akenathon teve existência atestada na história. E de Moisés, o patriarca dos judeus, não temos sequer um sinal de sua passagem no tempo. A autoria da Tanak – Pentateuco, para os cristãos – não procede, pois no último dos cinco livros Moisés narra sua própria morte no Deuteronômio. Nem Cristo ousou tanto, deixou este relato para os evangelistas. Freud, em Moisés e a religião monoteísta, faz de Moisés um discípulo de Akenathon que teria se associado aos judeus para ensinar-lhes a religião monoteísta.
Quanto aos cristãos, tiveram ainda mais religião de quem copiar. O Novo Testamento é uma apropriação indébita – para não dizer roubo – do livro dos judeus, acrescido de mitos gregos e do paganismo. A História está repleta de deuses nascidos de virgens e mortos no solstício de inverno. A vasta proliferação de denominações cristãs era tendência já embutida no próprio cristianismo. No Brasil contemporâneo, elas brotam como cogumelos após a chuva e fazem feroz concorrência aos católicos..
Não há religião hoje que não seja uma sopa de religiões antigas. Os tais de neopentescostais, que infestam as cadeias de televisão no mundo todo, são outros que se apossam do Livro a seu modo. O mesmo fizeram os espíritas. Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido como Allan Kardec, misturou evangelhos com a teoria do magnetismo animal do austríaco Franz Anton Mesmer e construiu sua ficção. Mesmer era médico, estudava teologia e retomou a antiga picaretagem da imposição das mãos. Curiosamente, Kardec, que é francês e está sepultado no Père Lachaise, em Paris, é praticamente desconhecido em seu país. Sua tumba está sempre cheia de flores, colocadas geralmente por brasileiros.
Há algum tempo, recebi notícias de uma amiga que há décadas não via. Para minha surpresa, revelou-se espírita e umbandista. Profundo mistério. Sempre entendi o espiritismo como uma religião de origem francesa, inspirada nas teorias de Mesmer, e a umbanda como um culto animista de origem africana. Não via como alguém podia assumir coisas tão díspares. Saí então a pesquisar. E descobri coisas que, como a jaboticaba, só ocorrem no Brasil. Segundo J. Alves Oliveira, em Umbanda Cristã e Brasileira, no dia 15 de novembro de 1908, o Caboclo das Sete Encruzilhadas se manifestou numa sessão espírita kardecista em Neves, São Gonçalo, município fluminense próximo ao Rio, então capital federal. “Foi um escândalo" – escreve Matinas Suzuki, na Folha de São Paulo -. “Embora haja indícios de incorporações de espíritos de índios e de escravos negros nas diversas formas de macumba que existiam no Rio de Janeiro do século 19, os kardecistas não os admitiam por considerá-los espíritos marginais e pouco evoluídos. Quem recebeu o caboclo indesejado, e logo em seguida o preto-velho Pai Antônio, foi Zélio Fernandino de Moraes, um rapaz de 17 anos que se preparava para entrar para a Escola Naval”.
O achado do Zélio Fernandino parece ter vindo de encontro a alguma inconsciente aspiração brasílica e fez escola. Assim como os católicos se apossaram do livro judaico, os umbandistas reivindicaram para si o mediunismo, trouvaille de Allan Kardec. Segundo Alves Oliveira, o caboclo teria assim se revelado: "Se julgam atrasados esses espíritos dos pretos e dos índios [caboclos], devo dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho [o médium Zélio de Moraes] para dar início a um culto em que esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou".
O espiritismo então abrasileirou-se, para desalento de seus mentores europeus. Contei então a história do Zélio Fernandino à minha amiga. Que a desconhecia totalmente. Ou seja, nem sabia como se havia operado a fusão de duas religiões em seu cerebrinho. A lambança é tal que já há centros orixás da umbanda, santos católicos e retratos de pregadores do Santo Daime posicionados em lugares estratégicos dos terreiros. E já existe inclusive o umbandaime, que promove a mistura entre a doutrina do daime com a religião afro-brasileira.O Santo Daime desbundou. É um culto sem pé nem cabeça, criado por um seringueiro da Amazônia, cujas cerimônias consistem na ingestão da ayahuasca, beberagem feita de um cipó, que produz vômitos e diarréias, as chamadas “peias”. A nova empulhação cultua o Cristo, a Virgem... e a floresta amazônica, ecologia oblige. Pelo jeito, as tais de peias não eram muito convincentes a ponto de por si só arrebanhar acólitos. O Santo Daime então adaptou-se. Assumiu elementos de hinduísmo, umbanda e hare krishna. Deus para todos os gostos. Aqui pertinho de São Paulo, em Nazaré Paulista, a escola espiritual tem dois gurus, um tal de Sri Prem Baba, o mestre da cerimônia, que pelo jeito é tupiniquim com nome indiano para melhor enganar. Mais o guru Sri Hans Raj Maharaji, que vive na Índia, mas já apita no Santo Daime. Mais o sedizente mestre Raimundo Irineu Serra, seringueiro brasileiro neto de escravos, que morreu em 1971, e teria sido o fundador da doutrina do chá de cipó.
São Paulo, com a maior clientela de crentes potenciais do país, é um semental de novas fés. Outro dia, zapeando na internet, descobri uma nova igreja, a bereana. E porque bereana? Porque em Atos está escrito: “E logo, durante a noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; ali chegados, dirigiram-se à sinagoga dos judeus. Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim”. A palavrinha se repete só mais duas vezes e já deu origem a uma igreja. Afinal os judeus de Beréia era mais nobres que os de Tessalônica. E mais nada sabemos de Beréia. Mas quando descobri a nova crença – há coisa de uma semana – as igrejas já eram três: temos a Igreja Evangélica Bereana, a Batista Missionária Bereana e a Adventista Bereana. Com tantos pastores proclamando a independência, a igreja deve ser das mais lucrativas..
E as religiões continuam saltando como pipocas na panela. Em 11 de novembro do ano passado foi criada a Igreja Templária de Cristo na Terra. Seus adeptos seriam nada menos que a reencarnação dos Cavaleiros Templários, braço militar da Igreja Católica formado por monges com voto de pobreza que aceitaram a tarefa de proteger os cristãos dos muçulmanos. De novembro para cá, são apenas seis meses. E a novel igreja já tem um primeiro-ministro, quatro bispos, 20 ministros e 560 mestres, cada qual encarregado de cuidar de 70 fiéis. Walter Sandro Pereira da Silva, o apóstolo fundador, vive “uma vida simples”, em uma casa em São Bernardo do Campo (o “solo sagrado”), com nove dos ministros, sua mãe e cerca de 80 cães e gatos – a igreja tem como tarefa tirar animais da rua.
Quem nos conta é Willian Vieira, repórter da CartaCapital. Com 70 fiéis para 560 mestres, temos 39.200 seguidores. Tudo isso em seis meses, o que dá mais de 6.500 adeptos por mês. O que dá mais de 1.600 conversões por semana. Mais de 230 por dia. Mesmo sentado à mão direita do Pai, o Cristo – que, após três anos de pregação, mal teve um gato pingado para acompanhá-lo ao monte Calvário – deve estar se roendo de inveja.
Walter Sandro, pernambucano pobre de Gravatá, descobriu cedo sua missão. Tinha 2 anos e meio e procurava desesperado a chupeta perdida, quando o Arcanjo Miguel veio em seu auxílio pela primeira vez. “Foi quando apareceu este ser dizendo que ela estava debaixo da cama e que eu devia procurar o Salmo 91.” Quando os pais encontraram o pequeno, ele tinha a chupeta na boca e a Bíblia na mão: milagre. “Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos”, dizia o premonitório texto bíblico.
Walter Sandro veio para São Paulo bebê e só voltou a falar com o arcanjo aos 13 anos, quando foi visitar sua cidade natal. Miguel disse-lhe que deveria pregar. Virou evangélico. Anos depois, quando começou a vender seguros, descobriu o dom da retórica e passou a dar palestras motivacionais: deixe de fumar, emagreça, conquiste o amor.
A epifania mesmo só ocorreu em novembro passado, quando Walter Sandro estava prestes a entrar no ar pelo canal UHF 58. Um novo milagre se deu. “O Arcanjo Miguel materializou-se e disse para eu abrir a igreja. Foi tão forte que tive uma crise de cálculo renal. Fui ao banheiro e ele veio e disse pra botar a mão na urina. Eu pus. E saiu uma pedra do tamanho de meio grão de feijão.” À meia-noite o programa foi ao ar já com o nome de Igreja Templária. As reuniões começaram como uma espécie de maçonaria, que aos poucos incorporou doses de Reiki, ioga e passe espírita. Uma pitada de Oriente, outra de espiritismo. Jogue tudo num caldo de cristianismo, misture e agite bem. Está criada uma nova religião.
Com apenas seis meses de existência, além do prédio na Rua Leais Paulistanos, a igreja tem sedes no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e em Minas Gerais. É mantida pelo “Carnê da Gratidão”, um boleto com depósito de 33 reais em uma conta do Banco do Brasil. “A pessoa não paga. Ela doa.” E ganha, de quebra, o número do celular de um dos mestres para ligar quando quiser, todo dia até as 2 da manhã. “Qual seu problema? Bem, às vezes Deus não cura agora para testar sua fé”. Vinte pessoas se revezam em três turnos para atender 3 mil ligações por dia no telemarketing. Se tudo der certo e o arcanjo ajudar, em breve a igreja terá seu canal UHF (que custou 120 mil reais) para levar, “em cadeia nacional”, a mensagem do fim do preconceito. “Nós não temos nenhum.” Você está desempregado e o mercado não está para peixe? Crie uma religião. É aposta segura. Nenhum outro ramo do trabalho lhe proporcionará tais retornos em apenas meio ano.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Paradoxos

Tem duas coisas que não batem com a teoria de Darwin sobre a evolução das espécies. Uma é o altruísmo, que desmente a tese de que a seleção natural se faz pela competição entre genes egoístas. Outra é o veneno, que desmente a tese de que os bichos desenvolvem seus mecanismos de ataque e defesa na luta pela sobrevivência, já que o bicho venenoso é venenoso desde os seus primeiros ancestrais e portanto já nasce pronto para a guerra química.
As formigas e as abelhas são os exemplos mais conhecidos de bichos sociais com um comportamento altruísta. Nascem com sua função e seu destino já programados e estes podem incluir o sacrifício do indivíduo pelo grupo. O próprio Darwin reconheceu o paradoxo do altruísmo, que intrigou a ciência durante muito tempo – tanto tempo que só na metade do século 20 começaram a estudar o fenômeno a sério.
Se, segundo Darwin, você, eu e a minhoca estamos no mundo para obedecer o nosso gene egoísta e sobreviver para poder transmiti-lo a nossa prole, como se explica o comportamento altruísta de espécies inteiras?
Uma explicação fascinante que surgiu é assim: nossa missão na vida é transportar o DNA que recebemos dos nossos pais, que receberam dos nossos avós e assim por diante, desde as primeiras amebas da família.
Tudo o que somos e o que fazemos, nossa biografia, nossos amores e vexames, nossos sonhos e brotoejas – nada disso interessa ao DNA. Ele só está nos usando como transporte. Quer segurança e quer ser passado adiante com eficiência, e o mínimo que espera de nós é que sejamos bons reprodutores para ele não perder a viagem.
E em comunidades endógamas como as das formigas e das abelhas, onde todo o mundo é irmão ou no máximo primo, os DNAs se parecem. Existe até o que poderia ser chamado de um DNA coletivo. Assim, os altruístas não estão renunciando à sua missão. Estão assegurando que o DNA do grupo será passado adiante, com seu sacrifício. É o determinismo darwiniano funcionando por outros meios.
A teoria do DNA coletivo não é universalmente aceita entre os biólogos, mas, que eu saiba, não apareceu outra tão razoável. Formigueiros e colmeias são exemplos inspiradores de altruísmo e divisão de tarefas, muito citados como modelos para a humanidade, mas é bom não esquecer que se trata de monarquias não-parlamentares e escravocratas – e ainda por cima matriarcados!
Quanto aos bichos venenosos, nada os explica. Só uma teoria da maldade intrínseca, de um mau caráter nato e entranhado. É inimaginável que sua espécie tenha desenvolvido seu poder peçonhento como outros animais desenvolveram carapaças ou disfarces para se proteger de predadores ou enganar presas.
Os venenosos não produzem seu veneno num processo de tentativa e erro, o que os enquadraria no grande drama da competição em que os bichos, através dos séculos, vão aperfeiçoando as suas armas para a sobrevivência.
Nunca precisaram testar o produto da sua alquimia interna – este veneno mata em segundos, este só paralisa, etc - antes de usá-lo. Já nascem sabendo o que podem. O que explica aquela empáfia da primeira serpente da Terra, na sua representação bíblica. Ela se sabia o Mal irresistível, e conhecia todos os seus próprios venenos. Que viesse a seleção natural do Darwin – ela estava pronta

sábado, 5 de maio de 2012

Estaria o Sexo Liberado na Fundação Casa - A Antiga Febem?


A partir de abril deste ano, os adolescentes infratores internados nas unidades da Fundação Casa terão direito à visita íntima, desde que comprovem ter uma união estável.
A nova Lei Federal (nº 12.594) regula as visitas íntimas para os adolescentes.
Para ter o benefício, o infrator deve comprovar à Justiça que tem uma união estável (namoro ou casamento).
Em entrevista concedida pela presidente da Fundação Casa, Berenice Giannella, disse que a liberação da visita íntima para o adolescente é parte do processo de ressocialização.
“Antes não era permitido nem visitas dos parceiros ao menor, hoje já é. A visita íntima contribui com o retorno social, com o vínculo familiar que deve ser mantido dentro da Fundação. É preciso que essa medida não seja vista de forma vulgarizada e sim como uma medida socioeducativa”, declara a presidente.
Ainda, segundo Berenice, o Estado e a Fundação estudam projetos sobre como será aplicada a lei. “Estamos avaliando questão de salas, como informar melhor ao interno, a aplicação da lei em si e os métodos de prevenção e educação sexual que devem ser ainda mais reforçados”.
Alguns ditos especialistas avaliaram a medida como positiva para a reeducação do menor infrator, estreitando seus laços familiares.
O que avaliamos é que de fato o estado passa a fazer uma concessão absurda aos menores infratores, não apenas por permitir que internos da Fundação Casa obtenham o direito impensável, bem como se cria mais um enorme problema para o Estado, possibilitando não apenas “um lazer” descabido, como o que é muito mais grave, a concepção de bebês sem qualquer estrutura familiar.
Não nos parece razoável o Estado patrocinar relações sexuais entre jovens sem qualquer estrutura socioeconômica e estimular a formação de mais famílias desestruturadas.
Ressocialização não se faz através de medidas de liberdade “mal” assistida, saídas provisórias (dia das mães, natal, etc.), abrindo às portas de nossos presídios e instituições, permitindo à saída às ruas de pessoas de extrema periculosidade.
O estreitamento dos vínculos familiares não deve ser confundido com as necessidades fisiológicas dos jovens internos.
Seria muito mais eficaz, se nossas instituições fizessem um trabalho efetivo com as famílias dos internos, objetivando a melhora dessas relações, ao invés de patrocinar a gravidez entre jovens adolescentes.
Além disto, a pretensão do legislador e “especialistas” de tratar o menor como adulto para efeitos de suas necessidades fisiológicas deveria ser estendido para a responsabilização do menor por seus crimes (atos infracionais).
Algumas questões que o legislador e toda a sociedade devem capitular:
- Por que nosso legislador insiste em usar dois pesos e duas medidas?
- Por que o menor deve ser tratado como criança quando estamos falando de crimes graves cometidos e como adulto para poder ter encontros amorosos?
- É razoável o que dizem os “especialistas” e legisladores quando entendem ser uma relação estável, um jovem de 14 anos que tenha uma namorada?
- Será que os pais de uma jovem, menor de idade, que vá a Fundação Casa para um encontro sexual estão de acordo com isto?
A legislação determina que, para um menor de idade casar, faz-se necessário que seja emancipado.
Então perguntamos, não seria o caso deste menor, que para poder fazer sexo, se diz casado ou em união estável ser emancipado e, portanto responder criminalmente como maior de idade? Ou ele apenas será tratado como maior para efeitos sexuais?