"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

POLICIAIS

Policiais são humanos (acredite se quiser!) como o resto de nós. Eles vêm em ambos os gêneros, mas na maioria das vezes são do sexo masculino. Eles também vêm em vários tamanhos. Na realidade, depende se você estiver à procura de um deles ou tentando esconder algo. Quase sempre, no entanto, eles são grandes. Encontra-se policiais em todos os lugares: na terra, no mar, no ar, a cavalo, em viaturas, e até na sua cabeça. Independente do fato de "nunca se encontrar nenhum quando se quer um", eles geralmente estão por perto quando mais se precisa deles. A melhor maneira de conseguir um é geralmente por telefone, mas a melhor coisa é saber que estão nas ruas para que possamos ter segurança dentro de casa. Policiais dão palestras, fazem partos e entregam más notícias. Se exige que eles tenham a sabedoria de Salomão, a disposição de um cavalo corredor e músculos de aço - muitas vezes são até acusados de terem o coração fundido no mesmo metal. O policial é aquele que engole a saliva a grandes penas, anuncia o falecimento de um ente querido e passa o resto do dia se perguntando porque, ó Deus, foi escolher esta porcaria de trabalho. Na TV, o policial é um idiota que não conseguiria encontrar um elefante numa geladeira. Na vida real se espera dele que encontre um menininho loiro "mais ou menos desta altura" numa multidão de quinhentas mil pessoas. Na ficção ele recebe ajuda de detetives particulares, repórteres e de testemunhas "-Eu sei quem foi". Na vida real, quase tudo que ele recebe do povo é "-Eu não vi absolutamente nada". Quando ele dá uma ordem dura, ele é grosso. Se ele lhe soltar uma palavra gentil, é uma mocinha. Para as crianças, ele é as vezes um amigo, outras um monstro, dependendo da opinião que têm seus pais à respeito da Polícia. Ele vira a noite, dobra escalas, e trabalha aos sábados, domingos e feriados; sempre o chateia muito quando um engraçadinho vem lhe dizer "epa, este fim de semana é Carnaval, estou à toa, vamos à praia". Esta é a época do ano em que eles trabalham quase vinte horas por dia. Quando um policial é bom, ele "é pago para isso". Quando comete um erro, "ele é um corrupto, e isso vale para todos os outros da raça dele". Quando ele atira num assaltante, ele é um herói, exceto quando o assaltante é "apenas um garoto e qualquer um podia ver". Muitos têm casas, algumas cobertas de plantas, e quase todas cobertas de dívidas. Se ele dirigir um carro de luxo, ele é um ladrão. Se for um carro popular, "quem ele pensa que está enganando?" O crédito dele é bom, o que ajuda bastante porque o salário não é. Policiais educam muitos filhos, muitas vezes os filhos dos outros, até melhor que os seus próprios, pois passam a maior parte do tempo longe de suas famílias e resolvendo os conflitos alheios. Um policial vê mais sofrimento, sangue, problemas e alvoradas que uma pessoa comum. Como os carteiros, os policiais têm que estar trabalhando independente das condições do tempo. Seu uniforme muda de acordo com o clima, mas sua maneira de ver a vida permanece a mesma; na maioria das vezes, é entristecida, mas no fundo, esperando e lutando por um mundo melhor. Policiais gostam de folgas, férias e café. Eles não gostam de buzinas, brigas familiares e, principalmente, autores de cartas anônimas. Eles não têm sindicatos e não lhes é lícito fazer greves, mesmo com a falta de equipamento, treinamento, condições de trabalho e os parcos salários que ganham. Têm que ser imparciais, educados, e sempre devem lembrar do slogan "a seu serviço". Às vezes é difícil, especialmente quando um indivíduo lhe lembra, "eu pago impostos, portanto pago seu salário". Policiais recebem elogios por salvar vidas, evitar distúrbios, e trocar tiros com bandidos (de vez em quando, sua viúva é quem recebe o elogio!). Mas algumas vezes, o momento mais recompensador é quando, após fazer alguma gentileza a um cidadão, ele sente o caloroso aperto de mão, olha nos olhos cheios de gratidão e ouve, "obrigado e Deus te abençoe".

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Ideologia Religiosa e Capitalismo

Max Weber (1864-1920) escreveu A ética protestante e o espírito do capitalismo (Die protestantische Ethik und der 'Geist' des Kapitalismus) entre os anos de 1904 e 1905.Neste livro, Weber avança a tese de que a ética e as idéias puritanas influenciaram o desenvolvimento do capitalismo. Nos nossos dias, época de globalização da economia e de avanço da "teologia da prosperidade", a obra de Weber merece ser revisitada, pois existem alguns paradigmas das igrejas atuais - principalmente as mais recentes - que merecem ser desvelados. Inicialmente eu falaria do caráter a-histórico de algumas igrejas, que se remetem sempre a uma ideologia a-temporal, que se quer eterna e imutável, mas que, na realidade é históricamente datada. Ao citarem a Bíblia como única fonte doutrinal, alguns religiosos fazem "tábula rasa" em relação à construção do próprio texto bíblico, o qual não foi escrito todo de uma vez e nem é fruto de um único autor. A própria palavra "Bíblia" deriva do grego "bíblion" ou "biblos", sendo plural de livros (rolos). Estes textos, escritos com um intervalo de tempo superior a 1.500 anos entre o primeiro e o último foram escritos em 3 idiomas diferentes: o hebraico, o grego e o aramaico. Em hebraico consonantal foram escritos todos os livros do Antigo Testamento, com excessão dos livros chamados deuterocanônicos e de alguns capítulos do livro de Daniel, que foram escritos em aramaico. Todo o Novo Testamento foi escrito em grego, embora a tradição aponte para o fato de que o evangelho de Mateus tivesse sido escrito em aramaico. Esta compilação díspar de textos foi reunida no século IV, quando Roma torna-se cristã, e criou-se a "vulgata", a Bíblia oficial da Igreja Católica, em latim. Desnecessário afirmar que cada vez que se traduz um texto chega-se, em termos conceituais, a um resultado "próximo" (mas não exatamente igual) ao texto original. A cultura própria, os usos e os costumes do tradutor, bem como as inovações linguísticas da sua época (que estão introjetadas) são inseridas, mesmo que acidentalmente, no texto que ele traduz. Muitas vezes, ao longo da História, se tentou "purificar" o texto bíblico, expurgando os acréscimos e as "licenças-poéticas" utilizadas pelos tradutores romanos e os copistas medievais, mas o certo é que ainda hoje continuamos a ler um texto que é muito mais o texto do século IV do que o original. Um exemplo claro é a passagem do Novo Testamento onde Jesus diz que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus. Esta frase tem sido repetida há pelo menos 17 séculos, mas em aramaico, kamelos significaria camelo, enquanto kamilos quereria dizer corda. Na tradução para o latim teria ocorrido uma leitura errada do original, convertendo a corda no metafórico animal. Além da questão da total ausência de historicidade em relação ao texto bíblico, várias igrejas ignoram ou expurgam a própria história, ou seja: • Em que conjuntura social, política e econômica surgiu determinada denominação religiosa? Em que época? • Em qual segmento da sociedade ela está alicerçada? Qual a classe social dos seus dirigentes? E dos seus fiéis? • Qual ideologia ela difunde? Em que país ela surgiu? Qual a ligação que ela mantém em relação ao país de origem? • A quais interesses ela serve? Acreditamos que, ainda que muitos fiéis não tenham muita clareza das razões que os levam a determinada igreja (e não a outra), os líderes religiosos devam refletir criticamente e não professar uma fé "ingênua" ou "intuitiva", mas sim fortemente lastreada sobre os alicerces da teologia, da sociologia e da história. Sobre a teologia da prosperidade , parece evidente que hoje as pessoas (especialmente as mais pobres) procuram as igrejas muito mais para resolver problemas bastante imediatos como dívidas, dificuldades no casamento ou familiares, falta de perspectiva profissional e outros, que têm muito mais a ver com a atual conjuntura sócio-econômica do que com a fé ou a doutrina, do que para buscar a salvação. Existe em nossos dias, uma relativa "especialização" entre as igrejas, ou seja, igrejas que são especializadas em resolver problemas materiais (falta de emprego, dívidas, etc.), igrejas que são especializadas em resolver problemas ligados à afetividade (casamentos desfeitos, desentendimentos entre pais e filhos, solidão, depressão, etc.) e outras na preservação e recuperação da saúde. Quase todas, em uníssono, buscam a manutenção do "status quo" e a condenação dos "desvios" e dos "desviantes". Em relação à família, reconhecem como a família "constituída por Deus" a monogâmica e patriarcal, muito embora ela tenha sido construída muito mais ao longo do século XIX, pela burguesia, do que na época bíblica. A própria instituição da família é historicamente datada e sofreu transformações ao longo do tempo: "A própria família passou por transformações através dos tempos. Nos séculos XVI e XVII, o modelo predominante era o da Família Aristocrática, cujos pais decidiam o casamento dos filhos, a relação se baseava na hierarquia aristocrática e os papéis eram impostos por rígidas tradições.Não se respeitava a privacidade dos membros da família, a não ser a do pai.E, o primeiro contato da criança, era com as amas de criação e não com os pais. Surge então um novo modelo, a Família Camponesa, baseada na vida cotidiana das aldeias.A família era a própria aldeia e vivia em comunidade.A relação entre os componentes da família era superficial, sem qualquer intimidade. A mãe cuidava dos filhos, da casa, da horta por longas horas, com a ajuda de pessoas de fora do grupo familiar. No século XIX, surge o modelo da Família Burguesa e os filhos recebem novos valores, até então inéditos.A mãe é responsável pela educação dos filhos para que eles tenham um lugar de respeito na sociedade e os pais cuidam do custeio dos estudos.Dessa forma, a esposa conseguia estreitar os laços afetivos com os filhos, influenciando-os diretamente na construção da moral dentro das regras vigentes. Com a Revolução Industrial, surge a Família da Classe Trabalhadora, que nasceu da angústia social e econômica reinante na época, que se assemelhou ao modelo da burguesia.Num primeiro momento, todos os membros da família trabalhavam nas fábricas, sem dar muita atenção para as relações entre pais e filhos, os quais ficavam pelas ruas.Num segundo momento, resgatou-se o estilo burguês e a domesticidade voltou a prevalecer. A Família Contemporânea do século XX, oriunda da família burguesa, um pouco mais complacente, permite que os filhos criem sua própria opção de vida.Os valores burgueses se intensificam e começa a haver mudanças na sociedade, como a valorização da mulher no mercado de trabalho, a divisão das responsabilidades, nas funções dos papéis do casamento, a violência urbana, os movimentos políticos e ideológicos, dentre outros, acarretando mudanças até de perspectivas.". Uma simples leitura superficial da Bíblia faz refletir que os primeiros judeus viviam sob a poligamia (os patriarcas tiveram várias esposas, bem como o rei Salomão, a quem a tradição atribui ter tido um filho com a rainha de Sabá) e não eram fiéis (o próprio Abraão teve Ismael da escrava Agar, antes de ter tido Isaac de sua esposa Sara; David mandou Urias, o esposo de Betsabé, para a frente de batalha, para ficar com sua esposa), praticavam o incesto (as filhas de Ló embebedaram o pai para copular com ele) e outros tantos atos que os religiosos atuais parecem atribuir aos "tempos modernos". Sob uma perspectiva sociológica poderíamos conjecturar que várias igrejas cumprem eficazmente a função de aparelho ideológico de Estado,superestrutura ideológica que mantém a infra-estrutura econômica acomodada e amoldada. Sob a capa da preservação da moralidade e da divulgação da "palavra" – através de Evangelização cada vez mais intensa – estas igrejas prestam grandes serviços ao capitalismo internacional e à burguesia dirigente, pois, além de manter os fiéis "sob controle" ainda suprem lacunas deixadas pelo Estado Mínimo neo-liberal: Saúde, Educação e Segurança Pública. Em termos econômicos estas instituições se constituem em verdadeiras empresas, que conseguem operar com grande margem de lucros. Ao reproduzir as estruturas capitalistas (da sobriedade e da acumulação) e ao prestar serviços à elite dirigente, elas reiteram a ideologia dominante e, desta maneira explicamos o seu sucesso. Referências A CORDA CAMELO. Disponível em Acesso em 12fev2011. BIBLIA. Disponível em Acesso em 12fev2011. CAPELLANO, Luiz Carlos. RELIGIÃO E ECONOMIA NA ATUALIDADE. Disponível em Acesso em 12fev2011. FIDOMANZO, Marie Claire Libron. A GUARDA COMPARTILHADA SEMPRE EXISTIU. Disponível em Acesso em 12fev2011. TEORIA DA PROSPERIDADE. Disponível em Acesso em 12fev2011.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

1945, o maior naufrágio do mundo

No inverno de 1945, bem no final da 2ª Guerra Mundial, um navio alemão que transportava milhares civis refugiados da guerra, o Wilhelm Gustloff, foi afundando por um submarino soviético nas águas do Mar Báltico. Quase todos os que estavam a bordo pereceram, ou afogados ou devido a hipotermia provocada pela baixíssima temperatura do mar. O número de vítimas foi tamanho – é tido como o maior naufrágio civil do mundo - que superou em muito as do transatlântico Titanic, cujo afundamento ocorreu em 1912, sem porém que provocasse a mesma comoção. Fuga pelo Báltico “Matem! Matem!.. Usem a força e quebrem o orgulho racial dessas mulheres alemãs. Peguem-nas como legítimo botim. Avante como uma tempestade, galantes soldados do Exército Vermelho.” Ilya Ehrenburg, jornalista soviético, 1945
Numa daquelas noites prussianas gélidas do Norte europeu, em 30 janeiro de 1945, com o termômetro marcando 10° abaixo de zero, o ex-cruzeiro de luxo alemão M/S Wilhelm Gustloff, de 25 mil toneladas - desde 1940 transformado em hospital flutuante - , deslocava-se apinhadíssimo de gente pelo Mar Báltico. Projetado para levar duas mil pessoas, carregava naquele momento mais de nove mil, a maioria mulheres e crianças que fugiam da invasão russa. O Exército Vermelho vinha , por assim dizer, nos calcanhares deles, seguindo a mesma rota que os seus antepassados mongóis, no século 13, usaram para atingir o Ocidente. Os que escapavam eram civis alemães que até então moravam na Prússia Oriental e nos Estados Bálticos que, apavorados, fugiam pelo Golfo de Danzig da vingança dos soviéticos. Organizaram para eles uma espécie de solução de emergência, recolhendo-os dos portos do leste da Alemanha para que alcançassem, por mar, as áreas mais seguras do Ocidente. Os que iam a bordo não tinha a mínima idéia que seriam os protagonistas da maior tragédia marítima de todos os tempos, quase seis vezes superior às vitimas do transatlântico Titanic, naufrágio ocorrido 32 anos antes (1.517 mortos).
O naufrágio
Quando haviam cumprido a metade do caminho, um pouco depois das 21 horas, três torpedos do submarino russo S-13 os atingiram. O Wilhelm Gustloff logo adernou. A multidão que se agarrava no convés começou a ser jogada na água. Outros, apavorados, saltavam diretamente lá do alto. A gritaria no convés era acompanhada de tiros dos que preferiam suicidar-se ou atirar nos familiares antes. Os soldados feridos, imobilizados, despediam-se uns dos outros. Como distribuir os parcos botes salva-vidas para 9.343 passageiros, sendo que muitos deles estavam cobertos de gelo? O SOS foi lançado e aos poucos começaram a chegar os auxílios. Os faróis dos barcos e das lanchas de socorro vararam a noite inteira em busca de sinais de vida, enquanto corpos, milhares deles, vagavam sem destino em meio aos blocos de gelo, boiando salpicados de neve. Os que conseguiam ser resgatados estavam enregelados, as mãos azuladas e encarangadas e o olhar petrificado. Ao amanhecer as equipes de salvamento haviam retirado 1.239 náufragos ( outros reduzem-nos para 996) daquele horror. A situação só não foi pior porque eles estavam próximos ao litoral da Pomerânia. Mesmo assim supõe-se que oito mil pereceram. Os submarinos soviéticos continuaram por perto praticando a caça e, dez dias depois, afundaram o General von Steuben (3 mil mortos) e ainda, em 16 de abril de 1945, puseram a pique o Goya (cerca de 7 mil, a maioria soldados). Portanto, em matéria de matança de civis o M/S Wilhelm Gustloff, realmente empunhou a taça da desgraça. Ainda que a operação de remoção do maior número possível de civis alemães orientais tenha sido tida como um sucesso, pois conseguiram o translado de 2 milhões deles para fora da órbita soviética, a tragédia daquele barco de turismo adaptado para às pressas para a fuga, perdurou no tempo como um desastre que poderia ter sido evitado, não fosse o clima de revanche que embalava os soviéticos. Revanche que se estendeu para os maus tratos da grande parte da população civil do Leste da Alemanha, com ondas de estupros, pilhagens, saques, desordens, espancamentos e brutalização geral dos vencidos.
Um roteiro de atrocidades Na época dizia-se que era merecido. Que os alemães haviam se portado do mesmo modo quando adentraram na URSS em 1941. Quem começou a reverter esta opinião entre eles, foi Alexander Soljenitsin. Cada vez mais furioso com o regime comunista, Soljenitsin que fez parte das tropas de ocupação – era oficial de artilharia - pessoalmente testemunhou as atrocidades que seus conterrâneos haviam cometido. Envergonhado, acabou por denunciar aqueles horrores num longo poema intitulado Prosskie Nochi (Noites Prussianas, 120 páginas, 1974), revelando à opinião pública da então URSS, o que de fato acontecera na Alemanha naqueles meses de conquista e ocupação, quando pelotões inteiros de soldados russos submetiam as alemãs, dos oito aos sessenta anos, a estupros coletivos, cortando o pescoço daquelas que resistiam ou se lhes opunham. Ele acreditou que tudo aquilo decorreu, que deu-se tal roteiro de atrocidades, devido os comunistas “ terem afastado a Rússia de Deus”, retirando do soldado raso, dos Ivans que passaram a acampar na Alemanha, qualquer sentimento de piedade ou compaixão para com os derrotados. Ao contrário, incitou-os aos barbarismos, a pretexto de estarem lutando contra o decadente mundo burguês em sua forma fascista.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ensino com Pesquisa (ensinar/aprender fazendo)

Pesquisar é um processo que objetiva entrar em contato com realidades desconhecidas ou pouco conhecidas, revelando suas características e peculiaridades, observando critérios específicos e com uma metodologia de trabalho. A atividade de pesquisa está ligada a várias instâncias, desde o desenvolvimento de novos conhecimentos, passando pela pesquisa diagnóstica nos mais diversos campos - saúde, por exemplo - até o abastecimento de dados e informações necessárias à elaboração do planejamento. Planejar corresponde a um conjunto de ações articuladas e não-aleatórias, visando a consecução de um ou mais objetivos pré-determinados. Planeja-se a economia, planeja-se a educação e, em termos pessoais, planeja-se o orçamento doméstico, a aquisição de bens e até o nascimento de filhos. Todos - pessoas e instituições - podem viver e dar consecução a suas atividades, sem planejamento; todavia, quando há planejamento, os riscos são menores e o produto do trabalho é substancialmente melhor. Planejar e pesquisar são elementos fundamentais para a consecução do conhecimento científico e da gestão de bens e serviços. O ato de pesquisar se confunde com as ações visando conhecer o mundo, pois pesquisar é especular, buscar, inquirir, questionar e, finalmente, conhecer. Na escola de hoje utiliza-se a pesquisa como forma de entrar em contato com o ainda não-conhecido, estabelecer relações com o conhecimento pré-existente e fazer a incorporação do novo. A esse processo pode-se denominar, em termos específicos, como busca do conhecimento e, em termos amplos, como o processo educativo. Através de Projetos de Pesquisa, elaboram-se caminhos adequados a essa busca do conhecimento. Partindo de um tema básico (um dos Temas Transversais previstos nos PCNs, por exemplo), pode-se elaborar um projeto de trabalho em pesquisa que envolva as disciplinas curriculares do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio. Os projetos de pesquisa operacionalizam os conteúdos curriculares de maneira integrada, sistêmica, proporcionando, como resultado, uma educação interdisciplinar e uma visão de mundo integrada e não mais fragmentada como ocorre no ensino tradicional. Despertam o interesse dos alunos, pois os mesmos aprendem fazendo, participando de todas as fases do Projeto - desde a escolha do tema até a avaliação e apresentação final - resolvendo um dos maiores problemas em sala de aula dos dias de hoje - garantir a motivação dos alunos e sua atenção para o aprendizado.