"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Educação e novas tecnologias: Um repensar

A tecnologia na escola: Novo saber, para poder intervir. A tecnologia entrou na educação como algo revolucionário, desejado por muitos e temido por outros tantos. Porém, se a tecnologia for utilizada na escola por professores preparados, conscientes de que não basta somente ter computadores e sim saber integrá-los nos processos curriculares, desta forma contribuirá de maneira significativa para o avanço na educação, que terá em suas mãos a oportunidade de formar indivíduos com capacidade de agir, planejar e executar. Por outro lado, se os computadores ou outro equipamento tecnológico for posto em um pedestal, neutralizando espaço antes utilizado a atividades educativas, tendo seu uso restrito, trancado como jóia de alto valor ou ficando o educador como mero executor de pacotes de software, trará grande prejuízo ao processo ensino aprendizagem. Cabe a todos o planejar, a necessidade real de equipamentos e após discussão que deve ser contínua sobre o uso e formas de interagir no espaço educacional decidir qual o melhor momento para a aquisição de equipamentos tecnológicos e diversas formas de utilização. No meio de tantos pontos a serem levados em consideração um merece destaque que é o principal ator de toda essa discussão: o aluno, que em muitos casos é tratado como um mero recebedor, que a recebe como certa, perfeita, verdade absoluta. Não podemos deixar de reconhecer que enquanto profissionais temos uma grande parcela de culpa por estes acontecimentos. Mas, devemos levar em consideração também outro fator de suma importância: a formação dos professores para atuar como educadores, que necessitam de um suporte que ultrapassa os limites da escola. Como atuar com eficiência e eficácia, se muitos vivem a triste realidade de uma jornada escrava, com baixa remuneração, além da falta de compromisso com a pesquisa, e outros fatores, que não favorece o processo ensino aprendizagem? Tudo agora é um grande repensar. Repensar as práticas, os danos, o que ainda pode ser feito com os educandos que estão sendo formados por nós?. Quantos questionamentos nos são postos e outros acrescentados. Questionamentos necessários 1- De que forma meu aluno está se apropriando da tecnologia? 2- Onde? Como ele recebe informação? 3- Que mundo está chegando aos alunos? 4- Está preparado para assistir aos programas de forma critica? 5- Que mundo está chegando aos professores? 6- O professor deve inserir conteúdos da mídia em suas aulas? 7- De que forma o educador está se preparando para lidar com o educando com tanta informação? 8- O que fazer quanto se sabe que em muitos casos o educando está mais preparado que o educador? 9- O Educador está preparado para promover a aprendizagem, competências e sabe os procedimentos para conduzir o educando a utilizar as tecnologias de informação e comunicação de forma correta? 10- Compreende a historia da informática e linkar com o momento atual? 11- Que cidadão se quer formar? 12- Qual o papel da escola? 13- O computador está a serviço da humanidade ou a humanidade está a serviço do computador? Mudança, a ignorância não é mais desculpa para os mesmos erros. Práticas iguais, resultados iguais. Vivemos momentos de transformação. Como tudo começou! No momento em que necessitamos saber o que temos e o quanto queremos, e de contas com os dedos avançamos para as pedras, calculadoras, giz, retroprojetor, computadores com seus softwares com tutoriais, simuladores, jogos educativos, linguagem de programação, internet e não paramos mais. Mais necessidades, mais tecnologias. Passamos do simples, fomos para o complexo e hoje estamos no intuitivo complexo e continuamos avançando, fazendo e refazendo o caminho de formas diferentes. Derrubando muros, construindo outros, expandido o saber a quem queira, criando até novas classes. Cabe a nós como educadores utilizar de forma adequada a tecnologia para maximizar o potencial da educação enquanto instrumento de transformação da sociedade.

domingo, 8 de novembro de 2009

O REGRESSO (AUTOR DESCONHECIDO)

Tinha acabado a guerra, e Deus, lá nas alturas, cercado de astros de ouro e pulcros querubins ouviu sons marciais, fanfarras e clarins, e um ardente vozear de humanas criaturas. “Que rumor – perguntou perturba assim o ar?" - “Senhor lhe diz alguém da corte celestial - os bravos vencedores da Guerra Mundial, sob o Arco do Triunfo estão a desfilar. "Na célica mansão um sussurro se expande, e a densa legião de almas plenas de graça acorre curiosa e se debruça e esvoaça, para melhor distinguir a marcha heróica, grande! Então o bom S. Pedro, o santo venerando, que por mando divino é dos céus o porteiro, gritou: "Chamai Flambeau, o esperto granadeiro, para explicar o que se for passando. "Flambeau, que combateu e foi dos mais ousados, acerca se atencioso, observa por momentos e informa: "Vão ali famosos regimentos, a glória militar, indômitos soldados!... "Cavaleiros, então, avançam com ardor, e ele anunciou: "Desfilam os dragões!..." Estremecem no céu os áureos portões, que a voz do povo era um estrídulo clamor. “Mas isto nada é...", disse Flambeau atento. “Olhai a Artilharia!..." Em enorme alarido, reboam saudações qual ciclone enfurecido, ascendendo em rajada até ao firmamento. E Flambeau continua: "Isto ainda não é nada! Vereis melhor Senhor... Eis os aviadores!..." Revougam pelo espaço os potentes motores, a ponto tal que a voz do povo é sufocada. Flambeau proclama com enlevo! "Os Marinheiros..."Desta vez o entusiasmo os mundos excedeu e cativado, o sol, palmas de ouro abateu sobre os rijos heróis, que foram dos primeiros." Agora, Senhor meu - disse Flambeau ovante - Vereis quando passar a nobre Infantaria... Tenho medo que o sol estoure e finde o dia e a noite eterna envolva a Terra num instante. Serão aclamações estrondosas, torrenciais, Vibrarão no azul qual doida a trovoada, ver-se-á a multidão frenética, entusiasmada, delírio igual jamais se viu, jamais. "Surgiram a seguir os homens das trincheiras, alpinos, caçadores e toda a infantaria. Nas suas expressões claramente se lia o martírio sofrido e angústias e canseiras. Quando o canhão, rugindo, a morte semeava, impávidos, no posto, assim permaneciam... Era uma corte altiva, os tantos que ali iam, um grande, imenso, mar de heróis que ali passava às quentes saudações que a multidão soltou. Silêncio se seguiu, silêncio e nada mais. O espanto avassalou as regiões siderais. E Flambeau, indignado, agreste se expressou:-“Assim os recebeis, ó crua, ingrata gente?! Por vós riram da morte e a fome desdenharam, cansados de sofrer jamais o confessaram, são de aço os quais ali vão, tropa digna, valente! Deveis-lhe orgulho, sim, a graça de viver, e, em vez de os abraçar, calai-vos? Mal andais. Franceses, ouvi bem: Sois rudes, sois brutais, tamanha ingratidão não tem razão de ser." Mas mal termina a frase, olhando a Terra, fica possuído de orgulho, o coração em festa... Os Infantes, semi-deuses, heróis em gesta, que a luz do sol poente envolve e magnifica, marcham eretos, viris, o olhar altivo e ousado... Fremente, perturbada, a imensa multidão, por um alto mandato ou estranha inspiração, havia ajoelhado...

LEMBRAI-VOS DA GUERRA (AUTOR DESCONHECIDO)

Imensa formação de brancas cruzes, Desfile mortuário de fantasmas, Exótico mercado de miasmas, Exposição de ossadas e de urzes... Calado e mudo queda-se o canhão, Apenas trevas cobrem a amplidão, Do que outrora foi um campo batalha... Calada e muda queda-se a metralha, É morta na garganta a voz do obus, O sabre traiçoeiro não mais reluz Dilacerando, ensanguentado a terra... A paz voltou, é terminada a guerra. Os heróis já tombaram das alturas, covardes, bravos jazem olvidados, Seus feitos aos livros relegados, Nada mais resta, apenas sepulturas. E eu? Quem sou? Perguntam... eu, quem sou? Pois bem, eu lhes direi: sou um soldado, Igual a qualquer outro que avançou, combateu, foi derrubado. Cruzes iguais... Terrivelmente iguais... Exército que cresce mais e mais, No festim diabólico da morte. Aqui jaz o covarde. Ali o forte. Aqui dorme um estranho. Ali estou eu... Mas ninguém sabe como ele morreu... Não se lembram do campo de batalha, Nunca ouviram o riso da metralha... Não sentiram tremer o corpo inteiro ao rugido terrível do morteiro... Não viram a cor dos olhos do inimigo. Não sentiram o medo do perigo, Que nos faz desejar a morte breve. Nunca sonharam. Nunca, nem de leve. Mas... Nem todos se esqueceram do soldado Que está longe, muito longe sepultado... oh minha mãe, se tu soubesses Que tua imagem adornei com flores, Que tuas flores foram minhas preces, Preces colhidas no jardim das dores... oh mãe, se te contasse O medo que senti sem teu carinho, Um medo horrivel de morrer sozinho. Medo mesmo que o medo me matasse... Mas deixei meu abrigo e avancei Julgando ver a morte a cada passo ouvindo o sibilar de um estilhaço... Parei... Pensei em ti... Continuei... Minha querida mãe, se te dissesse Que quando derrubou-me uma granada jogando-me por terra ensanguentado, Foi por ti que chamei desesperado. Por um momento deixei de ser soldado E fui novamente uma criança Sentindo na morte a esperança De ainda adormecer no teu regaço. Mamãe, matou-me um estilhaço... Minha querida noiva, por que choras? Relembras certamente as boas horas Que passamos juntos. Só nós dois... Íamos casar. Lembra? E depois... E depois uma casa retirada. Com cortinas nas janelas enfeitadas, Tu me esperando... eu vindo do quartel... A nossa casa um pequenino céu, Aberto para a vinda de um herdeiro... mas, meu sonho, foi meu sonho derradeiro, o de beijar-te antes de morrer. Mas ante o golpe frio da granada, Beijei apenas terra ensangüentada. Mamãe, minha noiva, aqui se encerra Uma história de sangue, esta é a Guerra. Não chorem. Tudo agora é terminado Rápido como coisa de soldado... Mas mamãe... Se novamente a pobre humanidade Mais uma vez em busca da verdade Rufar os seus tambores sobre a Terra Anunciando o sangue de outra guerra, e mais um filho a Pátria te exigir, Sem lágrimas mamãe, deixe-o ir... Embora te destrua o coração, Ainda que te alquebre a agonia Deixa-o ir mamãe, Mas peça a esse irmão, Para que seja também de INFANTARIA !!!!