"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Avanço do Relativismo

Não se pode comparar o que quer que seja com outras civilizações e sociedades diferentes daquela a qual pertencemos. Ao fazermos isso, estaremos sendo relativistas e, por consequência, promovendo a deteriorização progressiva do grupo ao qual pertencemos. Matar um recém nascido deve ser considerado um ato de violência? Depende. Na visão de algumas tribos indígenas não. Se o bebê nasce com alguma deficiência ele deve ser eliminado. Simples assim. Pode parecer um crime aos olhos da maioria das pessoas, mas não o é aos olhos daqueles povos que praticam este ato. Portanto, matar uma criança defeituosa ou com algum problema físico mesmo que ela tenha capacidade de viver não pode ser, a priori um crime. Mas é um crime, diria a maioria da população. Correto. Mas só é considerado um crime porque estamos inseridos em uma organização social com regras claras e bem definidas, uma sociedade que julga o valor de um recém nascido de maneira absoluta e não relativa. Afinal, não somos indígenas, mas civilizados. Eis um exemplo de como o relativismo moral consegue deturpar a visão que temos acerca de valores fundamentais como a vida, a liberdade, e a gravidade de determinadas atitudes. Não se pode comparar o que quer que seja com outras civilizações e sociedades diferentes daquela a qual pertencemos. Ao fazermos isso, estaremos sendo relativistas e, por consequência, promovendo a deteriorização progressiva do grupo ao qual pertencemos. Exemplos de relativismo moral são inúmeros. Podemos citar uma recente pesquisa realizada pelo Senado Federal acerca da consideração ou não do crime de corrupção como sendo hediondo. O resultado: 99,1% das pessoas que responderem à enquete se mostraram favoráveis ao enquadramento da corrupção como sendo um crime hediondo. Mas deve sê-lo? Deveria a corrupção ser enquadrada na mesma categoria de crimes como sequestro, estupro ou tortura? Deveriam os políticos e funcionários governamentais que desviam dinheiro público serem nivelados ao mesmo nível de pessoas que violam a integridade física e mental de outrem ou mesmo retiram a sua vida? Claro que não. Estamos tão perdidos na noção de valores que equiparamos o dinheiro do nosso bolos à uma vida humana. Que o crime de corrupção é grave não há dúvida. Mas hediondo? Roubar uma licitação tem a mesma gravidade do que estuprar, torturar ou matar alguém? A que ponto chegamos? Nos incomodamos muito mais quando pessoas desviam verbas e roubam recursos públicos do que com os cerca de 50 mil assassinatos que ocorrem por ano no Brasil! Perdemos completamente a noção de valores. Estamos virtualmente alienados, preocupados apenas com os índices da inflação e do crescimento econômico, pouco nos importando se notícias de assassinatos passaram a ser lugar-comum. A perda de nossa noção de certo e errado fica evidenciada, ainda, quando uma professora que resolve disciplinar um aluno é repreendida e condenada pela sua atitude. Para as crianças e adolescentes, o ECA (nome bem sugestivo para uma porcaria) dá plenos poderes, ao mesmo tempo que limita a autoridade paterna e dos educadores. E os sindicatos e CPERS da vida? Onde estão para defenderem a professora ou professor que foram punidos, despedidos e demonizados por quererem disciplina em suas aulas? Onde estão as organizações de classe quando um dos seus é perseguido injustamente? Omissas evidentemente. Afinal, se não há dinheiro envolvido e nem a possibilidade de um dos seus se candidatar a deputado ou vereador, não é interesse. Os professores e educadores que se danem: Children & Teens Power! O fato é que nos últimos 20 anos entramos num acelerado processo de inversão de valores sob a desculpa de garantir mais liberdade às pessoas, quando na verdade estamos cada vez mais aprisionados. Tornar relativos conceitos básicos de nossa estrutura social é mais um passo em direção à sua destruição. E estamos caminhando cada vez mais rápido ao iminente colapso.

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