"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O descobrimento do Brasil foi um acidente de percurso?

No dia 8 de março uma frota composta por 10 naus e três caravelas partiu de Portugal rumo à Índia, onde os portugueses deveriam efetuar transações comerciais – compra, venda e troca de especiarias. No dia 22 de abril, porém, um "acidente de percurso" fez com que a frota desembarcasse no Brasil. Terra à vista? Ou será ilha à vista? Enfim, o que os portugueses avistaram mesmo ao chegar perto do Brasil foi um grande monte, que mais tarde passou a ser chamado de Monte Pascoal. Assim que desembarcaram no Brasil, onde hoje situa-se Porto Seguro, na Bahia, os portugueses foram “recepcionados” pelos índios que rapidamente encantaram-se com os seus metais preciosos. Sem “saber” o que eram realmente aquelas terras, Cabral batizou-as de Ilha de Vera Cruz, e depois que entendeu que se tratava de um continente, chamou-a de Terra de Santa Cruz. No dia 26 de abril, Frei Henrique de Coimbra celebrou a primeira missa em solo brasileiro. Em seguida a frota de Cabral rumou para a Índia, afinal, era para lá que eles deveriam ter ido. Ou será que não? Duas naus, porém, voltaram para Portugal levando a famosa carta de Pero Vaz de Caminha, na qual ele narra detalhadamente como aconteceu o descobrimento, além de outras características da nova terra. E depois, bom, depois os portugueses voltaram e encontraram o glorioso pau-brasil, do qual passaram a extrair uma valiosa tinta vermelha que futuramente passou a ser comercializada em toda a Europa. E, em homenagem, a terra passou a chamar-se – Brasil. Isso é o que você aprendeu nas aulas de história. Mas será que a história do Brasil é só isso? Será que não existiam outros habitantes nessas terras, nativos ou não? E será que os portugueses foram levados pelas “correntezas” e caíram justamente em frente ao nosso maravilhoso litoral, ou será que de “portugueses” eles não tinham nada e apenas vieram tomar posse oficialmente de algumas terras? Não existem documentos oficiais, mas diversas teorias rondam o descobrimento do Brasil. Leia agora alguns fatos “interessantes” sobre o descobrimento do Brasil...e tire as suas próprias conclusões. Outras teorias sobre o descobrimento do Brasil Tudo indica que os portugueses já sabiam da existência de nossas terras, antes de Cabral passar por aqui. Muito provavelmente, o Brasil não foi descoberto em 22 de abril de 1500, e sim, tomado posse. Eis alguns indícios: - Vasco da Gama, após a sua gloriosa ida às Índias, voltou para Portugal em julho de 1499. Melhor do que as especiarias que ele trouxe na mala foi o fato de que ficou comprovado na prática que, assim como na Índia, novas terras poderiam ser alcançadas pelo mar. Ou seja, o planeta terra poderia transformar-se em um imenso comércio (será que já havia indícios de globalização nesta época!?). E Portugal era um dos poucos países europeus com saída para o Atlântico. Antes mesmo de seu retorno, diz a história que Vasco da Gama já havia registrado em seu diário de bordo, algo em torno de 1497, que existiam terras americanas, comunicando o rei de Portugal, D. Manuel, assim que retornou à Portugal. - Cristóvão Colombo, ao descobrir a América em 1492, sugeriu em seus manuscritos, a existência de outras terras ao sul da República Dominicana. - Alguns anos antes de Cabral aportar por aqui, mais precisamente em 1494, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas. Naquela época os navegadores espanhóis e portugueses eram considerados os melhores do mundo e a briga entre eles pela posse das novas terras estava se acirrando. Através do Tratado foi traçada uma linha imaginária que passava a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde (colônia de Portugal), dividindo o mundo em duas partes iguais. As terras descobertas do lado esquerdo (oeste) seriam da Espanha, enquanto que as terras descobertas do lado direito (leste) seriam de Portugal. E o Brasil, bem o Brasil (e o seu imenso litoral) ficava coincidentemente no lado dos portugueses. Sendo assim, as terras já estavam no mapa e pertenciam à Portugal. Bastava então estudar as correntezas, as rotas e as condições climáticas, para que fosse possível encontrar as tais terras e ... tomar posse, garantindo o domínio de Portugal. - Tudo indica que o primeiro português a pisar em solo brasileiro, não foi Cabral, e sim Duarte Coelho, pessoa de extrema confiança do rei D. Manuel e considerado um gênio em navegação e astronomia, naquela época. Coelho descobriu o Brasil no final de 1498, a mando do rei. O grande problema foi que Duarte Coelho acabou desembarcando entre o Maranhão e o Pará, em terras pertencentes à Espanha, de acordo com o Tratado de Tordesilhas firmado em 1494. Dessa maneira, quando retornou à Portugal, o rei pediu que a missão ficasse em sigilo e que, enquanto isso, fosse preparada uma nova missão que deveria alcançar o Brasil em outro ponto, em terra pertencente à Portugal. Naquela época havia uma cláusula no Tratado de Tordesilhas que obrigava Portugal e Espanha a comunicarem ao outro a descoberta de terras alheias. D. Manuel preferiu ficar quieto e não dar munição ao seu concorrente. - A carta escrita por Pero Vaz de Caminha é uma verdadeira certidão de nascimento do Brasil. Nenhum outro país foi descrito com tantos detalhes no momento de seu descobrimento. Mas, não se divulga o porquê, Caminha escreveu sobre cada detalhe do Brasil, muito provavelmente para dizer “sim, nós estivemos aqui e o Brasil é nosso”. - Outro mistério ronda essa mesma carta. Caminha descreve a vista do Monte Pascoal, como sendo um monte com “serras mais baixas ao sul”. Essa visão só seria possível se os portugueses estivessem navegando do Sul para o Oeste, como se estivessem subindo o litoral brasileiro. Ao contrário, se eles tivessem realmente descoberto o Brasil por acaso, a visão do Pascoal seria completamente diferente, já que eles estariam navegando em direção Norte – Oeste. - Não é possível comprovar, porém relatos de historiadores narram a existência de “pirataria” em solo brasileiro antes mesmo da chegada dos portugueses. De acordo com os relatos, alguns deles publicados no livro, Náufragos, Traficantes e Degredados, de Eduardo Bueno, os espanhóis, franceses e ingleses já haviam estado por aqui e a pirataria era uma prática bastante comum entre eles. - E, bem, se não bastasse tudo isso, vale lembrar que já tinha gente por aqui, antes mesmo de portugueses, espanhóis, franceses ou ainda ingleses. E além de gente, essa terra também já tinha um nome: Pindorama. Os índios, quase 2 milhões apenas no Brasil naquela época (de acordo com estudos realizados pelo antropólogo Darcy Ribeiro), pertenciam às tribos tupi-guarani (Litoral ), macro-jê ou tapuia (Planalto Central ), aruaque e caraíba ( Amazônia ) e gentilmente chamaram as terras brasileiras de Pindorama, em referência às palmeiras existentes por aqui. Quem foi Pedro Álvares Cabral? Apesar de seu porte físico invejável (Cabral tinha cerca de 1,90 m de altura enquanto que a maioria dos portugueses não passava de 1,65 m), Pedro Álvares Cabral não entendia muito bem de navegação. Apesar de não ter vindo de origem muito nobre, Cabral casou com uma das herdeiras de uma família bastante rica de Portugal, Isabel de Castro. Mesmo não entendendo muito de navegação, Cabral era um chefe militar e o rei achou “prudente” escalá-lo para comandar a expedição que teria como missão “oficial” estabelecer uma feitoria comercial na cidade de Calecut, na Índia. Naquela época Cabral tinha 33 anos de idade. Em sua viagem Cabral fez história – “descobriu” o Brasil e estabeleceu a tal feitoria que, mais tarde, foi atacada por muçulmanos que acabaram matando muitos portugueses, entre eles, Pero Vaz de Caminha. Cabral retornou à Lisboa em 31 de julho de 1501 e, em virtude de um desentendimento entre ele e o rei, nunca mais foi enviado para missão alguma. Bibliografia BITTENCOURT, Circe. Dicionário de Datas do Brasil. 1. ed. São Paulo, Contexto 2007. BUENO, Eduardo. A Viagem do Descobrimento, 1. v. Rio de Janeiro, Objetiva, 1998. Coleção Terra Brasilis. ______. Náufragos, Traficantes e Degredados, 2. v. Rio de Janeiro, Objetiva 2006, Coleção Terra Brasilis. VENÂNCIO, Adriana et alli. História e Geografia do Brasil. 1. ed. São Paulo, Editora Escala Educacional, 2004, Coleção Conhecer e Saber

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