"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Incolores

Vá você dizer que é de direita, que é contra o sistema de cotas, que fulano é gordo e não obeso ou fortinho, que seu amigo é negrão e não afro-americano, que a família começou a dispersar-se quando a mulher emancipou-se e deixou os filhos aos cuidados da babá e que isso não é machismo, apenas a constatação científica do óbvio. Vá você cair na besteira de dizer que não há comprovação científica que o aquecimento global é uma conseqüência do intervencionismo humano na rotina natural e que a Terra jamais teve clima estável. Vá você dizer que o comunismo matou mais de cem milhões de pessoas quando um comunista, em seu relativismo justifica os crimes de seus partidários acusando os adversários de serem bandidos, como se os crimes de uns justificassem os crimes de outros. Caia na besteira de dizer que a natureza deve ser explorada, uma vez que dela depende a sobrevivência humana. Se você assume publicamente qualquer posição contrária ao senso comum determinado pelas mídias infestadas de socialistas, sexistas, “tolerantes” que não toleram as posições que não coadunem com as suas, logo será taxado de preconceituoso, homofóbico, racista, capitalista selvagem, reacionário ou qualquer outro adjetivo que, mesmo sendo verdadeiro, é tomado pelos seus contrários como insultos, da mesma forma que eles se sentem, mais que insultados, ultrajados e agredidos quando você argumenta contra suas convicções, mesmo quando essas não são de fato convicções, apenas repetição do que seus líderes lhes mandaram repetir, sem análise, pesquisa ou constatação de que são verdades. Costumo dizer que quanto mais conheço a esquerda, mais à direita me posiciono. Minha ojeriza aos ideais socialistas/comunistas, seja de que matiz for, só aumenta à medida que a argumentação marxista contradiz a prática e vice-versa. Mas respeito os que são socialistas de fato, os que têm embasamento. Já os socialistas ocasionais, aqueles que nunca leram mais do que Paulo Henrique Amorim, Luiz Nassiff e, pior de todos, Luís Favre, os que, sem argumentos, acusam seus opositores de serem repetidores dos artigos da Veja, numa alusão de que informação verdadeira somente a Carta Capital fornece. A esses eu já não chamo mais de vermelhinhos, eles são incolores. Os incolores não têm ideologia, não leram Marx, acreditam nas mentiras que Guevara é herói, os capitalistas são assassinos, os conservadores são retrógrados e todos nós, seus opositores, somos intolerantes com o que chamam de práticas progressistas, como agredir a igreja, defender o casamento gay, ofender o papa ou qualquer autoridade não socialista, difamar qualquer instituição estabelecida como a família, a escola e as forças armadas. Os incolores são aqueles que repetem como mantra que devemos defender a Amazônia, ajudar a combater a caça às baleias e financiar ONG que preservam o mico-leão dourado, mas não percebem que jogando papel de bala nas ruas estão destruindo seu próprio ambiente. Eles, em sua falta de raciocínio lógico e analítico, não param para pensar que plantar arroz não significa desalojar índios; que explorar madeiras não significa necessariamente acabar com as florestas; que gerar energia elétrica não é sinônimo de assorear rios e assassinar bagres. Como se vivessem de ar, apenas pregam o fim de todas as práticas acima, mas não conseguem perceber que se têm computadores e energia para colocarem-nos em ação, que se as gôndolas dos supermercados estão lotadas de arroz, farinha, bolachas e chocolates, que os freezers têm a picanha que adoram assar com os amigos ou as alfaces e tomates que os vegetarianos devoram como lagartas é porque parte dos campos, que defendem do discurso para fora, foi explorada para alimentá-los. Os incolores não são vermelhinhos ou de qualquer outra coloração, nem brancos conseguem ser. São seres translúcidos, sem raciocínio próprio que se deixam levar pela maré que lhes falar bonito, que lêem Paulo Coelho como se escrevesse livros sagrados, mas não lêem a Bíblia porque a mídia atéia não a recomenda. Que devoram auto-ajuda, mas não tem paciência ou interesse em lerem ciência. São a espécie acéfala que nos ataca. Pois, que vivam as cores e repudie-se o “incolorismo”!

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