"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A MARCHA DOS VAGABUNDOS

De uns tempos para cá, virou moda a realização de marchas e manifestações de protesto no Brasil. Há marchas para tudo, para todos os gostos. Tem uma marcha da maconha, uma marcha das vadias, uma parada gay (a maior do mundo, e um desfile de bizarrices)... Só não há marchas contra ou a favor do que realmente importa. Convenhamos, há mais e melhores razões para sair de casa e carregar cartazes nas ruas. Há motivos de sobra para se indignar e organizar marchas de protesto no Brasil. Só não há quem as realize. Onde está uma marcha contra a corrupção no governo dos petralhas, que somente este ano já custou o cargo de dois ministros (um deles, pela SEGUNDA vez)? Ou uma marcha contra a empulhação das obras do PAC, que, apesar de toda a fanfarra, não saem do papel? Ou contra a lerdeza nas obras da Copa do Mundo, que, pelo visto, será um festival de ladroeira como foi o Pan do Rio em 2007? Ou pela divulgação dos documentos sigilosos do governo? Ou contra o abrigo a terroristas estrangeiros, que mancha a imagem do País no exterior? Ou por mais segurança, mais saúde, mais educação, mais esgotos etc.? Motivo é o que não falta. Enfim, cadê a “sociedade civil”, os sindicatos, a CUT, a UNE, numa hora dessas? (Só para constar: é claro que eu sei onde estão, e por que não protestam; por que iriam protestar contra aquilo de que fazem parte e de que se beneficiam?) Até parece que, em vez de se indignarem e saírem às ruas cobrando seus direitos e exigindo punição aos corruptos, os brasileiros têm outras prioridades. Em vez de luta contra a roubalheira e a sem-vergonhice, a marcha das vadias... Se eu não fosse tão caridoso, eu poderia até pensar que os brasileiros já estão todos anestesiados e dominados por um discurso vigarista que inverteu o senso de prioridades, ou que foram comprados por um prato de lentilhas. Acharia até que quem marcha por aí nos dias de hoje não passa de um bando de pelegos e vagabundos sustentados pelo dinheiro estatal. (Mas não, é claro que não pode ser nada disso, imagina; pensar assim é coisa da elite...) Por que, em vez de uma marcha da maconha, não organizam uma marcha contra a vadiagem e a cafajestagem na política? Por que não uma marcha em defesa da ética e da inteligência? No Egito, na Síria, na Espanha, na Grécia, a população indignada sai às ruas exigindo mudanças e reformas. Nesses países, a revolta popular já derrubou governos. Só no Brasil causas como a liberação da maconha e a parada gay são mais importantes. Uma verdadeira marcha à ré.

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