"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

sábado, 9 de julho de 2011

Guerra Fria e fria guerra

Em 1989, com a queda do muro de Berlim, a imprensa caiu no conto de que a Guerra Fria acabava-se, o mundo seria pacífico. Para a tristeza dos comunistas desavisados, a derrota fora decretada, o satânico e degradante capitalismo vencera. O conto do vigário fora lançado e os patos compraram as pules vencidas. De fato acabava a primeira fase da Guerra Fria, a fase ostensiva, das manchetes. De fato, o comunismo levava uma sova. Nenhum dos países que partira por aquele caminho dava bons resultados econômicos, sociais ou humanistas. Tornaram-se ditaduras sanguinárias, comandadas por oligarquias hereditárias, deixavam de investir em saúde, infraestrutua, moradia e educação para investir em propaganda e armamentos. Os jornais deram-se conta disso? Não. Jornais já não faziam jornalismo, iniciara-se a era da preguiça intelectual. Jornais já estavam entregues aos relações públicas de governos e empresas, cabendo-lhes apenas o trabalho de reproduzirem os releases a si enviados. Jornalista de opinião virava analista, especialista, articulista, os figurões dos veículos. No Brasil foram criados monstros intocáveis como Gilberto Dimenstein, Luís Nassiff, Franklin Martins, Mino Carta, Carlos Castelo Branco, Heitor Cony, Ricardo Noblat, Reinaldo Azevedo e tantos outros, a maioria mais opinante do que conhecedora e, quase todos, fosse de esquerda, direita ou de quem pagasse mais, com viseiras unidirecionais. Usando essa mão de obra barata e facilmente manipulável, complementando-se o exército com os já citados professores, sociólogos, assistentes sociais, políticos e, ah!, o magnífico ego!, artistas, iniciava-se a fase dois, a fria guerra. Esta, essencialmente ideológica, avança sorrateira por entre as pernas e invade, lenta e paulatinamente, os cérebros. A lavagem cerebral violenta de que ouvíamos falar, aqueles com hoje mais de quarenta, retratada em filmes de espionagem ou livros de tramas políticas, assumiam sua faceta dissimulada, sem violência física. Os comunistas passaram trinta, quarenta anos deglutindo as teorias de Gramsci, testando aqui e acolá para ver se eram deveras aplicáveis ou apenas devaneios de um louco. No Brasil, país que se orgulha de ser pacífico, embora morram mais de 40 mil por ano em atos de violência, encontraram um laboratório ideal. Com a educação idiotizante massificada, crianças que desejavam mais tornarem-se Ronaldinho e Xuxa do que Santos Dumont ou Bertha Lutz; Sabrina Sato e Neymar do que Zilda Arns; a idealização da fama em detrimento do conhecimento, as novelas mais importantes que os clássicos da literatura, a aceitação de idéias mastigadas contra a dificuldade de estudar a analisar, criaram no Brasil ambiente propício para a divulgação dos “ideais progressistas”, com meia dúzia de idiotas úteis com fácil penetração nas massas e a simpatia dos intelectualóides que endeusam tudo o que vem das camadas sociais inferiores como “lindo”, “peculiar”, “de raiz”, “autêntico”, “sábio”” e sabe-se lá quantos outros adjetivos vazios de conteúdo, a fria guerra das idéias foi tornando os neo-comunistas, aqueles que primeiro enchem seus bolsos com o discurso de paladinos dos pobres e oprimidos para depois, se restar tempo e vontade, trabalhar deveras para o bem comum, em herois nacionais. País atrasado em tudo, mas com o arroto de ponta de lança, ficamos para trás. As idéias esquerdizantes, depois de comprovada a revolução silenciosa, a fria guerra, no Terceiro Mundo, ainda não percebemos que a destruição econômica da Europa, a bancarrota americana são apenas a vingança bolchevique. Nossa economia, para o deleite dos gorilas vermelhos que batem no peito como sumidades na área, ainda respira, mas não por sermos bons, apenas porque ainda não chegou nossa vez, além do fato de estarmos fazendo direitinho, do jeito que os cardeais da nova ordem mundial desejam. Bancamos a fria e silenciosa guerra com recordes de impostos, juros achaquantes e com a agressão constante àqueles que venceram a Guerra Fria. Somos a bola da vez. Fragilizado o capitalismo dos grandes capitalistas, nós, os auto-aclamados futuros donos do mundo, seremos o alvo dos neo-revolucionários.

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