"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

sábado, 19 de novembro de 2011

Visitas da Cidade

Gostaria de ter vivido num mundo sem mentiras. Gostaria de ter vivido num mundo onde as harmonias criadas pelo homem refletissem os sons e o ritmo da natureza, acariciando os corações e embalando a mente, projetando imagens somadas aos sentimentos mais elevados. Gostaria de ter vivido dividindo os sabores dos quitutes e cheiros da cozinha com fogão de lenha e das frutas maduras no pomar, coisas desconhecidas da maioria das crianças, que perdem a inocência e a ingenuidade já na primeira infância. Gostaria que todas as crianças conhecessem e se deliciassem com o miúdo butiá amarelinho, as jacas e melancias gordas, as maçãs colhidas na relva orvalhada sob árvores frondosas. Que pudessem subir pelos galhos de goiabeiras e mangueiras para colher e comer os frutos colhidos, sujando as mãos com o sumo e limpando na própria roupa. Outro dia mesmo, li que uma criança quase adolescente visitando uma pequena área rural apreciava tudo com muitas perguntas, no pomar, na horta e no projetado galinheiro, onde declarou: “Nunca vi um pintinho!” O pai logo secundou: “Vai ver... vai ver minha filha. Tem tempo!” Passaram-se quarenta dias. Pronto Ju, os pintinhos já estão no galinheiro e a galinha mãe ciscando, ensinando-os a caçar minhocas e bicar os brotos da grama mais tenra. Galinha e pintinhos vivem em harmonia com as Leis Cósmicas, parte integrante deste universo. Desconhecem a existência de shoppping centers, internet, celulares, bombas, monoteísmo dividido em correntes antagônicas que levam seus crentes às guerras, inquisição, morte e seitas secretas que envolvem linhagens monárquicas, o Vaticano, os Iluminatti, os Bilderberger, desconhecem as conspirações que há milênios afastam os homens da presença e do contato com o próprio espírito. Esta se pode denominar a Era do Trevismo ou do Medo Institucionalizado, resultante de políticas terroristas que atingem cada pessoa. Confusão, medo, impotência são estados emocionais corriqueiros que agora têm uma designação comum: stress! O cérebro da maioria das pessoas trabalha ativando energias que conduzem à omissão dos deveres e respeito de uns para com os outros. Energias que ativam reações violentas contra tudo quanto atinge a vontade hedonista implantada por poderosos obscurantistas. As escolas, que eram designadas templos do saber, estão cercadas de grades, como presídios, onde é cada vez mais freqüente a presença dos pequenos “estressados”, aprendizes da marginalidade, iniciando-se no uso de drogas e ensaiando as agressões físicas e armadas contra outros estudantes e contra os mestres. Os pais, quando podem, são os provedores responsáveis para atender as vontades dos filhos, autorizados por uma lei que criminaliza o castigo doméstico e fomenta a irresponsabilidade. Estamos todos envolvidos numa armadilha que pretende desfigurar as Leis Cósmicas e afastar os homens, desde a infância, aterrorizando-os com mentiras que levam ao medo de viver. Em tempos remotos alguns tiveram acesso ao conhecimento da mecânica das Leis Cósmicas e resolveram guardar consigo, em segredo, o contato individual com a fonte da verdade que liberta o espírito. Aqueles homens poderosos e influentes decidiram, e seus herdeiros e sucessores lograram confundir as mentes dos simples, para obrigá-los a trabalhar como escravos, confusos e brutais, ignorantes da potencial força que os move, que ativa os pensamentos, palavras e ações. O conhecimento e adestramento sobre práticas e comportamentos que alimentam e libertam o espírito foi escondido, numa caixa hermeticamente fechada. Os homens poderosos e influentes passaram a agir como príncipes do saber e donos da verdade. Atuando como reis e magos investidos de mando sacerdotal, manobraram e inventaram uma história distorcida sobre as origens do homem e o poder que cada um tem como fragmento do cosmos. Até hoje, somente uns poucos que buscam a verdade conseguem libertar as forças cósmicas do espírito universal. Tentando fazer e viver à margem do crime e castigo decorrente, elegem o Amor e as Virtudes como alimentos da mente. Na prática são os simples e sábios que obedecem às Leis Cósmicas, atentos ao ritmo da vida. São tão certos e verdadeiros como a existência da galinha que põe o ovo e gera os pintinhos. São os sábios que desvendam os mistérios e promovem o saber que liberta o espírito. São poucos e solitários que olham para a gente simples com amor, como parte importante da mesma vida cósmica que se traduz na eternidade. Conhecendo e transitando neste espaço alcançaremos um dia o estado da mais singela perfeição, apenas vivendo o momento, livres de medos, deuses rancorosos e vingativos, livres de guerras, crimes, castigos, fomes e imagens cruéis. Isto será possível quando, na eternidade, cada um pense e aja respeitando o outro, vendo com os olhos do espírito, como partes de uma mesma verdade. Quando todos aprenderem desde a infância que “assim na terra como no céu” significa que cada tem disponível em seu espírito o fragmento da Criação, que nos abriga e cujas Leis são eternas.

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