"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

domingo, 20 de março de 2011

Mudar de opinião, não de valores

Mudar de opinião assusta muita gente. O medo de ser interpretado como fraco faz com que muitos permaneçam seguindo por caminhos que já se provaram ineficientes. Muitos de nós insistimos em interpretações que, no íntimo, sabemos que não nos convencem mais, apesar de todos os impactos acumulados na nossa experiência pessoal. Um recente comercial da televisão mostra, em 30 segundos de bom humor, que ninguém morre ou deixa o “eu” de lado quando muda de opinião. No filme, dois amigos caminham conversando e, conforme avançam, mudam de ideia. Coisas simples em uma fase da vida, como achar ridículo andar de patins, vão da rejeição à importância em uma fração de segundos. Conforme o filme corre, as opiniões tornam-se mais complexas. A decisão de “Casar? Nem pensar!”, discutida pelos dois amigos, cede a vez para a próxima fase, onde um deles sai de cena e abre espaço para a noiva do que fica. O filme encerra com um questionamento não de opinião, mas de valores: ao prometer compromisso para a mulher, ele corre o risco de se contradizer na etapa seguinte da vida. Se podemos considerar a nossa vida como uma viagem, sujeita a mudar de rumo a qualquer instante, o que carregamos na nossa mochila são os nossos valores. Eles podem até embasar nossas opiniões, porém sua consistência deve ser mais densa, feita em metal mais nobre. Se os nossos caminhos variam, conforme nosso amadurecimento e experiência de vida, os nossos valores, em especial os que nossos pais cultivaram em nós, nos conferem a segurança para seguir em frente. Ética, respeito à diversidade, relevância, responsabilidade, autenticidade são fatores que não devem ser flex, como num dia preferir salada e, no outro, macarrão. Quando falamos de valores, obviamente falamos dos positivos. Cultivar zeros à esquerda não promove diferença. Perdoar, por exemplo, é uma mudança de opinião que, em nenhum momento, denota perda de valor. Certa vez, um grande personagem público da recente história brasileira, já morto, foi questionado sobre a mudança de opinião frente a determinado assunto. A resposta mostrou o porquê dessa pessoa ter se tornado referência para muitos: “não temo mudar de opinião porque não temo evoluir". A vida vem em ondas, como sugere a música. Em cada uma delas, ser fiel aos seus valores, mas estar aberto a novas opiniões, é uma questão de inteligência.

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