O uso do tabaco, assim como aconteceu com outros hábitos adotados pelo homem, levou a várias manifestações nas artes plásticas. Em pintura, em escultura, em fotografia, no cinema, etc.
A criatividade e a beleza se uniram ao lado prático. Os que mascavam as folhas de tabaco puderam contar com lindas facas para picar o fumo, potes para guardar as folhas, caixas e bolsas de incrível beleza.
O uso do rapé possibilitou a criação, na China, de pequenas garrafas para guardar o tabaco seco e moído, enquanto que no Ocidente davam preferência às caixas de rapé, ou tabaqueiras. Porém nos dois lados do mundo artesãos e ourives se esmeraram na criação de lindos objetos, cuja beleza intrínseca ou história de uma época ou momento, hoje encantam os visitantes dos museus.
A beleza não era o único elemento a atrair o comprador desses objetos. Era necessário que fossem fáceis de carregar e de manusear. Como era hábito caro ao qual só os ricos tinham acesso, era natural que fossem feitas em materiais nobres e que a decoração fosse importante.
Mas o fator principal era que a tabaqueira fosse à prova de vazamentos e que mantivesse o rapé em boas condições.
A caixa que mostramos hoje é um dos mais perfeitos exemplos: une beleza à eficiência, pois fica hermeticamente fechada, o que podia conservar o fumo seco e perfumado. É criação de Neuber (1736/1808), um ourives que aprendeu seu ofício com o sogro, Heinrich Taddel, famoso ourives saxão.
Neuber se especializou em criar objetos onde misturava pequenos pedaços de pedras duras, ou semipreciosas, como mármore, jade, ágata, ônix, alabastro, e outras, cortados e lapidados com muita criatividade, e inseridos no ouro, o que formava lindos mosaicos que mais pareciam pinturas. O desenho podia variar, mas o comum eram formas geométricas que aproveitavam a beleza das inúmeras cores dessas pedras. A técnica, italiana, data de 1500 e atingiu seu auge em Florença
No início do século XIX surgiu a moda de exibir nas tampas das tabaqueiras miniaturas ou camafeus. A caixa em ouro e pedras duras feita por Neuber em c.1780, apresenta um detalhe curioso: por volta de 1810 recebeu um camafeu, obra do gravador romano Nicolò Morelli (1771/1838.
O camafeu, em marfim, representa a cabeça de Minerva. Ao que parece, o dono da caixa queria estar na moda, mas não queira se desfazer de um objeto cuja eficácia já comprovara.
Acervo Museu Britânico.
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