"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Vitória de Samotrácia

Quem já não sonhou em sentir-se totalmente livre? Em singrar os mares sentindo-se parte de um mundo que não conhece fronteiras? Liberdade, vento, mar... quando vi a escultura de Vitória de Samotrácia, que se encontra no Museu do Louvre, em Paris, compreendi o que deve ter sentido o curador do museu ao escolher aquela localização para exibir a escultura, ou seja, no alto de uma escada, de onde se tem a sensação de que essa vai alçar vôo, ou de que o vento está soprando e tocando suas vestes molhadas; acredita-se que esta escultura representava uma figura de proa, utilizada nos navios para afastar os perigos dos mares bravios e assegurar vitórias nas guerras. Apaixonei-me, naquele momento, pelo período helenístico, pois representa a liberdade cultural expressa de várias maneiras: artes, literatura, etc. retornarei no tempo para que acompanhem essa parte da história e sintam o que Byron sentiu ao dizer "Somos todos gregos"! A morte inesperada de Alexandre, o Grande, na Babilônia, no verão de 323 A.C., aconteceu antes que ele estabelecesse uma organização político-administrativa consistente para os territórios por ele conquistados. Perdiccas, homem de confiança e general do exército de Alexandre, procurou manter o império unido, porém, após sua morte em 321 A.C., o império foi dividido em três grandes reinos governados pelos macedônios: os Ptolomeus, cujo legado incluía o Egito, Palestina, Líbia e Chipre; os Seleucos, cujos territórios se estendiam do Mediterrâneo até as fronteiras da Índia, e os Antígonos, na Macedônia e norte da Grécia. Assim, do Mediterrâneo até as fronteiras da Índia, a cultura grega dominava e qualquer viajante que percorresse longas distâncias poderia observar que o Koiné se tornara o idioma comum a todos os povos, ou seja, a Grécia triunfou pela sua cultura, a qual difundiu e universalizou. Alexandre foi um herói para alguns, tirano e conquistador para outros mas, inegavelmente, o homem que possibilitou que o Helenismo, cultura que se desenvolveu fora da Grécia, mas sob influência do espírito grego, e que marcou a transição da civilização grega para a romana (31 A.C), se tornasse um dos períodos mais criativos da história grega e, também, um marco na história da Eurásia antiga. Alexandria, que fora fundada no Egito, por Alexandre, com 500.000 habitantes, tornou-se a metrópole da civilização helenística. Foi um importante centro das artes e das letras, e lá se estabeleceram as mais importantes instituições culturais desta civilização. Em relação ao pensamento filosófico, este evoluiu para o Epicurismo, corrente que pregava o prazer acima de tudo, e o Estoicismo, corrente que louvava a alma e os valores espirituais, e que dominou devido a expansão do Cristianismo. Na literatura, a figura exponencial foi Teocritus, cujas poesias idílicas exerceram grande influência; nas artes, recebemos legados tais como a Vênus de Milo, Vitória de Samotrácia, entre outras. Com o domínio de Roma, o Helenismo passou a representar a resistência à nova religião, pois este período fora caracterizado pelo sincretismo religioso; mas não podemos falar que o espírito grego morreu pois, nos séculos XV e XVI, despertou durante o Renascimento.

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