"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo
que mutilá-lo."Carl Jung

sábado, 22 de janeiro de 2011

Penso, logo escrevo

Nietzsche costumava dizer que possuía "sentenças de granito", que eram máximas, tipo provérbios que ele criava e nos quais acreditava como mandamentos. Todo mundo tem um que gosta muito, e não diferente disso, eu também tenho os meus. Mas nunca elegi "um", porque há vários muito bons e por razões diferentes, aplicáveis a situações diferentes na vida. Outro motivo é que não acredito em verdades absolutas, generalistas, eternas. Prefiro dizer que algumas são tentadoramente sábias e irresistíveis. Mas um dia desses, lendo um livro que encontrei num baú, cheguei a uma "conclusão", mas não quero eleger uma sentença de granito. Nada na vida deve ser escrito em pedra, né? Então... Veio na minha cabeça: que se continuamos vivos no dia de amanhã, todas as certezas que temos hoje podem ser conclusões precitadas. Isso me ocorreu quando li o trecho abaixo: "Ninguém determina de antemão e do princípio ao fim o caminho que seguirá na vida. O máximo que fazemos é optar por trechos, com maior ou menor ousadia, à medida que prosseguimos em frente. Ocorre que, a cada novo trecho do caminho, nós nos deparamos com novas realidades e com possibilidades desconhecidas que alteram não só nossas expectativas sobre o futuro, mas que podem colocar o percurso já transcorrido sob uma nova luz e perspectiva. O conhecer modifica o conhecido. É por isso que tudo o que vivemos, ou seja, todas a nossa experiência passada e a imagem que temos de nós mesmos são na melhor das hipóteses construções provisórias, sujeitas a revisões mais ou menos drásticas de acordo com o caráter do que vamos descobrindo e vivenciando ao longo da nossa trajetória pessoal. A literatura mostra e a vida comum confirma que experiências críticas em nossos percursos (...) podem nos levar a rever profundamente o sentido do nosso passado e as crenças que alimentamos sobre nós mesmos." Eduardo Gianetti in "Auto-Engano"
Esse escritor fez com que me sentisse mais à vontade, por todas as vezes que repensei e repenso minhas escolhas. Ele me fez sentir confortável em acreditar que a vida não é uma planície, e que nem precisa ser.

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